Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente –www.wolmer.pro.br

Souza em seu livro Introdução a Sociologia da Educação, publicado pela Autêntica em 2007, pontua que o objetivo da educação era desencantar o mundo, isto é, torná-lo cognoscível à luz da razão, desvelá-lo, quebrar encantos, ou seja, a educação tem que levar o educando a uma criticidade e autonomia, todavia, esta educação oferecida pelo governo principalmente aplicando o novo ensino médio, elitizará ainda mais a educação, como elucidado por Luis Ricardo em sua reportagem[1], quando esclarece que esta mudança imposta pelo governo forjará no país uma escola para ricos e outra para pobres, como já se pode ver na proposta apresentada pelo Governo de São Paulo.

A Educação pública tem passado por momentos turbulentos como o seu sucateamento, a descrença das pesquisas realizadas pelas universidades públicas e a desvalorização dos professores.

Esta desvalorização começa principalmente pelo mais alto cargo quando o então ministro da educação expressa a seguinte fala: "hoje, ser um professor é ter quase que uma declaração de que a pessoa não conseguiu fazer outra coisa”, ou seja, este indivíduo que nada entende sobre o ato de educar, acredita que o magistério é uma simples falta de opção embasada em uma incompetência em não se ter outra profissão.

De acordo com o SINPRO-DF[1], temos a nos representar um ministro que prega a fakenews, quando o seu dever deveria ser levar a criticidade a todos os educandos sob a luz da razão.

É notório perceber nas falas de Giles em seu livro Filosofia da Educação, publicado pela EPU, 1983 que para ser professor, é preciso estar muito bem preparado, pois não será qualquer pessoa que alcançará o educando naquilo que lhe é mais específico, desenvolvendo a sua intelectualidade, a sua afetividade e hábitos de forma a norteá-lo à realização de um ideal.

O ato de educar é um processo de construção e esta construção demanda tempo, dedicação, ética, profissionalismo, afetividade e amor ao que se faz, e obviamente, é o que falta em muitos que estão no topo da pirâmide da educação.

Giles continua elucidando que a educação tem que levar o educando à consciência de poder ser mais e a trabalhar na coletividade, sendo um eu-no-mundo-com-o-outro.

Para demonstrar o quão está errado o nosso ministro em relação ao professor exercer o magistério por ser inapto a fazer outras coisas, Aranha em sua obra Filosofia da Educação, publicado pela Moderna em 1996, enfatiza três aspectos fundamentais na formação docente que são: qualificação, formação pedagógica e formação ética.

Aranha esclarece que a primeira formação é o momento que o professor adquire conhecimentos científicos indispensáveis para o ensino de um conteúdo específico, observe que esta formação tem a sua base toda na ciência.

A segunda formação está relacionada ao ato de ensinar, fazendo com que o mesmo supere os níveis de senso comum, tornando-se uma atividade sistematizada.

A terceira e última formação, porém de mesma importância, está relacionado a ética e política, pois o docente deve educar a partir de valores que objetivam um mundo melhor.

Dito isso, pode-se observar o quão equivocado está a fala de nosso ministro, já que para ser professor, faz-se necessário muita dedicação e qualificação.

O que faltou e ainda falta nos ministros da educação desta gestão é justamente a epfania, que no viés filosófico é o sentindo de compreender a essência das coisas.

Estes ministros e nosso governo não sabem a verdadeira essência da educação e, todavia, se esquecem que para ser professor, além das três formações supracitadas, nós temos ainda a "estranha mania de ter fé na vida".

Assim sendo, que não percamos a esperança em educar nossos jovens exercendo o nosso melhor com o que temos, e fazendo com que estes possam ser agentes protagonistas cognoscentes.