Educação e a Nunciopolítica
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
Um país desenvolvido perpassa pela politização de seus cidadãos explicitando o quanto estes cidadãos são politizados e conscientes de seus deveres e direitos, tanto que eles não se deixam manipular pela mídia que é um braço forte da elite manipuladora.
Observemos a conjuntura do povo brasileiro o quanto custa à sociedade o seu analfabetismo político e sua completa falta de consciência de classe.
Peguemos como exemplo, falas pontuais e em concomitância, atemporais de três ícones que com simples frases expôs a indiferença dos poderosos e as consequências oriundas de um povo subalterno e totalmente docilizado.
Simone de Beauvoir uma escritora intelectual, ativista politica e teórica social francesa, no ano de 1949 registrou em sua obra o Segundo Sexo, que “o opressor não seria tão forte, se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”.
Observe o poder desta fala em nossa atualidade política e o quanto de ensinamento pode ser extraído disso se entendêssemos bem antes de se definir os votos em uma eleição.
Malcom X já tem uma mensagem mais enfática e direcionada ao poder da manipulação da mídia e a partir da década de 1960, ele demonstra a preocupação com o poder de manipulação da mídia advertindo seu povo de que “a imprensa é tão poderosa no seu papel de construção de imagem, que pode fazer um criminoso se passar por vítima e a vítima se passar por criminoso. Esta é a imprensa, uma imprensa irresponsável. Se você não for cuidadoso, os jornais vão acabar te fazendo odiar as pessoas que estão sendo oprimidas e adorar as pessoas que estão levando a cabo a opressão”.
Se analisarmos as duas falas perceberemos que ambos foram assertivos, principalmente na atual conjuntura política em que nos encontramos e cai sobre o próprio cidadão o poder de sua escolha feita de forma leviana e precipitada, a ponto de termos uma representatividade pífia quanto ao número de parlamentares, já que dos 594 existentes, 273 são empresários e 160 são fazendeiros, e temos ainda donos de construtoras e também donos de redes de farmácia, equivalendo a 93% destes parlamentares.
Triste para o povo brasileiro, porque estes 93% estão entre os 10% mais ricos do Brasil, sendo que 18% deste universo são considerados super ricos com alguns tendo patrimônios acima dos 50 milhões de Reais.
Eles nunca representaram o povo, representam a elite fazendo a máquina de privilégios funcionar com total carga, resultando em isenção de impostos para jatinhos, iates, jet sky dentre outras coisas que beneficiam a eles próprios, em contrapartida, o povo é deixado a margem e como sugestão para resolver os problemas relacionados aos gastos, sugerem cortes na saúde, educação e congelar o salário mínimo por 6 anos.
No meio de todos estes parlamentares, apenas 7% representa o povo e por isso eles não conseguiram anular os impostos da cesta básica, refutar o aumento de energia elétrica, fazer aprovar a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5mil dentre outras coisas que beneficiaria o próprio povo.
Estes parlamentares podem ser considerados inimigos do povo, uma vez que em suas decisões são almejadas apenas os interesses próprios e os da elite, mas eles estão onde estão devido à falta de consciência de classe do próprio povo e como se não bastasse esta ausência a mídia tem um forte papel na política brasileira, já que ela é uma das maiores apoiadoras das elites por meio da nunciopolítica que é uma área de estudo da Ciência Política voltada para comunicação política.
Para Andrada[1], trata-se de mensagens e notícias voltadas para o poder e porque não afirmar, a sua perpetuação, já que é a própria mídia que procura apoiar e alterar o status quo, e vimos em nossa história recente o quão é verdadeira esta afirmação.
As mídias que deveriam abraçar a ética e a verdade, se camuflam covardemente e de forma oportunista para opacizar a realidade, transformando o algoz em vítima; e o povo sem discernimento e com as informações manipuladas e até mesmo escondidas pelas mídias, passam a acreditar, já que lhe foi subtraído qualquer poder de discernimento.
O Congresso que deveria ter uma maioria esmagadora de representantes do povo, passa a ser um circo de horrores, um antro de corrupção em que a vaidade e o mau-caratismo prevalecem de forma incondicional e com apoio das verdadeiras manipuladoras que são as mídias que por conveniência, fazem seus profissionais esquecerem do juramente de um repórter que é “um compromisso com a ética profissional, a verdade e a informação”.
[1] ANDRADA, Bonifácio de. Ciência Política e Ciência do Poder São Paulo, LTR 1998.