07/08/2025

Educação Decolonial Divergindo da Teologia Colonizada

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

 

Uma educação que trabalha sob a perspectiva decolonial, busca nas falas de Ávila (2021)[1] uma forma de desconstruir padrões, resistir imposições, conceitos e perspectivas impostas as populações exploradas e subalternizadas por décadas e/ou séculos.

Trabalhar com uma educação decolonialista é dar voz e visibilidade as minorias, aos excluídos, oprimidos, ignorados e a todos que por anos foram exterminados, torturados e silenciados.

Trata-se de uma educação que tem sua ação mediante um projeto de libertação social, política, cultural e econômico, tendo como fulcro o desenvolvimento da autonomia intelectual, do discernimento e do protagonismo cognoscente, seja na forma individual quanto nos grupos tantas vezes desprezados.

Sabendo que a educação pode ser encarada como uma ação subversiva ao status quo, visto que ela tem em seu cerne no desenvolvimento e transformação do cidadão, fazendo dele um ser questionador a ponto de não mais se resignar com as injustiças sociais.

Oliveira e Lucini (2021)[2] elucidam que o poder da colonialidade é contínuo e deixa rastros que reverberam na economia e política do sistema do mundo moderno, o que serve de base para se consolidar cada vez mais o poder esmagador das elites, impondo suas regras e suas opressões, usurpando o povo do que lhe deveria ser primordial e até mesmo necessidade básica que é o direito à vida com dignidade.

A educação precisa refutar ideias colonialistas, enfraquecendo o braço forte do elitismo e a exploração dos vulneráveis por meio da teologia colonizada, que usa a guerra como um disfarce de profecia bíblica, com intuito de antecipar a chegada de Cristo, distorcendo o seu verdadeiro significado e justificando violências e interesses geopolíticos em nome de uma fé irracional, promovendo assim a manipulação e a expectativa do fim dos tempos para fomentar uma agenda específica em vez de buscar libertação e justiça social.

Essa alienação faz “evangélicos” idolatrarem Israel e seu genocídio que exterminou mais de 60 mil cidadãos, sendo uma maioria de mulheres e crianças, sem contar que 14 mil bebês poderão morrer se o governo de Israel não liberar a ajuda humanitária em Gaza.

A teologia colonizada tem suas ramificações mais profundas, começando na época da colonização e/ou exploração da América Latina, sendo moldada e influenciada pelas potências da época, usando a religião muitas vezes como justificativas a dominação e exploração dos povos nativos e até mesmo de seus extermínios por meio de argumentos religiosos como legitimação do poder.

Historicamente essa teologia colonizada muitas fezes justificou a exploração, o genocídio, a expansão territorial, a relação com os povos indígenas, africanos e afrodescendentes com consequências devastadoras que reverberam ainda nos tempos atuais.

 

[1] AVILA, Milena Abreu. Colonialidade e Decolonialidade: você conhece esses conceitos? Politize. 2021. Disponível em: <https://www.politize.com.br/colonialidade-e-decolonialidade/>

[2] OLIVEIRA, Elizabeth de Souza; LUCINI, Marizete. O Pensamento Decolonial: Conceitos para Pensar uma Prática de Pesquisa de Resistência. Boletim Historiar, vol. 08, n. 01, Jan./Mar. 2021, p. 97-115. Disponível em: <https://periodicos.ufs.br/historiar/article/view/15456/11639>

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