19/09/2023

Educação: Doutores e Doutores

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

 

É sabido que o conhecimento é libertador, pois ele nos livra das amarras da ignorância, quando claro, este conhecimento não é adquirido por pessoas dotadas de desvio de caráter onde impera a desfaçatez, a soberba e a mediocridade.

Quando isso acontece, o conhecimento adquirido por meio de uma titulação de mestre e/ou doutor complementado pela falsa erudição e reforçado uma soberba intelectual, faz com que imbecilidades ditas sejam vistas como verdades por incautos.

Existe no meio acadêmico, principalmente nas instituições renomadas um corporativismo e/ou cooperativismo que obrigam os estudantes de stricto sensu fazerem citações de suas medíocres obras além de instigarem que estes mesmos estudantes façam também citações de seus pares, ou seja, de profissionais que se encontram em seu ciclo corporativista.

Muitas publicações se dão por exploração intelectual de seus discentes por meio de assédios, abusos e até mesmo apropriações de trabalhos alheios, já que por serem orientadores, terão o seu nome divulgado como algo publicado por si mesmo, sendo que este doutor sequer contribuiu de forma direta com a produção acadêmica.

Obviamente cabe observar a não generalização, como o texto intitula, temos doutores e doutores, e nós do meio acadêmico realmente sabemos diferenciar o joio do trigo, todavia, como mencionado acima, os incautos pecam por lhes faltarem este discernimento.

Muitos gostam de ostentar títulos de doutores sem sequer terem feito um stricto sensu, são advogados, psicólogos, psiquiatras, dentistas, médicos etc, mas o correto é que doutor é para quem fez e foi aprovado no curso de doutorado.

E assim temos muitos doutores, uns medíocres que por terem feito um bacharel em direito fazem o uso da palavra doutor antes do nome, ou melhor, o seu primeiro nome acaba virando um nome composto de doutor.

Temos doutores arrogantes com seus devidos títulos, porém com egos inflados, e alguns com déficit cognitivo que ao abrirem a boca, soltam verdadeiras pérolas, mas que por ostentar o título só poderá ser refutado por alguém de mesma hierarquia acadêmica, o que não é comum pela predominância do corporativismo.

Em contrapartida, temos os verdadeiros doutores que mesmo sendo possuidores do título, nunca se esqueceram da sua origem de classe e percebem que o título de doutor não os fazem melhores que ninguém.

O lado bom de se ter um título stricto sensu é perceber que você é um sujeito privilegiado por ter chegado a este grau de estudo, já que no Brasil uma pesquisa realizada pelo IBGE pontua que 53,2% das pessoas com 25 anos ou mais de idade concluíram a educação básica obrigatória; ou seja, possuíam, no mínimo, o ensino médio completo em 2022. Já o percentual das pessoas da mesma faixa etária com nível superior completo, era de 19,2% no mesmo ano[1].

Segundo reportagem da Folha de São Paulo, apenas 0,8% dos brasileiros entre 25 a 64 anos concluíram curso de mestrado e 0,2% dos adultos alcançaram doutorado[2], assim sendo, diante da realidade da educação brasileira, realmente os mestres e doutores são pessoas privilegiadas.

Dito isso, vale ressaltar uma das sábias falas de Albert Einstein ao afirmar que “por mais inteligente que alguém possa ser, se não for humilde, o seu melhor se perde na arrogância. A humildade ainda é a parte mais bela da sabedoria”.

 

[1] Para mais informações vide https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18317-educacao.html

[2] https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/09/acesso-a-mestrado-no-brasil-e-16-vezes-menor-do-que-em-paises-ricos.shtml

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