Educação e a Epistemologia
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Como e para que a educação deve alavancar a epistemologia no educando? Em um sentido simples, a epistemologia é a teoria do conhecimento científico, e é o que justamente falta em nossa sociedade, já que as fakenews em tempos de eleições falam mais alto.
As mentiras são ditas tantas vezes que para alguns, as mesmas passam a ser uma verdade inquestionável, explicitando um total déficit cognitivo e completa falta de senso crítico.
Vale lembrar que a palavra epistemologia é derivada do grego ao qual episteme significa conhecimento e logia estudo, assim sendo, Tesser (1994) elucida que epistemologia é o estudo crítico dos princípios, das hipóteses bem como dos resultados das diversas ciências com o intuito de determinar fundamentos lógicos, bem como valor e importância.
Para o autor, cabe a epistemologia a reconstrução racional do conhecimento científico, conhecer, analisar, todo processo gnosiológico, ou seja, processo voltado para a capacidade do homem no aprender a ciência do ponto de vista lógico, linguístico, sociológico, interdisciplinar, político, filosófico e histórico.
Tesser esclarece que "para a epistemologia, o importante é o lugar que a Ciência ocupa no espaço do saber", todavia, nossa falha e sucateada educação pública, tem se baseado em saber? O que realmente temos ensinado aos nossos alunos?
Qual o nível do saber científico que nossa sociedade está? Qual o investimento do Estado neste saber?
É sabido hoje que a ciência é uma seara não aceita na atual conjuntura política, acarretando em um corte de verba equivalente a 87%, causando uma queda de R$ 690 milhões para apenas R$ 89 milhões.
Como ressaltado por Paulo Freire e também Pedro Demo, o sistema tem medo do pobre que pensa, pois pensar com discernimento, faz do cidadão um agente cognoscente protagônico que automaticamente sai da massa de manobra, por isso a falta de investimento na ciência, por isso o sucateamento da educação pública e em concomitância a desvalorização do professor.
É salutar para a educação entender as ideias de Paulo Freire, já que em sua obra Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa, publicado pela Paz e Terra em 1996 e elucidado que mais que deixamos de ser um ser no mundo, passamos a ser uma presença no mundo, com o mundo e com os outros.
Para Freire, esta presença pensa com autonomia, e sabe que é presença, intervindo, transformando, falando do que faz e do que sonha, constatando, comparando, avaliando, valorando, decidindo e rompendo.
Imagine o que um educando esclarecido, com um simples pensar crítico pode causar a este Sistema manipulador?
Dito isso, que nós educadores possamos fomentar a episteme em nossos educandos para que estes possam deixar sua zona de conforto e se transformarem em agentes protagônicos cognoscentes.