Educação e a Romantização da História
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
As histórias que nos sãos contadas, nunca representam os fatos de forma imparcial, pois elas são mostradas de uma maneira em que ações mal vistas têm sempre uma justificativa, apelando sempre para o controle, conforme ressaltado por mim na obra Educação e a não neutralidade, publicada pela Ícone em 2024, na qual afirmo que este controle é um jeito da elite se manter no poder e até mesmo ser vista como a salvadora da situação outrora em caos.
O problema é que mesmo ciente da situação, pseudoeducadores que se mantem no topo da pirâmide social, continuam a reforçar falácias e inverdades para a perpetuação do status quo.
Obviamente, quando no meio de milhares de docentes, encontram-se algumas unidades ou dezenas de verdadeiros profissionais com o compromisso em educar de forma crítica, eles geralmente são colocados no ostracismo, já que até mesmo estes profissionais são levados a acreditarem na história contada pelo nosso sistema educacional manipulado claro, pelo sistema política elitizado.
Aprendemos que os bandeirantes eram desbravadores, conquistadores aumentando assim o domínio das terras brasileiras, mas na verdade, eles eram “bandidos cruéis e sanguinários, que saqueavam aldeias indígenas, matando crianças, violentando mulheres e escravizando os índios”[1].
Imaginemos a seguinte situação, você está no aconchego de sua casa com seus familiares e de repente, chegam pessoas dizendo que a casa agora é deles, e estupram as mulheres, matam os homens que representam algum tipo de ameaça e quanto aos outros, escravizam, e durante gerações, criam uma história dizendo que eles representam o progresso, já que os moradores deste lar e outros invadidos eram habitados por pessoas selvagens, pagãs a ponto de serem comparados com animais.
Vale deixar claro que não se trata de sistema ideológico e tampouco político como comunismo ou socialismo, apenas uma maneira de retratar a realidade turva que está encoberta pelo véu romantizado do sistema eurocentrado sob olhar dos verdadeiros saqueadores, ladrões, estupradores e porque não, genocidas.
Como elucidado nas pesquisas realizadas pela University College London (UCL), esta descoberta e exploração denominada colonização, exterminou 90% da população indígena em apenas um século, levando a um genocídio de 56 milhões de indígenas.
Só para retratar a triste realidade, nos anos de 2019 a 2022 tivemos um presidente que afirmou que “cada vez mais, o índio é um ser humano igual a nós”, ou seja, passaram-se mais de 500 anos e pensamentos pejorativos em relação aos nativos do Brasil ainda não tem o seu espaço em um país usurpado deles, e com pensamentos assim, pessoas roubam suas terras, matam sua gente e fica tudo como está, o que é confirmado que só em 2022, foram assassinados 2.048 indígenas no Brasil, tendo como causadores os garimpeiros, agropecuaristas como também pela especulação imobiliária.
Observe que há séculos o Brasil vem sendo saqueado, e agora não é pelos portugueses, holandeses, franceses mas pelo seu próprio povo que tem como representantes políticos as pessoas mais vis.
Por conivência, entregam as nossas matas, nossas cerras, nossas nascentes para empresas usufruírem de suas riquezas destruindo em concomitância, a natureza e causando acidentes naturais e obviamente no meio às tragédias que são apenas consequências de seus atos desprezíveis, afirmam que não é hora de caçar culpados, sendo eles os próprios culpados.
Desta forma, cabe analisarmos sempre a história também pelo lado de quem foi a vítima e não o algoz, temos que ter realmente uma visão Freireana que foca a consciência crítica, os fatos da vida e sob a visão dos oprimidos e não dos opressores.
[1] https://www.auditorioibirapuera.com.br/como-os-bandeirantes-tratavam-os-indigenas/