Educação: Admirável e Desvalorizada Profissão do Professor
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
Falar sobre a desvalorização do professor é algo que perpassa por várias searas do sistema educativo; sistema político vigente, sociedade, metodologias aplicadas, sucateamento das instituições, falta de respeito por parte dos familiares e em concomitância do próprio corpo docente, e muitas outras variáveis, entretanto, em alguns casos precisamos colocar a mão na ferida e perceber uma situação que poucos percebem, a depreciação está em nós também como profissionais.
O nosso desmerecimento começa quando relutamos em ficar atualizados achando que o Estado é responsável por nossa formação depois de adquirir a licenciatura, além da falta de empatia entre os pares.
O nosso desabono está também em acreditar que somos melhores que muitos companheiros de classe, achando que um docente de ensino infantil fundamental I e II ou até mesmo médio merece ganhar uma mais que o outro, desvalorizando paralelamente o trabalho alheio.
Nos desprestigiamos quando acreditamos que a educação não deve politizar seus alunos e com isso, nos tornamos despolitizados, sem senso crítico, e conformados com a situação a tal ponto de aceitar verborreias como docência é um sacerdócio e de que trabalhamos por amor, mas sim, com amor e por isso precisamos de salários dignos como qualquer outra profissão.
O aviltamento vai acontecendo no dia a dia, no cansaço da labuta, na perda da vontade em querer mudar o mundo, porque querendo ou não, somos referências para outras pessoas e precisamos acreditar em nosso trabalho.
Como discutido por mim no livro Educação um Ato Político, publicado pela Autografia em 2019, a educação é uma ação voluntária e essa ação tira qualquer neutralidade.
A nossa neutralidade está levando a escassez da profissão, o que é corroborado na pesquisa mencionada na obra supracitada em que o relatório de Políticas Eficientes para Professores da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas 2,4% dos jovens brasileiros querem ser professores, e isso é fruto de acordo com a pesquisa, ao pouco reconhecimento social e aos salários.
Observe que reconhecimento social e baixo salário só é uma causalidade da nossa desvalorização, o que agrava ainda mais nesta pesquisa é que o perfil traçado nela é de que a carreira docente está se tornando periculosa, o que é confirmado pelo Instituo Locomotiva a pedido do sindicato dos docentes paulistas (Apeoesp) em que pontuou que mais da metade dos docentes relatam ter sofrido algum tipo de agressão, 84% dos professores afirmam já ter presenciado algum tipo de agressão, dente elas, 74% falam em agressão verbal, 60% em bullying, 53% em vandalismo e 52% em agressão física[1].
A profissão docente está estigmatizada, a ponto de representantes políticos acreditarem que a carreira docente é uma condição sine qua non de profissionais frustrados que não passaram em faculdades que não seja de licenciatura (engenharia, administração, arquitetura, etc...), ou por acharem que é menos concorrido.
O fato alertado na obra Educação um ato político , elucida sobre a escassez da docência, fato que a longo prazo abrirá espaço para a real valorização da categoria devido à ausência de profissionais licenciados, ou será inserido profissionais de áreas afins com notório saber nas escolas alienando de vez nossos educandos.
[1] https://g1.globo.com/educacao/noticia/brasil-e-1-no-ranking-da-violencia-contra-professores-entenda-os-dados-e-o-que-se-sabe-sobre-o-tema.ghtml