Educação, Discernimento e Representatividade
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
Como visto no livro Educação e a não neutralidade[1], quando se trabalha educação neutra, cria-se uma geração de domesticados subalternos e alienados, e isso nos faz colher os amargos frutos de uma educação esterilizada.
A magia da educação está em seu poder de transformação mediante ao trabalho focado no desenvolvimento do discernimento do próprio educando, tirando-o de uma posição de passividade e fazendo-o um agente protagônico cognoscente.
Por estarmos em um ano eleitoral, faz-se necessário que foquemos ainda mais nos problemas sociais e como a educação poderá atuar para minimizá-los e oferecer mais dignidade ao educando de forma que este possa não só atuar em seu contexto como também modificar a sua realidade.
O discernimento é o que dá base para as mudanças necessárias, caso contrário, continuaremos na inércia, vendo aumentar cada vez mais as desigualdades sociais e é este mesmo discernimento que faz a pessoa ser politizada a ponto de perceber o seu entorno e ver que no meio político falta representatividade que é fundamental para a promoção da inclusão e justiça social.
É essa representatividade que vai garantir que um grupo outrora historicamente marginalizado ou sub-representado tenha voz por meio de alguém que o represente e faça valer suas ações de forma a refletir com justiça, ética e equidade.
Peguemos como exemplo algumas representatividades como a mulher na política, sabendo que aproximadamente 51% da população brasileira é composta por mulheres, todavia, no Congresso Nacional brasileiro em relação a Câmara dos Deputados, cerca de 16% ocupam as cadeiras e em relação ao Senado Federal, apenas 15%.
Em relação aos negros, de acordo com os dados do Censo Demográfico realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 56% da população brasileira se identificou como preta ou parda, e a sua representatividade na política em relação a Câmara dos Deputados é aproximadamente 17% e no Senado Federal, a representatividade é de 1,2% no total de 81 cadeiras.
Observe que apesar de serem maioria os negros e as mulheres, eles não conseguem a devida representatividade, sem contar que no caso das mulheres, muitas das parlamentares fazem da política uma forma de conseguir os seus fins, são verdadeiras alpinistas sociais.
Por exemplo, o Projeto Lei da Igualdade Salarial entre homens e mulheres teve 36 votos contra sendo que 10 foram de mulheres parlamentares, ou seja, elas votaram contra elas mesmas e tudo isso em nome de uma falsa moral encoberto por um conservadorismo doentio.
Falta representatividade também da educação, da agricultura familiar, enfim, a maioria não elege seus semelhantes para lutarem pelas suas causas e isso além de pontuar a falta de discernimento para saber escolher alguém que o represente, explicita ainda algo pior que é a falta de consciência de classe.
Dito isso, que a educação possa encontrar formas de trabalhar em seus educandos o discernimento para que eles possam enxergar que as mudanças dependerão de suas ações e que a neutralidade nunca será neutra, pois somos responsáveis tanto pelo que fizemos quanto pelo que deixamos de fazer sabendo que poderíamos ter feito algo.
[1] TAVARES, Wolmer Ricardo. Educação e a Não Neutralidade. São Paulo: Ícone, 2024.