15/03/2024

Educação e integração regional no século 21

Debate sobre educação superior com equidade, igualdade e integração regional da América Latina e do Caribe abre segundo dia da CRES+5.
A construção de uma educação superior para o século 21, com mais igualdade e respeito à enorme diversidade etnocultural e aos diversos segmentos sociais dos países da América Latina e do Caribe, passa pela construção de uma “integração regional emancipatória”. O conceito foi apresentado, nesta quinta-feira, 14 de março, pela professora Nilma Lino Gomes, ex-ministra das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, durante a abertura do segundo dia da CRES+5 — encontro de prosseguimento da III Conferência Regional de Educação Superior (CRES 2018) —, que acontece em Brasília (DF) até sexta-feira, 15 de março. 

Segundo Nilma, a diversidade, a segmentação de classes e grupos da sociedade civil, as relações políticas e outros aspectos da atualidade tornam as relações sociais tensas e extremamente complexas na região. Assim, os padrões educacionais mantêm-se de forma arraigada, derivados de uma cultura colonial não mais compatível diante das necessidades do século 21. 

A professora pontuou, ainda, que tal situação contribui para desigualdades na educação superior, como entre professores e estudantes. Além disso, são preservados conceitos de educação superior que não permitem, por exemplo, a inclusão de outras formas de conhecimento, como os saberes tradicionais de lideranças indígenas e negras. Para Nilma Gomes, estes deveriam ser aceitos e considerados parte do conhecimento da sociedade, tais quais os conceitos científicos convencionais. 

Diversos países da região, conforme disse a professora, vêm adotando medidas para buscar essa revitalização da educação superior, com a implementação de políticas afirmativas e programas, como as cotas para negros e indígenas no Brasil. Ainda assim, os desafios permanecem. “O desafio de avançar na busca de uma integração regional da América Latina e Caribe e de um ensino mais equânime e igualitário sofre em todos os campos, como na política, economia, cultura ou educação”, declarou.  

Apesar da realidade momentânea, a ex-ministra afirmou que não é utopia pensar em construir uma educação superior diferenciada. “No Brasil, esse desafio faz parte da retomada democrática e da discussão do ensino superior”, disse. A construção de um modelo de educação adequado aos nossos tempos, segundo ela, requer um Estado Democrático de Direito pleno, especialmente diante das recentes divisões ideológicas na sociedade civil. 

“A sociedade está polarizada, como nós temos visto vários analistas falando. Uma polarização que eu vejo chegou a um certo ápice, porque ela tem uma representatividade política no Brasil que antes não tinha da forma que nós temos hoje. No fundo, se considerarmos que somos uma sociedade com passado colonial, escravocrata, de tentativa de genocídio indígena, o que hoje chamamos de polarização, são concepções que sempre existiram, mas que estão articuladas com fundamentalismo de mercado, fundamentalismo religioso, uma grande mídia hegemônica e por representatividade política, como eu disse: de segmentos desses setores que tensionam, então, com segmentos que lutam por uma democracia, por uma transformação social, por uma inclusão verdadeira, com diversidade, com equidade e com justiça social”, concluiu.   

CRES+5 –A reunião de acompanhamento da CRES 2018, chamada de CRES+5, é promovida pelo Ministério da Educação (MEC), por meio da Secretaria de Educação Superior (Sesu) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em parceria com o Instituto Internacional da UNESCO para a Educação Superior na América Latina e no Caribe (UNESCO-IESALC) e com o Espaço Latino-Americano e Caribenho de Educação Superior (Enlaces).    

A CRES+5 tem como público-alvo reitores, diretores, acadêmicos, trabalhadores, estudantes, redes de educação superior, associações, profissionais, centros de pesquisa, sindicatos, representantes de organizações governamentais e não governamentais e todos os interessados na educação superior no continente.    

Entre as atividades preparatórias para a reunião, foram organizadas diferentes instâncias de debate aberto e participativo, como parte do processo de construção metodológica do evento. Ao longo de 2023, ocorreram reuniões presenciais em Córdoba (Argentina), Puebla (México), Assunção (Paraguai) e Havana (Cuba). Além disso, foram realizadas consultas públicas virtuais preparatórias, a fim de debater e coletar informações sobre os 12 eixos temáticos da CRES+5, bem como contribuir para a realização da Conferência. Veja a programação completa.  


Assessoria de Comunicação Social do MEC - 14.03.2024

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