Educação e a Fluência na Leitura
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
É praticamente um senso comum a certeza de que a leitura estimula a imaginação e a criatividade da criança, além disso ela enriquece o vocabulário bem como a melhora na comunicação com os outros.
É sabido também que por meio da leitura a pessoa busca um conhecimento geral desenvolvendo assim sua autonomia cognitiva e seu senso crítico, o que fará desta pessoa um ser mais protagonista do seu próprio entorno.
Apesar de todos estarem cientes quanto as informações acima, a leitura não é estimulada nas escolas públicas, sendo comum encontrarmos alunos no 5º ano do Ensino Fundamental sem o seu completo domínio, como ressalta o portal G1 ao relatar que “alunos brasileiros leem muito devagar, não entendem frases e sentem vergonha [...][1]”
Segundo a pesquisa realizada pelo portal a falta de fluência na leitura pode atrapalhar a autoestima e o desempenho escolar, e isso é mais que óbvio, já que se o educando não entende o que está lendo, com toda certeza responderá as questões de forma equivocada.
O Historiador Chiconelli (2024)[2] esclarece que na 12ª dinastia (1991 – 1782 a. C.) um escriba conhecido como Kethy recomendava a leitura a seu filho, usando o argumento de que ao aprender a ler, o filho teria mais benefícios, bem como os estudos que durariam para sempre como as montanhas.
O historiador ainda complementa que na Índia durante os anos (1500 – 800 a. C.) conhecido como período Védico, as crianças das castas mais altas tinham o privilégio de aprenderem não apenas a leitura, como também gramática, fonética, prosódia, etimologia e astronomia, enfim, cabia a casta mais elevada os privilégios e prazeres da leitura.
Dito isso, observemos que a importância da leitura é ressaltada há muito mais de 3800 anos e ainda nossa educação encontra-se falha neste quesito, já que jovens que por meio de um sistema falho de aprovação automática, vão para os anos seguintes sem ao menos dominar o básico de uma leitura, aumentando exponencialmente o número de analfabetos funcionais que reverberarão a sua alienação na principal área da sociedade, que é a política, já que são os políticos que definem o destino de nossa cidade, Estado e principalmente Nação.
Dando continuidade as informações relacionadas ao Portal G1, é esclarecido que por meio de uma pesquisa realizada pelo Pirls (Progress in International Reading Literacy Study) que no 4º ano do ensino fundamental 38% dos alunos brasileiros não dominavam as habilidades básicas de leitura e apenas 13% dos alunos do ano supracitado foram classificados como proficientes.
Esta pesquisa explicitou o quão deficiente é o nosso método já que de 43 países pesquisados, o Brasil amargou a 39ª posição, ficando atrás de nações pobres como Azerbaijão e Uzbequistão.
É obvio que muitos procuram encontrar um culpado que na verdade, são vários e os maiores deles encontram-se nas Secretarias de Educação que de tudo fazem para mascarar a triste realidade, inventando número e batendo falsas metas de forma a ludibriar a sociedade, pontuando cada vez mais a falta de ética, profissionalismo e ingerência quanto ao sistema educacional, mantendo assim o povo cada vez mais docilizado e imbecilizado.
Todos nós educadores sabemos que é fácil a solução deste problema, mas quem está no sistema tem interesse em mudar esta realidade? E caso mude, seria vantajoso para esta elite que compõe as secretarias e que sequer tem o verdadeiro compromisso com a educação pública?
[1] https://g1.globo.com/educacao/noticia/2024/09/09/alunos-brasileiros-leem-muito-devagar-nao-entendem-frases-e-sentem-vergonha-alertam-professores-uso-de-telas-agrava-problema.ghtml
[2] CHICONELLI, Odair. Muito Antes de Harvard. Como Surgiram as Escolas e as Universidades ao Longo dos Séculos, Desde os Primeiros Grupos Sociais. In. Aventuras na História. Psiquiatria Brasileira. São Paulo: Editora Caras. Maio de 2024.