30/09/2022

Educação e Eleição

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

No livro de minha autoria, intitulado Educação uma questão política, publicado pela Ícone em 2022, é ressaltado que toda educação tem inserida nela a politização e politizar não é ideologizar.
O analfabetismo político acarreta na miséria, na corrupção, na troca de favores em detrimento as vontades coletivas e da verdadeira função do Estado que deveria ser resguardado pela Constituição.
Dito isso, cabe a nós educadores pontuarmos as consequências das más escolhas políticas, que com canetadas, efetivam cortes de verbas de uma pasta (saúde e/ou educação que são as mais afetadas) para cobrir despesas com orçamentos secretos dentre outras artimanhas que corroboram em corrupção.
O intuito deste texto é elucidar que quando se faz cortes na educação como ressaltado acima, acarreta como resultado, na deterioração de todo sistema educativo, além de afetar diretamente a aquisição e distribuição de merendas escolares.
É sabido no adágio que "barriga vazia não tem ouvido", ou seja, aluno com fome não consegue prestar atenção nas aulas e a idade escolar acarreta em cuidados quanto a alimentação dos alunos, já que estes encontrarão nestas merendas, uma alimentação balanceada e acompanhada por nutricionistas.
Arqque, Ferreira e Figueiredo no artigo intitulado A importância nutricional da merenda escolar para a comunidade, publicado pela Research, Society and Development, v. 10, n. 14 em 2021, são enfáticos ao esclarecerem que "a merenda escolar oferecida nas escolas públicas é importante ao desenvolvimento psicofísico do aluno, auxiliando-o em todos os aspectos: físico motor, intelectual, afetivo emocional, econômico e social. Esses aspectos de bem-estar contribuem para que o sujeito tenha condições satisfatórias para aprender".
Obviamente que os cortes implicam outras conseqüências como sucateamento das escolas e falta de material necessário para a manutenção das instituições bem como materiais didático-pedagógicos, comprometendo desta forma, toda qualidade educacional oferecida pelas instituições públicas.
É sabido que este problema implica também na eletização do educação superior, já que escolas sucateadas e educação de baixa qualidade serão empecilhos para os alunos adquirirem boas notas no Enem, excluindo-se de vez a população de baixa renda e em concomitância, o aumento das desigualdades sociais.
Desta forma, pode-se perceber o quão é perigoso para os políticos os alunos saberem pensar, o que é corroborado por Demo em seu livro Saber Pensar, publicado pela e Instituto Paulo Freire em 2000, ao afirmar que saber pensar é intervir, é fugir da cidadania tutelada que gera massa de manobra com pessoas alienadas e submissas em um contingente de domesticados subalternos. 
Para o autor, o saber pensar é sabe o que quer, por que quer e como quer, e cabe a nós educadores fomentarmos isso em nossos educandos, pois seus votos têm peso e consequências, e por isso Demo é assertivo em sua fala quando aduz que "o sistema não teme o pobre que tem fome. Teme o pobre que sabe pensa".
Em reportagem realizada por Jáder Rezende em 13 de setembro de 2022, "A merenda escolar oferecida nas escolas públicas do país nunca foi tão pobre e racionada. O governo disponibiliza, hoje, menos de R$ 1 por aluno para a alimentação dos estudantes do ensino básico, ignorando o reajuste da inflação. Para os alunos da pré-escola, a merenda, agora, custa 53 centavos e, para os que estão no ensino médio e fundamental, 36 centavos, de acordo com o Ministério da Educação (MEC)".
Dito isso, pode-se observar que cabe a nós educadores politizar nossos educandos para que estes tenham consciência política e consciência de classe para que prevaleça sempre o coletivo.

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