24/01/2022

Educação e Inépcia Política

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

Chegou o ano eleitoral e as promessas mais uma vez trilharão pela educação, saúde, segurança, moradia, emprego e sem contar com outros itens que demagogos explorarão acreditando na ignorância do seu povo.

Nesta época mais uma vez farão uso das fakenews, este recurso que prega a desinformação de um povo fragilizado, e em concomitância, usarão a máquina do Estado como vantagem, todavia, resta-nos acreditar no poder da educação, poder este que desenvolve o discernimento de nossos educandos para uma melhor compreensão da realidade.

Por isso é que políticos manipuladores pregam uma escola sem partido, aliás, quando empurram esta falácia na sociedade é porque os mesmos têm medo do pensamento crítico e fomentam assim a alienação.

Percebamos que a política não pode ser desvencilhada da educação. Assim sendo, Souza em seu livro Introdução a Sociologia da Educação, publicado pela Autêntica em 2007, esclarece nas falas de Marx que o homem educado é o homem livre, e o homem livre é aquele que prescinde da tutela ideológica, seja ela política, seja ela religiosa.

Para Aranha em seu livro Filosofia da Educação, publicado pela Moderna em 1996, o ato de educar exige no mínimo três aspectos de suma importância na formação profissional do educador que são: qualificação, formação pedagógica e formação ética e política, sendo que na formação ética e política, o ato de educar é uma atividade que tem como princípio valores focando sempre um mundo melhor, e para isso, faz-se necessário desenvolver em nosso educando a criticidade para que este fuja a alienação, para que este nunca perca a sua individualidade e consciência crítica.

É interessante salientar nas falas de Rios em seu livro Ética e Competência, publicado pela Cortez em 1993 que a escola tem uma missão política e esta missão será cumprida, não quando for elaborada em seu interior um discurso sobre política, e sim quando em sua prática educativa o educando encontrar-se preparado para a vida da polis, para a vida política e para a compreensão da totalidade social onde ele encontra-se inserido.

Nas falas da autora, toda vida social é uma vida política, dito isso, Neves em seu livro Educação e Política no Brasil de Hoje, publicado pela Cortez em 1999 é enfática ao complementar que a organização da educação em determinada sociedade é, antes de tudo, um problema de ordem política.

Por meio destas falas, podemos perceber que o educando deve ser cada vez mais esclarecido quanto ao quesito política, para que este, segundo as falas de Souza mencionado acima, possa perceber que o autoritarismo é a doença da autoridade e é representada por alguém que governa de acordo com os princípios estabelecidos por ele próprio ou apenas do grupo social que lhe dá sustentação política, ou seja, este governo autoritário esquece do coletivo.

Ao lermos o livro Ética e Cidadania, redigido por Carla Rodrigues com participação especial de Herbert de Souza e publicado pela Moderna em 1994, perceberemos que precisamos racionalizar a ética, e para isso, precisamos transformar nossos alunos em verdadeiros cidadãos, pois quando isso ocorre, existe embutido nestes seres a consciência de seus direitos e deveres, além da participação ativamente de todas questões da sociedade, e quando isso acontece, Herbert de Souza esclarece que o cidadão tem plena consciência de seu poder, já que ele perceberá que a alma da fome é política e fome representa a exclusão da terra, da renda, do emprego, do salário, da educação, da economia, da vida e da cidadania, e quando uma pessoa chega a não ter o que comer, é que tudo mais lhe foi subtraído. Trata-se de um cerceamento moderno, um exílio da terra e de sua dignidade.

Para Herbert a fome é o atestado de miséria absoluta, sinalizando o desastre social de um país, e em relação a fome, o nosso país hoje com a sua inépcia política tem 20 milhões de brasileiros passando fome.

Ano eleitoral chegou e cabe a educação trabalhar a consciência de nossos educandos para que percebam a política como meio dos mais instruídos auxiliar os menos favorecidos e não como uma maneira de se enriquecer por meio de demagogias oriundas de pessoas néscias, inescrupulosas, manipuladoras e idiotizadoras.

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