Educação, Cultura e Ideologia
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
O conhecimento é libertador, porém a ilusão do conhecimento te limita a ecoar imbecilidades ditas por pessoas cuja função se limita a desinformação.
O ócio das férias me fez perceber o quão estamos atrasados no quesito cultural e histórico, uma vez que é sabido que o nazismo um dos regimes que mais dizimou a vida humana no conhecido holocausto, simplesmente queimou inúmeros livros em praça pública.
No ano de 1933 os livros queimados representavam uma perseguição aos intelectuais como escritores e todos aqueles que instigavam o povo a pensar “fora do quadrado” e a questionar o próprio contexto ao qual eram impostos.
Tais queimadas de livros foram eventos que ocorreram simultaneamente em várias cidades alemãs no dia 10 de maio de 1933 e eram obras “não alemães” e/ou tudo que divergisse dos padrões impostos pelo regime autoritário.
O Brasil de outrora não queimou seus livros, mas buscou idiotizar o seu povo calando a sua história e a sua cultura impondo uma ideologia cruel, preconceituosa, racista, xenofóbica, homofóbica e misógina.
Tivemos o absurdo de um dos Ministros da Educação de um governo fascista que afirmou em abril de 2019 que seriam necessárias mudanças nos livros didáticos do país ao abordar o golpe militar.
Tal ministro argumentava que não houve golpe[1] e sim a vontade do povo, ou seja, a mudança dos conteúdos nos livros didáticos seria uma forma de manipulação das pessoas impondo sua nefasta ideologia.
Tivemos neste governo a pior gestão no quesito cultural das últimas décadas[2], uma vez que foi a gestão que mais cortes ocorreram e foi declarado guerra à cultura e aos artistas por meio de um desmonte as instituições culturais que foram construídas ao longo de décadas[3].
O professor Fernando Hashimoto evidencia a Constituição Cidadã em seu Artigo 215 que o Estado deve garantir a todos o direito de cultura além de proteger o desenvolvimento cultural. O professor vai além ao citar o artigo e frisa que cabe ao Estado a defesa do patrimônio, difusão de bens culturais e democratização de acesso aos bens de cultura assim como a valorização de elementos étnicos e regionais, e tudo isso foi simplesmente subtraído do Estado.
Enfim, tivemos um ano de sombra, ignorância e muita alienação mediante as fakenews, desinformações e uma forte campanha difamando qualquer ato cultural que leve a criticidade do cidadão.
Dessa forma, é destacado que o tal governo com sua ideologia conservadora e hipócrita convergindo para um neofascismo, buscou o seu controle por meio da educação e da cultura, impondo assim seus valores, ideias e percepções errôneas do mundo, tudo isso com o intuito de dominar essas áreas e ampliar assim o seu controle ideológico.
Estivemos mergulhados em um momento de trevas com ideias terraplanistas, antivacinas, anticiência dentre outras estultices que ainda tem seus reflexos neste novo governo com pessoas tão alienadas levantando bandeiras que divergem da equidade e até mesmo da dignidade.
O fato é que mesmo estas pessoas ecoando imbecilidades, a cultura no Brasil cada vez mais ganha força e culturalmente somos vistos por outros países como aconteceu com a premiação do Globo de Ouro, premiação internacional concedida pela excelente atuação de nossa atriz Fernanda Torres.
Obvio que tem sido um filme criticado pelos fascistas afirmando que tal filme não valeria a ida ao cinema e que a atriz não seria premiada devido a sua péssima atuação e uma pequena curiosidade, a mulher do general que assassinou Rubens Paiva, trabalhou para o nosso presidente quando este ainda era deputado, então, as críticas passam a ser até compreendidas.
Que outros cineastas e atores possam mostrar ao mundo o que nosso país passou na ditadura e o mal que um golpe milita causa a sociedade e que as pessoas que se encontram impunes perceba que o filme “Ainda estou aqui” mostre que para golpistas a anistia nunca deverá acontecer.
[1] https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/04/livros-didaticos-vao-negar-golpe-militar-e-ditadura-diz-ministro-da-educacao.shtml
https://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2019-04-03/ministro-da-educacao-quer-que-livros-didaticos-neguem-golpe-militar-em-1964.html
https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/04/04/ministro-da-educacao-diz-que-pretende-revisar-livros-didaticos-sobre-o-golpe-de-1964-e-a-ditadura-militar.ghtml
[2] https://www.brasildefato.com.br/2021/09/30/gestao-da-cultura-do-governo-bolsonaro-e-considerada-a-pior-das-ultimas-decadas-dizem-artistas
[3] https://www.adunicamp.org.br/noticias/governo-bolsonaro-promove-desmonte-de-instituicoes-culturais-construidas-ao-longo-de-decadas/