25/08/2022

Educação Desnaturalizando o Racismo Estrutural

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Não tem como escrever sobre racismo estrutural sem perpassar pelas classes dominantes, o que para alguns desinformados e/ou com um déficit de conhecimento histórico, dirá que isto é assunto de comunistas.
O racismo estrutural está vinculado a um processo histórico ao qual uma elite que representa uma minoria na sociedade brasileira, impõe sua força, explorando e oprimindo uma classe subordinada.
Cabe ressaltar que o racismo estrutural é oriundo de uma herança discriminatória da escravidão que agravou ainda mais com falta das medidas que integrasse os negros na sociedade, pois estes quando libertos, não tiveram como se sustentar, aumentando ainda mais a miséria e a exclusão social na sociedade por meio das discriminações.
Tal racismo pontua sociedades estruturadas com base na segregação e por meio de manipulação da informação e da nunciopolítica, este racismo tornou-se banalizado e com ações naturalizadas, visto claro, pelo prisma da classe dominante, afinal de contas, “o racismo no Brasil é crime”.
Peguemos como exemplo as eleições presidências do corrente ano que conta com duas mulheres como candidatas, com uma negra e outra branca e rica, ambas com 2% de intenção de votos, todavia, uma rede de tv por meio de sabatina com os presidenciáveis, selecionou apenas a branca, ignorando todo o projeto da candidata negra.
Tal atitude demonstra que o racismo social nas instituições é algo bem comum e se tal instituição for questionada quanto ao critério de escolha usada para a entrevista, por meio de uma boa oratória, convencerão o público de que a candidata preterida ou faz parte de um partido anão ou não tem peso político, e que com certeza, a escolha foi apenas um detalhe.
Vale lembrar que o racismo é um fato histórico e é resistente na sociedade, tornando-se assim um problema social que deveria ser enfrentado por qualquer presidente que se diz estadista.
Grada Kilomba em seu livro memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano, publicado pela Cobogó em 2019, elucida que no momento em que as pessoas negras são excluídas da maioria das estruturas sociais e políticas, agem de forma a privilegiar os brancos bem como manter as vantagens em detrimento aos negros.
O problema do racismo estrutural é que ele não é explicitado por palavras, mas está intrínseco na classe dominante que normaliza privilégios aos brancos e desvantagens aos negros, fazendo-se presente em todas as relações como sociais, políticas, jurídicas e econômicas de forma a nunca extirpar este mal da sociedade que aumenta cada vez mais as diferenças sociais.
Uma forma que a educação tem para desnaturalizar o racismo estrutural é por meio de debates que perpassem pelas áreas filosofia, sociologia, política, economia, abordando conteúdos como equidade, justiça, democracia, humanismo e constituição.
Assim sendo, que nós educadores possamos levar nossos alunos a um pensar crítico ao qual o conformismo dê lugar ao protagonismo cognoscente.

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