27/04/2021

Educação como Bem Comum

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

O bem comum é algo que deveria ser o cerne de qualquer política, entretanto, os interesses escusos nela são predominantemente mais fortes que o coletivo.

Bobbio, Matteucci e Pasquino no Dicionário de Política, publicado pela Editora Universidade de Brasilia, publicado em 2004 esclarecem que o bem comum busca a felicidade natural e deve ser um valor político por excelência sendo este valor subordinado a moral e a ética.

Os autores reforçam também que é o princípio edificador da sociedade e o meio para qual ela deve se nortear do ponto de vista natural e temporal.

No bem comum, a conquista ela é coletiva e não mais se mexe, independente a situação política, seja ela direita, esquerda ou centro. É o que acontece em países de primeiro mundo no qual saúde, segurança, emprego, moradia, transporte e principalmente educação são considerados bens comuns e a prioridade dos governos é simplesmente mantê-los, independente a situação política ser ou não favorável ao seu governo.

Nichiata et al no artigo intitulado O público na saúde pública: a produção do (bem) comum, publicado em 2015[1] apontam que existe uma limitada visão de que a produção do bem comum é de responsabilidade do Estado, entretanto, nos dias atuais as políticas públicas estão voltadas aos interesses da acumulação de capital.

Correia em seu artigo Por uma crítica imanente sobre os limites das políticas públicas de direitos sociais e o Estado na produção do bem comum no modo de produção capitalista, publicado em 2015[2], salienta que o Estado é responsável pela produção do bem comum, e cabe a ele proteger a coletividade sempre agindo em conformidade com o interesse coletivo voltado para o bem comum, e uma forma de garantir isso é através da educação.

Dito isso, Souza em seu livro Introdução a Sociologia da Educação, publicado pela Autêntica em 2007, enfatiza que a escola passou a ser reivindicada para a educação do povo, e esta educação, vinculada à escola, passou a ser vista como um direito do cidadão e um dever do Estado, assim sendo, passa a ser um bem comum que o Estado deveria fazer de tudo para no mínimo, oferecer uma educação de qualidade e também uma melhor valorização de seus profissionais.

Aranha em seu livro História da Educação, publicado pela Moderna em 2000, enfatiza que em tempos remotos houve o Manifesto do Pioneiros da Educação Nova. Este documento "defende a educação obrigatória, pública, gratuita e leiga como um dever do Estado, a ser implantada em programa de âmbito nacional".

Para Aranha, ao mesmo tempo que este Manifesto defende a educação pública de qualidade, ele faz também duras queixas ao sistema dual, ou seja, a escola para os ricos e outra para os pobres, e desta forma, o documento reivindica a escola básica única.

Vale observar nas falas da autora que este documento tem a sua representatividade quanto a tomada de consciência de defasagem entre a educação e as exigências do desenvolvimento.

Romanelli em seu livro História da Educação, publicado pela Vozes em 2003 esclarece que este Manifesto sugere em que deva consistir a ação do Estado, reivindicando a laicidade do ensino público, a gratuidade e a co-educação. Isso traz um pertencimento ao cidadão e com isso, a educação passa a ser um direito vital e inalienável e de certa forma, cabe ao Estado assegurar este direito e fazer com que esta educação seja igual para todos, independente as camadas sociais.

Pode-se perceber com as falas acima, que a educação tem que ser vista como um bem comum, pois o futuro de uma nação depende das crianças que serão educadas pelos professores. Assim como a nação precisa de seus médicos para lidarem com seus doentes, dos engenheiros para lidarem com obras na parte cálculos e de outras profissões com mesma importância para sociedade, entretanto, o professor lida com o que temos de maior valor em nossa vida que são nossos filhos que representam o futuro da nação e de nossa descendência. .

 

 

[1] Para mais informações vide NICHIATA, Lucia Y. Izumi et al. O público na saúde pública: a produção do (bem) comum. Saúde e Sociedade [online]. 2015, v. 24, suppl 1 [Acessado 25 Abril 2021] , pp. 6-8. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0104-12902015S01200>. ISSN 0104-1290. https://doi.org/10.1590/S0104-12902015S01200.

[2] Para mais informações vide CORREIA, Marcus Orione Gonçalves. Por uma crítica imanente sobre os limites das políticas públicas de direitos sociais e o Estado na produção do bem comum no modo de produção capitalista. Saúde e Sociedade [online]. 2015, v. 24, suppl 1 [Acessado 25 Abril 2021] , pp. 55-65. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0104-12902015S01005>. ISSN 0104-1290. https://doi.org/10.1590/S0104-12902015S01005.

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