Educação e a Elucidação do Cristianismo Político
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
Educação é uma ação voluntária que fomenta a transformação do cidadão por meio do discernimento, autonomia e conhecimento.
Vale lembrar que a educação pública no Brasil é laica, ou seja, ela é livre de qualquer influência religiosa específica, o que assegura a liberdade de pensamento, consciência e religião, promovendo um ambiente de respeito e pluralidade e refutando qualquer intolerância religiosa que possa surgir no entorno.
É sabido que esta laicidade na educação é resguardada no princípio constitucional e apesar de algumas escolas oferecerem a disciplina de ensino religioso, esta não poderá promover doutrinação religiosa.
Assim como a educação pública é laica, o Estado também é e está estabelecido na Constituição Federal que assegura a separação entre Estado e religião, todavia o Brasil tem na parte política, usado a religião como braço forte o que alguns pensadores denominam de Cristianismo Político.
Ames (2006) esclarece que a criação da religião “é puramente humana e possui como toda instituição, fundadores e chefes”[1], e esta mesma religião tem se embasado em um binômio que é coerção e persuasão.
Assim sendo, o Cristianismo Político tem abusado destas premissas, ignorando o verdadeiro potencial da fé, os principais ensinamentos do evangelho e ligando Jesus Cristo a um neoliberalismo, sendo um braço forte do capitalismo, cooptado claro por uma elite política, com seus representantes pregando a teologia da prosperidade.
Ames (2006) é pontual em afirmar que a religião trata de um instrumento de poder o que a torna um meio de grande utilidade na ação política, tanto que temos observado em nossa política a chamada bancada evangélica, que é representada por líderes religiosos que usaram da fé de seus seguidores para se projetarem na política e faz da política e da religião o seu carro chefe tudo em detrimento dos ideais cristãos.
Quando se mistura fé e política, dá-se espaço para ideias preconcebidas, moralistas, capitalistas e uma ressignificação da fé, já que a Imagem de Cristo passa a ser vista como alguém que adepto a violência, a marginalização, a mentiras, traições tudo convertido para um cristianismo utilitário, endossado com uma da piores falas para um verdadeiro cristão que foi proferida por um político que disse que Jesus: “não comprou pistola porque não tinha”, e como resultado desta fala, a violência, a falta de empatia e do amor ao próximo passam a ser banalizados, fazendo valer a teologia da prosperidade, onde a fé é um simples negócio que inclui práticas como confissão positiva, busca por milagres e a obrigatoriedade de dízimos e ofertas, afastando os cristãos dos ensinamentos tradicionais vivenciados pelo próprio Cristo.
A manipulação da religião e a alienação de seus fiéis tem sido tão forte que há pouco tempo eu li que pessoas da esquerda estão afastados dos ensinamentos de Jesus, logo este Jesus que tanto dividiu, amou o seu próximo e foi livre de qualquer tipo de preconceito.
Hoje a fé para estes manipuladores tem um princípio material com o intuito de tirar verdadeiro proveito na qual a realidade é vivida em um mundo paralelo e Jesus beneficia as pessoas que mais doam dízimos e ouvem o que seus líderes falam. Não existe fé raciocinada, aliás, pensar passa a ser uma influência do mal que está questionando as palavras de seu líder que teve o privilégio de conversar com deus (letra minúscula de forma proposital, por representar o deus capitalista).
[1] AMES, J. L.. Religião e política no pensamento de Maquiavel. Kriterion: Revista de Filosofia, v. 47, n. 113, p. 51–72, jun. 2006