Ecologia
Silmara Helena dos Anjos
Ecologia
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................. 01
PARTE I .......................................................03.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................... 11
CAPÍTULO 1................................................. 04
Objetivo
Problematização
CAPÍTULO 2................................................. 25
A ecologia como ética pratica
Gestão e educação ambiental
Mística que parte da ética
Ecologia como ciência e paradigma
Abordagem
BIBLIOGRAFIA............................................ .
Autor Rger Dajoz
Obra Ecologia Geral
Conclusão............................................................ 38
Resumo........................................................ 02
REFERÊNCIAS
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Instituto Astronômico e Geográfico. Anuário
Astronômico. São Paulo, 1988.
Resumo
Teorias sobre a natureza e teorias sobre a sociedade possuem uma história de interconexões. Uma concepção da natureza pode ser compreendida como uma projeção, no cosmos, da percepção humana a respeito de si mesma e da sociedade. Contrariamente, as teorias a cerca da natureza têm sido interpretadas historicamente como incluindo implicações sobre a maneira pela qual os indivíduos ou grupos sociais se comportam ou teriam obrigação de se comportar.
INTRODUÇÃO
Como o próprio título sugere, este trabalho trata de Educação, que é o ato de envolver, fazer parte, pertencer...
À educação cabe a tarefa de desenvolver nos indivíduos o sentimento de pertencimento. Segundo MORIN (2000), educar para a identidade terrena é um dos sete saberes fundamentais de toda educação do futuro. É necessário aprendermos a ser terrenos, a estar no planeta e a nos comunicarmos com ele de forma dialógica. Precisamos, como afirma GADOTTI (2000) de uma “ecopedagogia” ou de uma “pedagogia da Terra”: “participamos de uma comunidade comum de destino e a consciência planetária pode nos alertar
e/ou sensibilizar sobre a tarefa de instituirmos relações harmoniosas e sustentáveis com a Terra-Pátria”.
Sem uma educação sustentável, “a Terra continuará apenas sendo considerado como espaço de nosso sustento e de domínio técnico-tecnológico, objeto de nossas pesquisas, ensaios e, algumas vezes, de nossa contemplação. Mas não será o espaço de vida, o espaço de aconchego, de cuidado”.
Promover a Educação Ambiental (EA), no contexto do processo pedagógico, tem sido objetivo de pesquisadores e educadores, preocupados em traçar uma perspectiva sustentável para as futuras gerações e o futuro do planeta, como um todo.
Nestes últimos 50 anos, tivemos alguns encontros com a Terra e deles saímos quase sempre maravilhados. Do célebre enunciado de Yuri Gagárin, “A terra é azul”, passando pelas inúmeras vezes em que recebemos imagens vindas do espaço a Terra, nossa Gaia (LOVELOCK, 1991) foi afetivizada, tornou-se não apenas bela, sedutora como também familiar.
O cinema científico assim como mídias especiais tais como National Geographic, Discovery Chanel, revistas científicas e profusões de imagens veiculadas por toda parte trouxeram esta nova visibilidade para nossas referências geográficas e afetivas. Haverá a possibilidade de vivenciar uma experiência fascinante na tela do seu computador: verá uma imagem da Terra, instantânea, ao vivo, com seus continentes e oceanos.
Dependendo da hora, verá terras e águas ensolaradas, nuvens, escuridão e luzes dos grandes aglomerados urbanos. nesse momento você será ao mesmo tempo observador e observado. Autor e personagem, criador e criatura. De fato, atingimos uma tecnologia sofisticadíssima!
OBJETIVOS
O tema sobre meio ambiente, obrigatório na discussão dos destinos do planeta, é desses que todos os dias estão nas páginas dos jornais e na voz dos noticiários de rádio e tevê. Acompanhá-lo, saber de seu alcance e implicações, acrescentar argumentos na medida da importância a que faz jus, é dever de todas as pessoas conscientes da sociedade em que vivem.
