Educação 6%

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Não precisa ser nenhum especialista em educação para entender que a sociedade reflete a educação que foi oferecida ao seu povo e vice versa, como afirmado no livro Educação um ato político, publicado pela Autografia em 2019, quando afirmo que a mesma pode ser vista como redenção da sociedade, reprodução da sociedade ou transformação da sociedade, e esta está na atual conjuntura está criando, ou seja, reproduzindo verdadeiros gados de manobra.

Da mesma forma, podemos afirmar que esta mesma educação não tem sido formadora de agentes protagônicos cognoscentes, visto que a mesma na atual conjuntura tem como população uma gama de pessoas alienadas, e domesticadas subalternas.

            Reforçando as falas de Darcy Ribeiro quando afirmava que a crise da educação pública brasileira não se passa de um projeto, e hodiernamente, nosso governo ratifica ainda mais as falas acima, pois em seu primeiro ano de governo, segundo reportagem realizada por Passarelli, elucidada que MEC gastou somente 6% de recursos livres para Educação Básica[1], em contrapartida, o gasto com importações de armas e munições atingiu o maior índice no país[2].

            É lamentável a comprovação de que nossos parlamentares não sejam bons leitores, pois caso fossem, teriam conhecimento da Lei de Thcékhov, que segundo Harari em seu livro Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã, publicado pela Companhia das Letras em 2016, é baseada em uma famosa declaração de Anton Thcékhov, ao esclarecer que, se uma arma aparece no primeiro ato de uma peça, é inevitável que a mesma seja disparada no terceiro.

            Segundo Thcékhov todos que adquirem uma nova arma, cedo ou tarde serão tentados a usá-la e assim tem sido.

            Segundo dados da BBC Brasil, o número de novos registros de arma de fogo no Brasil teve um aumento de 90% em 2020, em comparação ao ano anterior. Vale ressaltar que estes dados referem-se apenas as armas que ficarão as mãos de civis.

            Observe que Thcékhov tinha razão. Brandalise complementa ao esclarecer em seu texto que aumento na posse de armas eleva feminicídios em casa. Tais informações são corroboradas por Infante ao destacar que quase metade dos feminicídio são cometidos por armas de fogo[3].

            Manso, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP (Universidade de São Paulo), enfatiza que "a maior parte dos latrocínios (roubo seguido de morte) acontece quando a pessoa está armada.”[4]

            Assim sendo, pode-se observar que nosso governo tem ido na contramão da das pesquisas cujos resultados mostram que investimento em educação reduz criminalidade, já que uma tese de doutorado defendida na USP mostra que a cada investimento de 1% na educação, 0,1% do índice de criminalidade é reduzido[5].

            As falas acima são corroboradas por Leal[6] em seu artigo Mais educação, menos violência. Para a autora, a educação deveria ser a maior preocupação de um governo, e infelizmente, é o que de menos importante temos, já que apenas 6% de seu orçamento foi utilizado, dito isso, a autora afirma que sem educação a população não evolui, o País não se desenvolve, a pobreza desponta e a criminalidade avança.

            Dito isso, que o investimento em educação não fique apenas nas palavras, e que este investimento seja realmente efetivado e não apenas para demagogos angariar votos, valendo lembrar e cobrar ao atual governo que fazia parte de seu projeto dar ênfase à educação infantil, básica e técnica[7], coisa que se resumiu a uma pífia porcentagem, mostrando mais uma vez o quão é ardiloso e vil o nosso maior representante.