Educação e Cultura
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
É sabido por todos que a educação tem o seu poder transformador, e nas falas de Ely Chinoy em seu livro Sociedade: Uma introdução à sociologia, publicado pela Cultrix em 2006, a escola tem o dever de influir “nos valores correntes dos seus estudantes”, e uma forma de influir nestes valores é por meio da cultura, como é ressaltado por Terezinha Azerêdo Rios em seu livro Ética e Competência, publicado pela Cortez em 1993, que a “educação é transmissão de cultura”, ou seja, cultura se aprende.
Dando continuidade as elucidações acima, Maria Lúcia de Arruda Aranha em seu livro Filosofia da Educação, publicado pela Moderna em 1996, a cultura é vista como “o resultado de tudo o que o homem produz para construir sua existência”, assim sendo, no seu sentido estrito, a cultura é “a produção intelectual de um povo, expressa nas produções filosóficas, científicas, artísticas, literárias, religiosas”, bem como suas manifestações religiosas.
Nelson Dacio Tomazi, em seu livro Sociologia da Educação, publicado pela Atual em 1997, esclarece que cultura é o “modo de pensar, sentir e agir das pessoas, dos grupos, das classes e dos povos, em uma época e em algum lugar, constituído historicamente, que faz com que se identifiquem e se diferenciem no seu modo de viver”, por isso, fica fácil o entendimento das falas de Carla Rodrigues em seu livro Ética e Cidadania, publicada pela Moderno em 1994 com a contribuição de Herbert de Souza, que a mudança de um país tem o seu cerne na cultura, e não na economia, e tampouco na política bem como ciência e tecnologia. Para eles, “o que define o futuro são suas propostas de humanidade”.
Obviamente não faz muito sentido falarmos de cultura sem perpassarmos pela antropologia, assim sendo, Adamson Hoebel e Everett Frost, na obra Antropologia Cultural e Social, traduzido por Euclides Carneiro da Silva e publicado pela Cultrix em 2001, a cultura se baseia em comportamento aprendido e não em resultado de heranças biológica.
Para os autores acima, ela é “o resultado da invenção social e é transmitida e aprendida somente através da comunicação e da aprendizagem”, assim sendo, cabe a escola transformar a cultura e em concomitância a sociedade.
Ciente agora do conceito de cultura e da obrigação social que as instituições escolares têm em trabalhar esta cultura, porque que a maioria das instituições educacionais públicas em seus momentos culturais como festa junina, carnaval dentre outros eventos, se abstém de difundir uma cultura que prima pelo humanismo e insiste em usar músicas que instiguem traição, brigas, estupros coletivos, dentre outras ações que denigrem a sociedade?
Tem que ser de conhecimento de todos que a música tem a sua função social e mesmo assim, escolas querem erroneamente abrir espaço para seus alunos ouvirem o que gostam, ou seja, o momento em que elas poderiam ensinar com uma boa música (letra e melodia) é deixado a revelia para que o aluno ouça músicas com conteúdos pejorativos vulgarizando sexo, banalizando a violência e instigando a ostentação.
Não cabe aqui citar os estilos de músicas, como disse, independente de seus estilos, os artistas com suas músicas também têm a sua função social, e infelizmente poucos têm erudição para entender o teor e uma boa música.
Que os educadores possam rever suas ações e trabalhar melhor a música, e já que está difícil encontrar boas letras nos dias atuais, eles possam buscar em bons músicos suas letras, suas mensagens e o contexto em que elas foram compostas.
Que possamos como profissionais da educação trabalhar o discernimento em nossos alunos para que eles tenham a consciência e o senso crítico quanto a certos tipos de músicas e suas letras.