26/05/2022

Educação, Conhecimento e Ação

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Giles em seu livro Filosofia da Educação, publicado pela EPU 1983, elucida que a pesquisa científica afasta ideias e opiniões duvidosas e submete ao crivo da crítica, o que é corroborado por Fontes em sua obra A escuta pedagógica à criança hospitalizada: discutindo o papel da educação no hospital, publicado pela Revista Brasileira de Educação. Maio/Jun/Jul/Ago 2005, No 29 quando esclarece que sem pesquisa, fica impraticável mover a educação por este terreno pantanoso de informações mediáticas e modismos fugazes reforçados por fakenews, todavia, até que ponto a educação superior tem contribuído com pesquisas que fomentem conhecimento aplicável para que o país possa se desenvolver tecnologicamente.
Hoje o Brasil ocupa o 57º lugar entre 132 países no Índice Global de Inovação (IGI) e é sabido que a tecnologia e concomitância com a pesquisa alavancam o desenvolvimento de um país. 
Cabe ressaltar que o IGI é formado pela 
média de cinco pilares (Instituições, Capital humano e pesquisa, Infraestrutura, Sofisticação de mercado e Sofisticação empresarial) do subíndice Insumos de inovação e dos dois pilares (Produtos de conhecimento e tecnologia, e Produtos criativos) 

É percebido certa tendência nas universidades federais em atuarem na direção reversa, sem conciliação em relação aos objetivos entre pesquisa acadêmica e a pesquisa voltada para produção de tecnologia, já que grande parte das pesquisas acadêmicas não gera inovação, entretanto, pontuam a vida acadêmica de seus professores mestres e doutores, pois é comum nas políticas internas destas instituições pontuarem os currículos acadêmicos de seus docentes, satisfazendo uma necessidade pessoal e profissional em primeiro plano, todavia, quanto ao ponto de vista da produção tecnológica e/ou inovação, sãos deixadas lacunas, colocando-nos como clientes de tecnologias que nós teríamos condições de produzir, pois exportamos mais matéria-prima e menos produto de valor agregado e/ou tecnologia.
É comum em um paper não conter informações técnicas que permitam transmitir o conhecimento aplicável, ele simplesmente foca a sua importância, todavia, não se pensa em algo palpável que possa gerar uma tecnologia para minimizar problemas sociais, alavancar a indústria reduzindo o impacto ambiental, desenvolvendo energias sustentáveis, etc.
O Brasil ocupa a 13° posição em publicação de papers e a 57° no quesito tecnologia, em contrapartida, a Holanda é o 16° em papers e no IGI (índice global de inovações) é a 6°, o que demonstra que suas publicações são mais aplicáveis que a dos brasileiros.
Existe uma competição entre as universidades para gerar mais artigos, entretanto, estes ficam quase sempre na teoria, não gerando sucessivamente tecnologias que alavancarão o desenvolvimento do país e sua hegemonia políticoeconômica. 
Como ressaltado em meu livro Gestão do Conhecimento, Educação e Sociedade do Conhecimento, publicado pela ícone em 2010, o conhecimento tem que ser aplicável e não estéril, ou seja, um conhecimento essencial e suas ramificações ligadas à ação.
Cabe observar que não se trata de um problema de fulcro político partidário e sim cultural, já que o Brasil investe em muitas pesquisas científicas com baixo impacto social e mundial.
Masi em seu livro A Sociedade Pós-Industrial, publicado pelo SENAC em 1999 pontua que o desenvolvimento da tecnologia é o motor do desenvolvimento da sociedade, e partindo desta premissa, Burke e Ornstein, no livro O Presente do Fazedor de Machados – Os dois gumes da história da cultura humana, publicado pela Bertrand Brasil em 1998, elucidam que uma tecnologia muitas vezes demanda o desenvolvimento de outra em seu caminho.
Chinoy em seu livro Sociedade: Uma introdução à sociologia, publicado pela Cultrix em  2006, acrescenta que a tecnologia se apoia no conhecimento e ela é autogeradora; suas partes componentes acham-se, amiúde, tão intimamente ligadas que uma brecha num ponto acarreta progressos em outro.
Dito isso, que a nossa educação superior estimule mais pesquisas voltadas para o bem comum e para o desenvolvimento da nação.

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