Educação e a Razão Crítica
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
Cabe ao processo educativo desenvolver toda a criticidade de seu educando, subtraindo-o das amarras da alienação, manipulação e do próprio detrimento de seu caráter que se perde no vácuo de seu ser, amortizado pela ausência de discernimento.
A esta educação está o poder de transformação de um ser subjugado para um cidadão em plena consciência, consciência esta embasada nos pilares da razão crítica como forma que tanto questiona quanto problematiza as estruturas de poder, desigualdades e injustiças tanto presentes quanto efetivadas pelos detentores deste poder.
É esta razão crítica que fomenta no educando a reflexão sobre o seu status quo e em concomitância, a realidade de seu entorno, permitindo tanto uma visão micro da realidade como também macro, ou seja, o que suas ações implicam para si e quais reflexos para a sociedade, permitindo desta forma a reorganização social fundamentada em uma nova racionalidade.
A razão não pode ser vista apenas como uma forma de controle e dominação, ela tem que questionar e até mesmo refutar os próprios fundamentos desta razão, principalmente em relação à sociedade e de suas estruturas de poder.
Dito isso, para que seja trabalhado a razão crítica na educação, faz-se mister desenvolver em todo corpo discente, respeitando suas especificidades características como questionamento, análise crítica, reflexão e transformação social.
Tais características são essenciais para que o discente tenha completa autonomia sobre seu pensar, a ponto de não mais permitir qualquer forma de manipulação, dito isso, será por meio do questionamento que o aluno aprenderá a não aceitar verdades impostas sem questionamentos, já que cabe a ele a observação do contexto social, político e cultural em que esta verdade foi produzida, isso porque como já dizia Nietzsche em seu livro Humano, Demasiado Humano: Un libro para espíritus libres, publicado por Marcelina-Madrid: A. L. Mateos, S. A. em 1993 que “não há fatos eternos, como não há verdades absolutas”.
Observe que a primeira característica já busca tirar o cidadão deste limo em que as pessoas que se encontram no poder teimam em jogá-lo, e desta forma, dando continuidade as características citadas acima, temos na análise crítica a forma de identificar as relação de poder e as desigualdades presentes na sociedade, desigualdades essas impostas pelos manipuladores que para eles deveriam ser aceitas docilmente.
Esta análise tem que levar o cidadão a questionar as estruturas que sustentam este poder bem como ter o discernimento de perceber a sua manipulação e em contrapartida, rever as estruturas que sustenta este poder e nele atuar para que suas ações sejam direcionadas para o povo e não para a sua perpetuação.
Observe que as características vão se tornando gradativas por isso a importância de trabalhar uma a uma e dessa forma, como sequência temos a reflexão que faz o educando ver as consequências quanto ao uso de sua razão crítica, seja no seu uso individual e/ou no coletivo, buscando uma compreensão mais profunda das relações sociais o que permitirá que o educando tenha desenvolvido a sua quarta característica que é a transformação social que lhe permitirá superar as desigualdades e injustiças através de sua nova racionalidade.
O educando que faz uso de sua razão crítica estará imune a manipulação e não medirá esforços para que a sociedade seja mais justa e igualitária.
Sendo assim, observe o poder que uma educação de qualidade tem sobre a sociedade e talvez seja por isso o sucateamento de algumas instituições educacionais públicas, a forte ideia de alguns governos favoráveis ao status quo de manipulação e perpetuação deste poder que exclui o seu povo em impor e implantar a ideia de escolas cívico-militares[1] que serão as verdadeiras doutrinadoras para a sua perpetuação, afinal de contas, o bom soldado jamais questiona as ordens de seu comandante seja ela qual for, fala esta que diverge de qualquer educação de qualidade que tem como prioridade a razão crítica.
[1] http://www.gestaouniversitaria.com.br/artigos/educacao-publica-a-falacia-das-escolas-civico-militares