28/01/2022

Educação e a Cultura STEAM Maker

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

As aulas estão para começar, algumas escolas privadas buscam oferecer o melhor para seus alunos e as públicas se sentem presas a um sistema educacional que engessa o saber, oferecendo um conhecimento estéril que manterá seus alunos de escolas públicas cada vez mais idiotizados, como ressaltado por mim na Revista Gestão Universitária em 2013 quando disserto sobre:A Idiotização dos Alunos das Escolas Públicas Elitizam as Escolas Federais.

Observe que o texto foi escrito em  2013 e hoje, temos a famosa reforma do Ensino Médio, que para o professor Fernando Cássio, este novo modelo nega conhecimentos importantes como ciências, sociologia e filosofia, e observem que são disciplinas de suma importância para fomentar a curiosidade e a busca de um conhecimento corrosivo, ou seja, aquele que tirará o aluno da passividade, da domesticação subalterna, do processo de docilização e fará dele um agente protagonista e cognoscente, como ressaltado no meu livro Educação um Ato Político publicado pela Autografia em 2019.

Dando continuidade as falas acima, Giles em sua obra Filosofia da Educação, publicado pela EPU em 1983, elucida que todo processo educativo consiste em preparar o educando para uma vida essencialmente prática e isso está relacionado a uma educação pela vida e para a vida, fazendo com que o educando concilie o pensar e o viver, o falar e o agir, dito isso, pode-se afirmar nas falas de Giles que todo processo educativo deve levar à conscientização quanto ao significado real dessas situações vividas pelo educando.

Com base no mencionado acima, e para oferecer uma educação que fomente a criticidade do educando bem como o seu protagonismo, algumas escolas oferecem ao seu corpo discente a Cultura STEAM Maker, que instiga o aluno a integrar as áreas do conhecimento e fazer suas conexões para solução de problemas.

A Cultura STEAM é derivada do inglês Science, Technology, Engineering, Arts, Mathematics, ou seja, trata-se da junção de: Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática fazendo com que ocorra tanto a interdisciplinaridade como a transdisciplinaridade.

Obviamente, para que esta cultura ocorra, os docentes devem estar entre si, sintonizados com os conteúdos disciplinares e as demandas para soluções de problemas, buscando forma de incentivar seus educandos e instigá-los na busca do conhecimentos e na suas conexões.

Interessante perceber que esta Cultura STEAM Maker converge com as ideias do grande educador Paulo Freire, já que valorizava o conhecimento voltado para a prática social.

Para André Simões[1] a Cultura STEAM Maker tem a função de unir os dois mundos, sendo que no primeiro, o aluno recebe seus conhecimentos do ensino sem nenhum significado ou aplicação real, e o segundo trabalha-se a realidade de que o aluno será inserido e integrado nos verdadeiros problemas e aplicações que são utilizadas na resolução que muitas vezes se apropria de uma ou mais unidades curriculares.

Assim sendo, Soster, Almeida e Silva (2020)[2] finalizam ressaltando que existirá em um ambiente escolar que se aplica a Cultura STEAM Maker, potencialidades e um valor político pedagógico para a educação, que proporcionará um caráter ético que perpassará pelos projetos.

Vale salientar nas falas dos autores supracitados que o intuito desta cultura é uma aprendizagem alinhada com questões sociais mais amplas, bem como desafios de problemáticas sociais, envolvendo a dimensão ética e política entre eles.

Dito isso, cabe aos professores estarem sincronizados com este currículo crítico cujo papel exige uma função socioeducativa destes professores equacionando sempre tecnologias, currículo, ética e compromisso social.

 

[1] Para mais informações vide: https://www.mercadoead.com/post/o-que-%C3%A9-steam

[2]SOSTER, Tatiana Sansone; ALMEIDA, Fernando José de; SILVA, Maria da Graça Moreira da. EDUCAÇÃO MAKER E COMPROMISSO ÉTICO NA SOCIEDADE DA CULTURA DIGITAL. e-Curriculum,  São Paulo ,  v. 18, n. 2, p. 715-738,  abr.  2020 .   Disponível em <http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-38762020000200715&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  27  jan.  2022.  Epub 15-Out-2020.  https://doi.org/10.23925/1809-3876.2020v18i2p715-738.

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