Educação e as Datas Comemorativas

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

É sabido por todos que tenham discernimento que a educação é sem sombra de dúvida uma ação intencional que desenvolve tanto o cognitivo do aluno quanto a sua criticidade e em concomitância, o tira da alienação em que o sistema o impele.

Bom seria que esta criticidade fosse uma constância na vida de nossos discentes, entretanto, algumas insurgências ocorrem mediante a datas comemorativas, invalidando assim todos esforços hercúleos realizados pelos docentes.

Vejamos como exemplo a dia 08 de março, considerado o dia Internacional da Mulher, dia este que mostra as lutas e conquistas das mulheres pelo respeito, igualdade, justiça, reconhecimento dentre outras demandas que custaram a vida de muitas que resolveram enfrentar um sistema machista.

O dia 08 de março passou a ser um dia em que as gentilezas tomam forma, assim acontece no dia das mães, dia dos pais, dia da família, Natal, etc...  mas se analisarmos, todos os dias são dias para sermos gentis, atenciosos, educados, enfim, nossas ações não podem estar ligadas apenas a um dia que tornou-se o marco para algum evento.

A educação deve ser uma ação contínua já que somos seres inacabados e como dizia Morin em seu livro Introdução ao Pensamento Complexo, publicado pelo Instituto Piaget em 1990, o próprio conhecimento tem a sua incompletude, o que é complementado por Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo: Paz e Terra em 1996, ao enfatizar a existência também do inacabamento do ser ou sua inconclusão e isso é próprio da experiência vital.

Para Freire, onde há vida, há inacabamento e somente entre os seres humanos é que o inacabamento se tornou consciente, e fundamentado nas falas acima, nós professores precisamos fazer o processo educacional ser algo contínuo quanto ao tratamento entre as pessoas, principalmente do sexo feminino, gênero este que é massacrado pelo feminicídio, indiferença, sexismo, racismo, etarismo dentre outras mazelas que tem na mulher o total reflexo da ignorância e falta de humanismo na sociedade.

Assim sendo, que nós professores não esperemos datas comemorativas para trabalharmos ética, moral, caráter, direitos, deveres dentre outros conteúdos que se tornam mister para a construção de uma sociedade justa e equitativa, uma sociedade em que a diferença deve apenas implicar na liberdade e no respeito.