EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA - QUAIS CAMINHOS SEGUIR?
Eliete Catarina Vieira
Pedagoga. Especialista em Ed. Infantil, Alfabetização e Letramento. EMEF Novo Horizonte - Primavera do Leste, MT.
Maristela Ferreira de Freitas Viana
Pedagoga. Especialista em Psicopedagogia Educacional e Clínica, Português e Literatura. EMEI Mundo Encantado - Primavera do Leste, MT.
Ângela Cristina Busanello Caetano
Licenciatura Plena em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Clínica e Educacional. EMEI Mundo Encantado - Primavera do Leste, MT.
Marli Schilling Bernardes
Licenciatura em Normal Superior. Especialista em Psicopedagogia Institucional na área da educação. Pós graduação em ABA - Análise do Comportamento Aplicada. EMEI Rosidelma Allmeida Ferraz - Primavera do Leste, MT.
Graciene Paula de Arruda Souza
Especialista em Neuropsicopedagogia e Coordenação Pedagógica. EMEI Mundo Encantado - Primavera do Leste, MT.
O termo “eficiência” carrega um tom forte e uma imposição irrevogável. Segundo o Dicionário Aurélio Júnior (2011, p. 346) afirma que eficiência é a ação ou virtude de produzir o efeito desejado com bom aproveitamento do esforço aplicado. A “didática” vem de encontro correlacionado com essa eficiência, pois trata-se da arte de ensinar. A Didática deve desenvolver a capacidade crítica dos professores em formação. Articular conhecimentos adquiridos e como ensinar, refletindo para quem ensinar, o que devem ensinar e o porquê do ensinar.
Há uma preocupação com o embasamento teórico nas tendências pedagógicas e como se dá o processo de ensino aprendizagem. É necessária uma investigação das condições e formas que vigoram o ensino e, ao mesmo tempo, os fatores reais (sociais, políticos, culturais e psicossociais). Torna-se interessante a discussão sobre esses fatores, pois sabemos que sofremos influências, desde o meio social, até o nosso intelecto enquanto convictos de sermos seres humanos. Não somos seres isolados (LIBANEO, 1990).
Libâneo defende muito a formação para o processo produtivo e para a vida em sociedade. Vemos aí, uma estreita relação com as teorias de Morin, quando afirma que: “O conjunto beneficia o ensino porque o aluno busca relações para entender. Só quando sai da disciplina e consegue contextualizar é que ele vê ligação com a vida”.
É interessante quando analisamos as teorias de Morin e Libâneo. Elas estão bem relacionadas e vão de encontro com o bem comum, onde busca a formação integral do ser humano. Torna-se necessário integrar conhecimentos, pois eles não acontecem de forma isolada. Temos de ter a capacidade de entender, analisar, refletir e propor soluções para uma problemática global.
Quando Morin estabelece os sete saberes necessários à Educação do futuro, ele pensa exatamente nestes anseios. Reconhecer as cegueiras do conhecimento, que são extremamente necessários para poder compreender a realidade, é um dos saberes que Morin aponta. A formação ética é comum às teorias de Morin e Libâneo, daí vemos a necessidade desta convicção em nosso processo de ensino.
Para tanto, é necessário propor uma educação transformadora, onde parte do princípio democrático, pela participação de todos, lançando o olhar de um homem livre, racional, capaz de promover mudanças principiadas de suas convicções sociais e no pensar através da realidade do trabalho humano como obra de cultura.
Talvez um dos pontos centrais do ensino atual considere a integração das capacidades cognitivas, ajudando o aluno a interpretar e correlacionar conhecimentos mais complexos. Através do conhecimento de conteúdos é que o aluno desenvolve a capacidade de aprender. E é por meio da crítica e do pensar reflexivo que há uma relação com o cotidiano. Entender o complexo se torna extremamente necessário para visualizar a lógica total do sistema.
O ato educativo pautado na criatividade, transformação, incentivo e busca incessante da compreensão do complexo converge à dedicação que o educador deposita sobre seu ato social de educar. Compreender a educação como transformação social, pressupõe ver o homem não como um reservatório, depósito de conteúdos, mas sujeito construtor da própria história. A ação educativa é proporcionada através da relação educador e educando, mas é permeada pelo desejo e pela curiosidade, os quais favorecem a dinâmica de aprender com significado.
O intelecto do ser humano é uma pluralidade de ideias e habilidades, e neste ideário a inserção das TDIC (Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação) vem modificando o perfil do processo de ensino aprendizagem, favorecendo uma nova visão deste processo.
A educação é um processo de construção da consciência crítica. Então, como se dá esse processo? Essa construção começa com a problematização dos dados que nos chegam direta e indiretamente, através dos meios comunicativos numa perspectiva de conjunto. Durante anos de modificações, a educação brasileira sofreu diferentes transformações em sua construção histórica e no desenvolvimento de um “molde” adequado às diferentes realidades. Com relação à utilização de computadores não foi diferente, uma vez que a inserção deles já era pensada na década de 1970.