Devemos conceber a questão ambiental de um ponto de vista amplo, não meramente como uma questão ecológica, integrando, dessa forma, suas “diversas dimensões: econômica, social, política e ecológica“ Tratar de EA é, ao mesmo tempo, como já frisamos, tratar de Educação. Assim, aqueles que planejam e ditam os rumos do processo educativo ambiental, não expõem apenas idéias, mas uma ideologia.
A pesquisa que originou esse trabalho deu-se através de consulta bibliográfica dos documentos dos encontros internacionais e nacionais e de textos de pesquisadores voltados à causa ecológica. A EA, nos dias atuais, implica um processo de reflexão e tomada de consciência dos “processos sócio-ambientais emergentes que mobilizam a participação cidadã na tomada de decisões, junto com a transformação dos métodos de investigação e formação, a partir de uma visão holística”
Além da percepção de professores, em relação à educação ambiental, a pesquisa de ecologia, na forma de um questionário, também aplicado aos estudantes, pretende servir como contribuição para a humanização de um ensino que, cada vez mais, possa ir ao encontro dos anseios mais íntimos do auto-conhecimento.
Procuramos primeiro nos relacionar bem uns com os
outros, mas mesmo para chegarmos a isso ainda existe uma etapa anterior que é, segundo BOTTINI (2007) “a de cada um se relacionar bem consigo mesmo: um mergulho nas subjetividades de cada um, nas micro-políticas dos desejos, para desvendarmos os profundos e reais motivos de nossas mazelas.”
Sustentamos, assim, uma hipótese de que os estudantes dos terceiros anos do ensino médio receberam, ao longo de sua carreira de estudantes, uma idéia de meio ambiente muito vinculada aos aspectos físicos, naturais, que explora as investigações sobre os efeitos destrutivos do cloroflúorcarbono no ozônio estratosférico, mas pouco se ocupa das relações humanas e das realidades íntimas do indivíduo. A dimensão ambiental está associada a todas as dimensões humanas.
Assim, nas palavras de SACHS (1999) “os conceitos estão entrelaçados, interligados, articulados, permitindo possíveis trânsitos de múltiplos saberes, sem se reduzir a nenhum”. Pela sua multidimensão, a EA trás um enfoque interdisciplinar para sua abordagem. Pretendemos compreender os sentidos e significados que vêm sendo atribuídos à educação ambiental, que acontece em “n” espaços/tempos da escola, das mídias e de outros contextos vividos.
A arte do magistério é bastante complexa. “Além de abraçar uma profissão, no momento, socialmente pouco prestigiada. os incômodos do apenas relativo sucesso no ato de ensinar ademais de quase sempre lhe ser “ imputada a culpa pelos fracassos de seus alunos, o professor vive situações profissionais extremamente ambíguas” Porém, o professor apoiando-se na sua experiência profissional, assume sua prática.
Entretanto, de um lado, não está sempre plenamente satisfeito com o que faz e com os resultados que alcança. Por outro lado, os que ensinaram lhe, cada qual ao seu modo, manifestaram as suas próprias certezas e convicções. O professor percebe que nem sempre as certezas dos outros são adequadas aos seus alunos e à escola na qual trabalha. Há um fosso a transpor e quase nunca lhe ensinaram como transpor. “A dicotomia vivida permanentemente pelo professor no magistério”, no dizer de é a “vivência entre um ideário que não obrigatoriamente é seu ( mas que assim o internalizou) e sua prática cotidiana”. Para o caso da EA a situação é mais complicada devido à diversidade de ações e práticas possíveis, eis que sua temática é nitidamente multidisciplinar e envolve diferentes áreas do conhecimento, tais como Agronomia, Arquitetura e Urbanismo, Ciências Sociais, Comunicação, Engenharia, História, Geografia, Saúde Pública, Geologia, Física, Química, Biologia, entre outras.
Posto isto, um único professor responsável pela disciplina Educação Ambiental numa escola, encontraria muitas dificuldades. Que práticas podem e devem ser realizadas nas escolas para promover a EA? Quem delas deve participar? O que deve ser feito para que essas práticas efetivamente promovam uma educação ambiental sem reducionismos? “EA deve estar presente em todas as disciplinas”.
