Educação e a Continuidade da Fome
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
Entendendo a fome e a lição que o povo tira desta situação. Há cerca de 3 anos nosso país voltava ao mapa da fome, inclusive perdendo esperanças de dias melhores[1], hoje, o Brasil pode celebrar, isso porque a insegurança alimentar severa cai 85%[2].
Este texto não se trata de política partidária, de ideologia ou até mesmo de governo X ou Y, já que as situações se comparadas já pontuam o que é obvio para qualquer pessoa que tenha o mínimo de discernimento e não sofra de nenhum tipo de dissonância cognitiva.
O país reduziu a fome representada pela falta mínima de alimentação, mas ainda continuamos com fome.
Como disse em passagem histórica a saudosa Elza Soares quando questionada com um ar sarcástico de Ary Barroso, em 1953 de que planeta ela tinha vindo, assim sendo, foi afirmado pela cantora: vim do “Planeta Fome” e realmente ela representou nesta resposta a verdade de milhões de brasileiros, que têm fome da saúde, fome de educação pública de qualidade, fome de respeito, fome do amor, fome de justiça, enfim, fome de todos os tipos, já que esta palavra representa a negação ou até mesmo a subtração da subsistência do próprio ser.
Vivemos em um país em que pessoas perderam o sentido de classe, perderam a capacidade de discernimento, a dignidade e em concomitância, o amor próprio e ao próximo.
Estamos destinados ao limo da periferia já que uma minoria elitizada dita as ordens e estejamos certos que nós proletariados não estaremos em momento algum contemplados com as benesses políticas.
Aliás, proletário é uma palavra que nos remetem ao comunismo e esta elite, que levanta a bandeira do capitalismo selvagem acredita que igualdade e justiça social é um revés para qualquer sociedade, e por isso, um povo com medo é um povo manipulável.
Esta sociedade percebeu que guerra e doença movimenta mais a economia do que alimentos aos pobres, por isso, tantas comidas são desperdiçadas sem ao menos serem distribuídas aos mais necessitados.
Para Demo[3], a fome é uma grande miséria, todavia é uma miséria inventada e imposta e o seu cerne está na ignorância.
A fome é a mais vil representação da exclusão, como afirmado por Herbert de Souza na obra de Rodrigues (1994, p. 22)[4], ela “é uma espécie de cerceamento moderno ou de exílio”.
Precisamos criar uma cultura que dê ênfase no aprendizado, no discernimento, na autonomia, assim, desenvolveremos cidadãos pensantes que não se conformarão com as exclusões, com decisões arbitrárias e que saberão com total certeza, colocar seus representantes políticos de acordo com suas realidades.
Trabalhadores por meio de CLT apoiando políticos trabalhadores, negros apoiando negros, mulheres apoiando mulheres e tirando a elite do poder decisório, já que hoje é ela quem manda e ela quem cria a miséria para se enraizar cada vez mais.
[1] https://www.cartacapital.com.br/opiniao/frente-ampla/com-bolsonaro-o-brasil-voltou-ao-mapa-da-fome/
https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/relatorio-da-onu-mostra-que-brasil-voltou-para-o-mapa-da-fome-em-2021/
[2] https://www.gov.br/secom/pt-br/assuntos/noticias/2024/07/mapa-da-fome-da-onu-inseguranca-alimentar-severa-cai-85-no-brasil-em-2023
[3] DEMO, Pedro. Saber Pensar. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2000 – (Guia da Escola Cidadã; v. 6)
[4] RODRIGUES, Carla: Ética e Cidadania. São Paulo, Moderna, 1994 (Herbert de Souza)