Educação e a Pandemia de Fake News
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
A negação da ciência em nosso cotidiano é algo que nos remete a Idade das Trevas que teve seu marco entre os séculos século IV e o século XV e foi caracterizado como época de flagelo e muita ruína.
Tal época foi caracterizada por acontecimentos que tolheu a liberdade do homem e aniquilou sua dignidade. Além das epidemias, outro fator que pode ser comparado com tal época é a da centralização da economia restrita aos feudos e das desigualdades sociais. Embora não tenhamos um sistema feudal no Brasil, Borges[1] (2017) cita pesquisa comparativa liderada por Thomas Piketty, na qual aponta que 27,8% da riqueza nacional está nas mãos de apenas 1% dos habitantes do país, a maior concentração do tipo no mundo.
Outra característica em relação a Idade das Trevas é a desigualdade social. sabendo que de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), existem 193 países e o Brasil está em sétimo lugar na quesito desigualdade social, e esta desigualdade é representada por algumas questões como favelização, desigualdade alimentar, falta de saneamento básico, ensino de baixa qualidade, menos formação, desemprego (que hoje representa 14,6% da população em idade adulta o que atinge quase 14 milhões de habitantes).
Tem-se precariedade na saúde pública outro quesito que vale ser observado, pois cabe aqui lembrar que o Brasil é um dos países que menos investe em saúde, o que é agravado pelo sucateamento do SUS, o que é ressaltado por Muniz (2017)[2] quando elucida outras variáveis como insuficiência de profissionais, infraestrutura precária e superlotação.
A falta de acesso a cultura é outro fator que aumenta gritantemente as diferenças sociais, pois a atual conjuntura houve uma desidratação no setor cultural.
Hodiernamente, como se não bastasse, a verdade e a ciência são questionadas como em época remota, e faz-se prevalecer a apologia aos fake news. Segundo Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), foi apontado que o atual governo publicou 653 mil anúncios em sites de fake news. A análise abrange canais que mais veicularam inserções da campanha "Nova Previdência" do governo, entre 6 de junho e 13 de julho de 2019
Outras fake news ditas e que podem até mesmo aumentar a mortalidade dos brasileiros nesta pandemia são: “os números têm apontado que a pandemia está indo embora” e para complicar ainda mais, "ninguém está interessado na vacina chinesa".
O fato é que até a atual data, morreram mais de 218 mil brasileiros e nosso governo acreditava que as mortes por Covid ficaram abaixo das 791 por H1N1. A negligência somada as fake news contribuem ainda mais para a mortalidade, uma realidade que destrói sonhos, ceifa vidas e arruína famílias.
Dito isso, a educação de qualidade é uma forma de combater as fake news, pois quando se trabalha a autonomia do educando e o seu poder de discernimento, este jamais aceitará ser alienado por néscios fascistas que espalham falácias e anticiência fazendo prevalecer a sua sede pelo poder, o seu narcisismo e sua necropolítica.
[1] Para mais informações vide https://brasil.elpais.com/brasil/2017/12/13/internacional/1513193348_895757.html#:~:text=Pesquisa%20comparativa%20liderada%20por%20Thomas,nacional%20est%C3%A1%20em%20poucas%20m%C3%A3os&text=Quase%2030%25%20da%20renda%20do,concentra%C3%A7%C3%A3o%20do%20tipo%20no%20mundo.
[2] Para mais informações vide https://www.hojeemdia.com.br/opini%C3%A3o/colunas/raquel-muniz-1.456804/o-descaso-com-a-sa%C3%BAde-p%C3%BAblica-brasileira-1.556370