31/01/2022

Educação e a Lei do Menor Esforço

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

É notório perceber a aplicação da lei do menor esforço no dia a dia, todavia, quando se pensa nela e a aplica na educação, passa a ser um desrespeito com o ato de educar, o que é corroborado por David Rodrigues[1], quando elucida que esta lei é "certamente um convite ao retrocesso e ao desrespeito dos valores que mais devemos prezar para sermos uma sociedade humana".

Vale lembrar que a lei do menor esforço nos leva a fazer as coisas com o mínimo de energia e isso pode nos levar a conclusões irracionais, e assim ocorre na educação quando o educador busca fazer uso desta lei para o ato de educar.

Como ressaltado por mim no livro Educação um Ato Político, publicado pela Autografia em 2019, a educação implica em mudança e ela é a pedra angular da sociedade, dito isso, como desenvolver no educando a superação do senso comum, ou seja, o estado em que ele deixa de ser um objeto de passividade e alienação e passa a ser um agente protagônico, direcionado pela ética e pela cidadania crítica, focando o coletivo e o bem comum?

O professor têm o compromisso de inspirar o aluno a desenvolver a sua melhor versão, o que é corroborado por Aranha em seu livro Filosofia da Educação, publicado pela Moderna em 1996 ao elucidar que a educação busca o desenvolvimento integral do homem e neste desenvolvimento está inserido toda sua capacidade física, intelectual e moral, bem como a formação de habilidades e sua personalidade social.

Segundo Demo em seu livro Saber Pensar, publicado pela Cortez em 2000, educar um aluno é muito mais que direcioná-lo para a conquista do diploma, pois nesta conquista faz-se necessário cultivar o saber pensar. O autor ainda ressalta que o educador tem a árdua tarefa de mostrar ao educando que a crítica é necessária para aprender com autonomia, e para que isso ocorra, a lei do menor esforço não pode ser aplicada.

Pode-se observar nas falas de Souza em seu livro Introdução a Sociologia da Educação, publicado pela Autêntica em 2007 que para encantar o educando, faz-se necessário desencantar o mundo, de forma a torná-lo cognoscível à luz da razão bem como desvelá-lo

Dito isso, pode-se observar que educar exige trabalho e esforço, desta forma os educadores precisam segundo Neiva em seu livro Lições Aprendidas, publicado pela Editora Universidade 2006, subtrair-se do pensamento linear que resulta em erros e ilusões intermináveis, já que qualquer sistema educativo, por ter um grande número de variáveis presentes, sendo uma delas os próprios educandos com suas especificidades e individualidades, quando não trabalhado com afinco e dedicação, ecoam de forma imprevisível e com resultados sem precedentes que poderão refletir negativamente na vida do educando.

Na educação a lei do menor esforço diverge do viés Freiriano que leva o aluno a um agir e pensar de forma crítica e a um protagonismo cognoscente, ou seja, a lei do menor esforço na educação é usurpadora de sonhos e realizações por subtrair do educando todo os eu poder de discernimento, já que sua aplicação resultará na sua alienação, domestificação subalterna e em uma docilização que fomentará cada vez mais a manipulação de uma elite esmagadora.

Paulo Freire é enfático em sua obra Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa, publicado pela Paz e Terra em 1996, ao ressaltar que é de suma importância que os educadores tenham à recusa ao ensino "bancário" que enxergamos como a lei do menor esforço, já que deforma a criatividade tanto do educando quanto do educador.

 

[1]Para mais informações vide https://www.publico.pt/2019/01/17/sociedade/opiniao/males-menor-esforco-1858145

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