11/05/2021

Educação e não Comportamento de Manada

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

Tempos difíceis que temos vivenciado, com inversão de valores, desumanização do ser e disseminação do ódio com polarizações imbecis, como se um pensar diferente fosse o suficiente para definir o caráter de quem assim ousa pensar.

A coletividade e o bem comum deixam de existir quando está sob o prisma do altruísmo e empatia, em contrapartida, a única ação coletiva está relacionada ao comportamento de manada, este comportamento que não exige o mínimo de discernimento e vai na contramão da educação.

Comportamento de manada trata-se de um espelhamento atitudinal e comportamental, adotado por pessoas alienadas e sem autonomia para qualquer ação, dito isso, agem sem questionar o que está sendo discursado como manobra e ecoam as imbecilidades em ao menos discernirem suas ações.

Na psicologia, este o comportamento de manobra também pode ser chamado de efeito pastoreiro, que explicita a incapacidade de uma pessoa deste meio em tomar decisões individuais, ressaltando a falta de discernimento e a completa passividade em relação a opinião alheia, deixando-se assim influenciar.

Pode-se observar nas falas de Giles em seu livro intitulado Filosofia da Educação, publicado pela EPU em 1983 que a educação é um ato de firmar-se na prática da liberdade, conciliando o pensar e o viver, o falar e o agir, defendendo ideias ou até mesmo refutando-as, ressaltando desta forma, conforme esclarecido por mim no livro Educação um Ato Político, publicado pela Autografia em 2019 toda a criticidade e protagonismo cognoscente.

Rodrigues em seu livro Ética e Cidadania, publicado pela Moderna em 1994, reporta uma entrevista com Herbert de Souza, um dos sociólogos mais eminente que o Brasil teve, é enfático ao elucidar que sem liberdade, não há aceitação da diferença nem o interesse pelo social, e assim o comportamento de manobra age, excluindo os que pensam diferente, pelo simples fato de ser diferente.

Gallo em seu livro Ética e Cidadania - Caminho da Filosofia: elementos para o ensino da filosofia, publicado pela Papirus em 2003, esclarece nas falas de Sartre que a liberdade é o próprio fundamento do ser do homem, dito isso, ele complementa afirmando que o homem está condenado a ser livre, entretanto todo comportamento de manada rouba toda e qualquer liberdade, fazendo de quem encontra-se inserido nela, um ser docilizado, domesticado subalterno e verdadeiros idiotas úteis para o sistema.

O Comportamento de manobra exige um certo determinismo e como ressalta Vázques em seu livro intitulado Ética, publicado pela Civilização Brasileira em 2002, todo determinismo é incompatível com a liberdade. O autor complementa ao afirmar que a liberdade é incompatível com qualquer determinação externa ao sujeito (da natureza ou da sociedade), sendo assim, o comportamento de manada apenas ressalta o quão realmente são estultas as pessoas que agem neste contexto.

Desta forma, que a educação possa fornecer meios para que seus educandos desopacizem suas mentes de forma a clareá-las e norteá-las para um futuro no qual estes possam ser agentes protagônicos cognoscentes a transformarem o seu contexto, fazendo valer sempre o respeito pela liberdade do outro e pelas suas especificidades nas formas de pensar, agir e ser, pois no caminho da manada não há espaço para reflexão.

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