Educação e a Teoria Deontológica
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
Educar é uma ação subversiva que se alicerça no conhecimento e em concomitância na transformação do ser, todavia, ela não impera milagres em pessoas abjetas e com forte desvio de caráter.
Apesar dela trabalhar com as habilidades, aptidões e desenvolver todo potencial do cidadão, não está nela a transformação pessoal, embora ela dê todos subsídios para a busca do autoconhecimento e da autotransformação, porém, o ser humano tem o que lhe é sagrado, o livre arbítrio, e sabe que todas suas escolhas reverberarão em sua vida, seja na forma positiva ou negativa, o que comprova sermos herdeiros de nossas decisões.
Dito isso, não se educa para dignidade, porque ela é uma qualidade que confere ao indivíduo o direito ao respeito, honra, e valor intrínseco visto como um atributo moral e como ressaltado no livro Educação e a Não Neutralidade, publicado pela Ícone 2024, moral e caráter não são ensinados pela escola.
Interessante pontuar que nas pessoas sem escolaridade, nas periferias, comunidades, “favelas”, enfim, naquelas pessoas que foram privadas de todos direitos e ignoradas pelo sistema, elas se mantiveram dignas a seus valores. Não se deixaram corromper.
Tivemos um representante político que certa vez disse: “perco minha liberdade, mas não perco minha dignidade”, e isso para ele foi o norte para vencer os intempereis impostos por pessoas indignas de estarem onde estavam.
E assim tem sido a nossa sociedade, formada por políticos subtraídos de qualquer esboço que remeta a ética e a moral, tendo a moral se referindo a determinados campos da conduta humana ancorada claro, pela ética, como ressaltado no livro Educação uma Questão de Politizar, publicado pela Ícone em 2022
As escolas podem ensinar a teoria da obrigação moral como ressaltado por Vázques (2002)[1], que recebe o nome de teoria deontológica (do grego déon, dever). A deontologia acontece “quando não se faz depender a obrigatoriedade de uma ação exclusivamente das consequências da própria ação ou da norma com a qual se conforma”, isso é, nossas ações deveriam ser deontológicas, sem o medo da aplicação de uma lei, porque uma ação mais correta e ética não teme a lei.
Marjorie de Almeida Rocha, autora e colaboradora de Opinião, ressalta que a teoria deontológica seria a ideal a “ser atingida na medida em que nos tornássemos conscientes ética e moralmente, sem depender de previsões normativas. Simplesmente deveria ser natural aderirmos ao que é mais verdadeiro, bom, justo e equânime”.
Assim sendo, a dignidade não se vende por um visto estadunidense e quando isso acontece, é sinal de que a pessoa que assim fez, nunca teve em sua índole tal qualidade, e só se demonstrou um sujeito abjeto trabalhando como um vassalo para um sistema manipulador.
Dito isso, cabe a nós educadores trabalharmos a deontologia em nossos alunos e auxiliar em seu discernimento para que este não abra mão e/ou consiga resguardar a sua própria dignidade.
[1] VÁZQUES, Adolfo Sanchez. Ética 22 ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2002