Neste momento histórico, no âmbito da ciência e tecnologia, apresento alguns marcos que justificam uma mudança nas vertentes do pensamento educacional. Talvez um impulsionador desta inserção seja o lançamento do primeiro microprocessador do mundo feito pela Intel, o lançamento do primeiro videogame do mundo e a televisão em cores começa a se tornar popular no final dos anos 70. Uma década marcada por muitos avanços e acontecimentos que favoreceram um amadurecimento e novas possibilidades de comunicação. Importante mencionar a criação da Coordenação de Assessoria ao Processamento Eletrônico (Capre) em 1972, para “assessorar o uso dos recursos informáticos da União e ser um centro para a criação de uma política brasileira para o setor de informática-microeletrônica” (MORAES, 2002).
Desde então a sociedade está diante de várias mudanças ocasionadas pelo desenvolvimento tecnológico, que por consequência afetam os modos de ensino e aprendizagem. Considerando a necessidade de a escola estar inserida no mundo globalizado e de oportunizar condições para que os alunos utilizem os recursos disponíveis para uma aprendizagem significativa, faz-se imprescindível uma reflexão acerca do novo papel que é exigido frente aos conhecimentos, a fim de se adequar diante da sociedade da informação, e também intencionando que os meios tecnológicos não sejam mais um modismo a entrar na escola.
O uso de ferramentas tecnológicas cada vez mais modernas e/ou sofisticadas aponta a influência que estas possuem sobre o modo de viver na sociedade atual. É necessário então, potencializar a aprendizagem através de tais elementos que se fazem cada vez mais presentes na vida do ser humano. No entanto, analisando por outro lado, ferramentas tecnologicamente simples podem apresentar resultados positivos quando boas estratégias pedagógicas são aplicadas.
A verdadeira integração do computador na realidade da escola supõe uma nova organização escolar mais descentrada, um currículo mais flexível, a inserção de novos tempos escolares, menos rígidos e programados, mudanças no próprio espaço da sala de aula. E isto não acontece de um dia para o outro; requer tempo, ajudas específicas, incentivos, toda uma estrutura de apoio. Nesta perspectiva, esta nova organização curricular é ditada pelos novos cenários de economia globalizada, que se apresenta como forma alternativa de sobrevivência (FREITAS, 2008).
Na atualidade, a internet se tornou uma das ferramentas mais utilizada pelo homem contemporâneo contribuindo ainda mais para a construção de um mundo talvez globalizado, pois para que esta “globalização” seja abrangente, é necessária que tal evolução chegue com uniformidade a todos, o que certamente não acontece. No entanto, busca-se cada vez mais um compartilhamento dos saberes culturais e dos conhecimentos elucidados ao longo dos séculos.
Valente (1998) aponta que o objetivo da utilização do computador na escola não deve ser centrado no que o aluno desenvolve, mas na filosofia de uso do computador e como ele está facilitando a assimilação de conceitos que permeiam as diversas atividades, favorecendo assim uma aprendizagem que lhe faça sentido e cause algum impacto benéfico e significativo em seu conhecimento.
O computador em sala de aula favorece ao aluno a busca de uma série de oportunidades, e é responsabilidade do professor mediar as informações, para que sejam pilares construtores do conhecimento, sem esquecer que este deve ser edificado de forma responsável, autônoma e consciente. Toda esta evolução e disseminação do conhecimento popularizou e potencializou cada vez mais o uso das TDICs nos diversos setores da sociedade, favorecendo mudanças nas relações econômicas, sociais e culturais. Tal dinamismo cultural que afeta a sociedade, interfere na escola e a educação também sente os efeitos da ampliação e democratização desses mecanismos tecnológicos.
Segundo Shaff (1995), percebe-se, que nos últimos anos, há um interesse e uma inquietação visível no âmbito educacional a respeito da inserção do computador na escola. O interesse parece se auto justificar pela possibilidade de novos métodos para se alcançar uma melhoria na qualidade de ensino; mas percebe-se que o grande dilema talvez fique diante do medo da substituição do homem pela máquina.
Outra evidência de tal crescimento é a ampliação do ensino à distância no país. Levantamentos apontam que a informatização das repartições públicas escolares em todo Brasil tem aumentado progressivamente, no entanto, o processo de incorporação de instrumentos midiáticos por parte das escolas ainda é lento e tem encontrado diversas dificuldades na sua implantação. Todavia, a explosão tecnológica tem proporcionado através da introdução das Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (TDICs) nas escolas uma melhoria na qualidade do ensino.
Muito se tem discutido sobre as potencialidades em torno das TDICs e suas aplicações na educação. Nessas discussões, reflete-se e problematizam-se contribuindo para ampliar ou renovar o ensino tradicional, visando à produção de conhecimento levando-se em conta que os meios informáticos oferecem acessos a múltiplas possibilidades de interação, mediação e expressão de sentidos, propiciados, tanto pelos fluxos de informação e diversidade de discursos e recursos disponível.
Nesse aspecto, Moran (2000, p.139) afirma que é impossível dialogar sobre tecnologia e educação, inclusive educação escolar, sem abordarmos a questão do processo de aprendizagem. Com efeito, a tecnologia apresenta-se como meio, como instrumento para colaborar no desenvolvimento do processo de aprendizagem. A tecnologia reveste-se de um valor relativo e depende desse processo. Ela tem sua importância apenas como instrumento significativo para favorecer a aprendizagem de alguém.