Educação e Crime Social
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
O conhecimento dói quando o seu detentor tem consciência, porém lhe falta senso de humanidade.
Dói quando você percebe que este conhecimento poderia ser utilizado para empoderar o povo, todavia, você constata que ele é utilizado para “ignorantizar” cada vez mais a massa, inferiorizando-a e tolhendo-a de sua cidadania e em concomitância, de sua dignidade.
Dói quando você percebe que pessoas que têm a capacidade de auxiliar seus pares e pensar no coletivo, são justamente as que buscam manipular cada vez mais a classe para não abrir mão dos benefícios, outrora conseguidos por trocas de favores políticos e/ou sexuais, e não por meritocracia.
A situação se torna ainda mais deplorável quando pseudo-educadores ao assumirem cargos de grande relevância para tomadas de decisões e assim alavancar o desenvolvimento social, optam pela neutralidade, conivência e consequentemente pela covardia com o seu coletivo, fazendo prevalecer sua ambição, narcisismo e vaidade, que servem de norte para suas mais vis ações.
Esta falsa elite, não percebe que o povo é a base da sociedade e é justamente este povo que a sustenta com seu trabalho quase escravo, recebendo o mínimo que poderia ser pago por quem não faria o mesmo serviço por preço algum.
Como dito acima, o verdadeiro conhecimento dói ao perceber esta triste dicotomia, em que de um lado o país bate recorde no agronegócio movimentando mais de US$ 102 bilhões e de outro a fome, que no Brasil avança e atinge, em dois anos, 19,1 milhões de brasileiros[1].
Estamos diante de um crime social. Crime contra humanidade, que aumenta cada vez mais a miséria dos trabalhadores, o aviltamento das condições de trabalho, a alienação da classe trabalhadora e a manipulação do Estado para com os cidadãos, sucateando a educação, desvalorizando seus profissionais e usando a máquina do Estado para emudecer o povo.
O conhecimento dói, mas para os verdadeiros educadores é como a dor do parto, que somente as mães sabem e se regozijam, pois nesta dor nasce o seu fruto e a continuidade da sua vida.
Assim deve ser a dor do conhecimento, que te leva a consciência de classe, que te faz demolir a casa grande e a senzala te fazendo perceber nossa igualdade e não inferioridade perante os outros.
A educação tem que instigar este conhecimento e nos fazer suportar a dor, porque um dia, esta dor tão doída, não doerá mais, já que a base de nossa pirâmide social, terá conhecimento suficiente para não se deixar mais ser manipulado.
[1] Para mais informações vide https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/fome-avanca-e-atinge-mais-9-milhoes-de-brasileiros-nos-ultimos-dois-anos/#:~:text=A%20fome%20no%20Brasil%20avan%C3%A7a,ou%209%25%20da%20popula%C3%A7%C3%A3o%20brasileira.