07/11/2025

Educação e o Abismo de Nietzsche

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

 

Nietzsche sempre fez críticas racionais ao status quo e isso claro, o fez ser malvisto entre os religiosos e alguns filósofos, já que ele traçava várias críticas a moral enraizada no cristianismo e na filosofia socrática que para ele não passava de uma moral de rebanho pregando a submissão.

Peguemos as críticas de Nietzsche como exemplo nos dias de hoje. Para esclarecer temos 5 pastores que em 2013 entraram no ranking da Forbes como os pastores mais ricos do mundo, patrimônio destes variando entre U$ 950 milhões a U$ 65 milhões sendo que seus fiéis, o nome já diz, são fieis por acreditarem que as ofertas em dinheiro oferecidas a estes pastores, corresponderão as benesses recebidas por Deus, ou seja, a fé virou uma moeda e a alienação é o preço, já que quanto mais alienado, maior a oferta, isso porque muitos doam o que realmente fará falta para os seu próprio sustento.

Por isso Nietzsche é muito criticado, chamado de anticristo, simplesmente por trabalhar a moral de rebanho, e observe que em sua época o comércio da fé não era tão gritante quanto hoje.

Interessante pontuar em uma de suas falas que é "quando você olha para o abismo, o abismo também olha para você" o que remete a uma imersão profunda em como algo obscuro e perturbador pode nos afetar e até mesmo nos transformar?

Observe que a ideia do abismo é um alerta para percebermos que quando você confronta o mal, corre-se o riso de se tornar parte dele.

Ela também alerta que, ao confrontar o mal ou a negatividade (o "monstro"), há o risco de se tornar parte dele, e a isso é chamado de efeito de contaminação, isso porque quando você se aproxima de situações extremas como violência e crueldade visto para Nietzsche como abismo, você passa a ser moldado por ele, internalizando dessa fora aspectos que antes repelia.

Temos vários casos que são totalmente banalizados pela sociedade e o último que teve sua repercussão foi de integrantes da Polícia Militar e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) furtando residência durante operação da polícia[1].

Observe que Paulo Freire trabalhou muito bem a ideia do abismo, claro de forma mais didática esclarecendo que “quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor”, e isso se trata de uma consequência na qual a educação não é trabalha a criticidade, a reflexão, o protagonismo e a realidade social do educando.

Observe que muitos oprimidos, veem a ascensão social e o poder por meio da opressão, mas a educação libertadora tem que quebrar este ciclo fazendo o aluno criticar o status quo.

Peguemos como exemplo o caso citado acima no qual policiais que tinham como obrigação legal, moral e ética, zelar pela segurança da comunidade serem os verdadeiros antagonistas da segurança pública.

Para Nietzsche, o abismo representa a falta de sentido ou a complexidade da própria existência o que faz confrontar a verdade da vida e explicitando o que você realmente é sob a máscara da hipocrisia.

Dito isso, que nós educadores possamos desenvolver em nossos alunos a verdadeira educação, aquela que fará com que ele se abstenha da alienação, da moral de rebanho e pense por si próprio, tenha sua autonomia intelectual e não se deixe levar por palavras vazias de seus líderes religiosos e/ou políticos que não vivenciem o que falam.

 

[1] https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/sudeste/rj/pm-do-bope-e-preso-apos-camera-corporal-filmar-furto-em-residencia-no-rj/

Assine

Assine gratuitamente nossa revista e receba por email as novidades semanais.

×
Assine

Está com alguma dúvida? Quer fazer alguma sugestão para nós? Então, fale conosco pelo formulário abaixo.

×