Educação 4.0
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
A educação segue três tendências são elas; educação como redenção da sociedade; educação como reprodução da sociedade e educação como transformação da sociedade.
Obviamente todos buscamos transformar a sociedade, pois educar é um transformar-se. De um ser ignóbil, transformamo-nos em um ser crítico e protagônico, e com concomitância, transformamos a sociedade.
Por encontrarmo-nos em uma sociedade do conhecimento, a educação hoje deve ser vista como uma educação 4.0. Apesar de muitos citarem este termo, poucos são os que realmente entendem a dimensão desta educação perante seus educandos.
Não existe uma comparação com a indústria 4.0, pois esta é conhecida como a quarta revolução industrial, que segundo Cavata et al[1], no artigo Highlighting the benefits of Industry 4.0 for production: an agent-based simulation approach, pubicado em 2020, originou-se de uma corrida tecnológica para oferecer em vários setores soluções, produtos e serviços, buscando vantagens comerciais competitivas com a promoção de produtos e serviços compatíveis com os conceitos desta indústria que formam a base para a construção de manufatura avançada.
Dito isso, podemos perceber que o conhecimento é o processo transformador, entretanto assim como este conhecimento é visto como o cerne da industria 4.0, ele tem que ser trabalhado na educação 4.0, isso porque se analisarmos a evolução da educação, antes a mesma se dava por memorização, e era vista sob o prisma de uma pedagogia dominante, baseada na concepção bancária, muito alertado por Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa, publicado pela Paz e Terra em 1996. Segundo o autor, o ensino bancário deforma a criatividade do educando, bem como do educador, além de fomentar no educando uma domesticação subalterna.
A educação 4.0 tem o seu fulcro na produção de um conhecimento pertinente e que tem como fonte tecnologias disponíveis pela indústria 4.0.
Vale ressaltar que este tipo de educação foi reforçado com o isolamento social, visto que as instituições educacionais públicas e privadas tiveram que rever suas modalidades de ensino, migrando de uma modalidade presencial para remota, fazendo assim, uso de tecnologias de informação e comunicação.
Entretanto surgiu a necessidade de rever algumas metodologias pedagógicas. O que era comum na modalidade presencial teve que ser revisto na modalidade remota, fazendo uso de novas metodologias ativas.
Em outras palavras, precisou-se trabalhar a autonomia do educando e o professor teve que rever o seu papel, pois este passou a ser um intermediador entre o aluno e o conhecimento,
Nesta nova educação, as informações passam a ser mais semânticas e a pesquisa passa a ser essencial para aguçar o poder de discernimento do educando, corroborando com as falas de Freire quanto ressalta que não há ensino sem pesquisa e tampouco pesquisa sem ensino.
Na educação 4.0, os ideais freirianos são ratificados, já que ensinar não é transferir conhecimento, e sim criar possibilidades para que o educando tenha a sua própria produção ou construção.
Interessante perceber que neste tipo de educação, o educando não se limita apenas ao domínio das tecnologias, é imprescindível que ele desenvolva o senso crítico para questionar as informações e fugir das relativizações bem como falácias impostas por fakenews.
Sendo assim, que nós educadores possamos aproveitar a oportunidade de oferecer uma educação com qualidade para que nossos alunos neste isolamento, possam desenvolver o seu potencial sem perder a sua humanização e tampouco se deixar alienar, como era feito em tempos de aulas presenciais.
[1] CAVATA, Julio Takashi et al . Highlighting the benefits of Industry 4.0 for production: an agent-based simulation approach. Gest. Prod., São Carlos , v. 27, n. 3, e5619, 2020 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X2020000300301&lng=en&nrm=iso>. access on 02 Aug. 2020. Epub June 29, 2020. http://dx.doi.org/10.1590/0104-530x5619-20