21/10/2022

Educação: Another Brick in the Wall

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

A educação nos permite perpassar por várias searas como arte, música, política, cotidiano, sociologia, filosofia, saúde, religiosidade, dentre outras, no entanto, a música deixa aqui o seu recado, o seu encanto, principalmente quando se trata de um clássico do Rock, gostos que a muitos jovens hoje desconhecem, pois aliena-se com suas músicas sem conteúdo.
Não cabe aqui nenhuma censura quanto aos gostos musicais dos caros leitores, mas vocês hão de convir, caso a cultura de vocês tenham permeado pelo Rock do Pink Floyd, que a música Another Brick in the Wall tem representado de forma direta o nosso atual sistema educacional, principalmente com a militarização de algumas escolas, cujas reclamações têm crescido exponencialmente.
Cabe pontuar a gritante diferença entre uma escola militar que corresponde a uma das melhores no Brasil, com a militarização de escolas públicas que diverge totalmente da anterior.
Segundo a UBES, uma escola militar além de ter um ensino de excelência, ela prepara o seu aluno para carreira militar; podendo pertencer ao exército, polícia militar ou corpo de bombeiros, e são mantidas pelo Ministério da Defesa, enquanto as escolas públicas militarizadas, encontram-se nas responsabilidades das secretarias públicas ou estaduais e são mantidas pelo Ministério da Educação.
A militarização das escolas fere a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) já que este tipo de escola padroniza estudantes, proíbe diferenças e diálogos sendo que neste contexto não existe pluralidade de ideias.
A UBES esclarece que a Constituição vê o direito à educação visando “o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania”, não só a qualificação para o trabalho, sendo assim, a militarização fere a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; abdica do pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e do respeito à liberdade e apreço à tolerância.
Esta militarização se baseia em uma gestão autoritária sobrepondo a gestão democrática, ao invés de professores especializados na coordenação, encontram-se militares sem conhecimento e experiências pedagógicas com crianças e adolescentes, dentre outros problemas oriundos do autoritarismo e até mesmo assédio moral.
Cabe ressaltar que a militarização das escolas vai na contramão da educação como prática da liberdade, da autonomia, do protagonismo cognoscente muito defendido por Paulo Freire na Pedagogia do Oprimido, e no caso da militarização é trabalhada a pedagogia do dominante, que se adéqua perfeitamente a este contexto por estar inserido neste a prática da dominação.
Dito isso, podemos fazer uma analogia da militarização das escolas públicas com a música Another Brick in the Wall lançada em 1979, que caso alguém não conheça, ela retrata o sistema educacional com um viés de opressão e exigências alienantes e fascistas, por isso nossos alunos são apenas mais um outro tijolo no muro.
Assim sendo, que possamos instigar nossos alunos a deixarem de ser apenas um tijolo neste muro passando a ser o alicerce de uma sociedade mais justa e humanizada.

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