28/09/2022

Educação, Democracia e Gonzaguinha

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Falar e refletir sobre educação é essencial para rever o sistema e implicar em mudanças e/ou transformações. É interessante perceber o quão ela engrandece um ser que outrora era um alienado e estulto e pela sua ação transformadora, tornou-se um agente protagônico e cognoscente.
Pode-se perceber que a educação leva o sujeito a uma aprendizagem, e Campos em seu livroPsicologiada Educação, publicado pela Vozes em 1987, elucida que aprendizagem “é um processo ativo, inteligente e global, implicando sempre em discernimento e compreensão da situação”.
Rios em seu livro Ética e Competência, publicado pela Cortez em 1993, enfatiza que a educação “se instala dentro de um domínio propriamente humano de trocas: de símbolos, de intenções, de padrões de cultura e de relações de poder”, e complementa ao enfatizar que educação é transmissão de cultura.
Tais falas são corroboradas por Fontes em seu artigo A escuta pedagógica à criança hospitalizada: discutindo o papel da educação no hospital, publicado pela Revista Brasileira de Educação. Maio/Jun/Jul/Ago 2005, ao citar Vygotsky pontuando que são a cultura e a linguagem que fornecem ao pensamento, os instrumentos para sua evolução.
Desta forma, Tomazi em sua obra Sociologia da Educação, publicado pela Atual em 1997, esclarece que cultura é um modo de pensar, sentir e agir das pessoas, grupos, classes, dos povos “em uma época e em algum lugar, constituído historicamente, que faz com que se identifiquem e se diferenciem no seu modo de viver”.
Dito isso, pode-se constatar que educação é um ato político e também cultural e cabe a nós educadores, trabalharmos este binômio de forma a desenvolver todo senso crítico de nosso educando, para que este saia da inércia, passando a ser um agente transformador de sua própria realidade.
Assim sendo, temos na música uma expressão da cultura, e quando esta música tem uma identidade fundindo-se com a coletividade mediante a realidade da época, esta deve ser trabalhada pelos educadores, intercalando interpretações com o contexto histórico, como o caso da música “É” interpretada por Gonzaguinha em 1988 e que reflete a nossa atual conjuntura política. 
É... A gente quer valer o nosso amor, porque estamos vivenciando uma política de ódio e intolerância;
A gente quer valer nosso suor, porque hoje a taxa de desemprego é a maior desde 1999, atingindo 19%;
A gente quer é ter muita saúde, isso nos remete aos cortes efetivados pelo governo na área da saúde, já que houve uma corte de quase metade da verba destinada ao tratamento do câncer no país, sendo de R$ 175 milhões para R$ 97 milhões sem contar que ele também cortou verba do Farmácia Popular, significando um corte de 60% desde fralda geriátrica a remédio contra hipertensão e asma, valendo ressaltar que doenças cardiovasculares são as que mais matam no país e o câncer é a segunda doença que mais mata no Brasil2.
A gente quer viver a liberdade, porque as pessoas estão com medo de se exporem politicamente, pois pensar contrário a realidade política é periculoso
A gente quer viver felicidade, e como ser feliz diante de 33 milhões de brasileiros passando fome?
É
A gente quer viver pleno direito, direito da vida, direito de ir e vir, direito de ser o que bem entender e direito de escolha;
A gente quer viver todo respeito, respeito a mulher, ao negro, ao homossexual, ao indígena e a todos os outros ignorados pelo sistema;
A gente quer viver uma nação, porque hoje, somos realmente um gigante adormecido, perdemos nossa soberania e respeito no exterior;
A gente quer é ser um cidadão, cidadão crítico, protagônicocognoscente e não gado de manobra ou idiota útil como falado por nosso chefe de Estado.
É, que a educação possa auxiliar no resgate da dignidade de seu povo e por meio do discernimento, este possa perceber a força da democracia para boas e bem vindas transformações, fazendo imperar o respeito, o humanismo e principalmente o amor. 

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