Enfim, esta abordagem tem o propósito de provocar reflexões sobre atitudes ecológicas (crenças, valores), que constituem os elementos para pensar a formação ecológica dos sujeitos no mundo (público-alvo: professores e alunos).
PROBLEMATIZAÇÃO
A palavra ecologia foi criada em 1866 pelo biólogo alemão Ernst Haeckel (1834-1919), com a publicação do seu livro Morfologia geral dos organismos como um capítulo da sua biologia, para designar o estudo das relações existentes entre todos os seres vivos e não-vivos entre si e com seu meio ambiente. Qual é a conceituação de ecologia e quais são os enfoques dados à questão ambiental pelos estudantes dos terceiros anos do ensino médio?
Partimos da idéia de que esses estudantes ocupam o topo da educação formal brasileira, e de que investigando os seus pontos de vista sobre a relação homem-natureza podemos obter um quadro bastante representativo do papel da educação, principalmente escolar, na preparação do indivíduo para o convívio sócio-ambiental.
Somos colocados diante dos avanços da Ciência e da Tecnologia, mas “cegos” das conseqüências de suas aplicações. Problemas sociais são cotidianamente apresentados à população sem, contudo, que a grande maioria tenha consciência real da amplitude e de seu grau de envolvimento.
Independentemente do ponto de vista que se observa é inegável que a questão ambiental expõe pontos cruciais sobre o nosso futuro ou, mais precisamente, sobre o tipo de futuro que podemos almejar. Exposta de forma consciente ou não, as pessoas talvez não possuam o esclarecimento necessário sobre o meio ambiente para alcançar “ uma melhor compreensão dos fatos que a capacitem a desempenhar ações transformadoras adequadas e de alcance efetivo. portanto, sequer é capaz de levantar os principais agentes poluidores e suas formas de atuação.
Como a temática ambiental pode – e deve ser avaliada pelos seus múltiplos aspectos (científico, social, econômico, político), procuram levantar pontos para sua análise, buscando aspectos teóricos de questões significativas acerca do desenvolvimento histórico da EA, discutindo sua institucionalização no Brasil, bem como suas possibilidades e contradições.
Ainda que outras abordagens sejam possíveis, a análise das referências bibliográficas nos chama a atenção para algumas (das muitas) reuniões internacionais que contribuíram de forma significativa na delimitação do campo da EA.
Nesses encontros técnicos foram apresentados inúmeros tópicos importantes para a definição do campo da EA, tanto em termos mundiais, como, para o Brasil.
A evolução do conceito de Educação Ambiental, desde o seu aparecimento em 1965, na Royal Society of London, quando foi associado à preservação dos sistemas vivos, continuou na década de 70, quando a União Internacional de Conservação da Natureza (UICN) associou o mesmo à conservação da biodiversidade. Um processo de reconhecimento de valores e elucidação de conceitos que levam a desenvolver as habilidades e as atitudes necessárias para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios físicos. “A EA também envolve a prática para as tomadas de decisões e para as autoformulações de comportamentos sobre os temas relacionados com a qualidade do meio ambiente”.
No fórum das Organizações Não Governamentais (ONGs) realizado paralelamente à Conferência Rio 92(a qual produziu a Agenda 21), referendando e ampliando o conceito anterior, o Tratado de Educação Ambiental Para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, ”reconhece o papel central da educação na formação de valores e na ação social e para criar sociedades sustentáveis e eqüitativas ( socialmente ) justas ecologicamente equilibradas“, e considera a EA “um processo de aprendizagem permanente baseado no respeito a todas as formas de vida, o que requer responsabilidade individual e coletiva em níveis local, nacional e planetário”.
Como se vê aqui já se constata uma profunda transformação de uma “visão extremamente naturalista e antropocêntrica (animais e plantas servem para...), confundindo natureza e meio ambiente (que é uma representação social), para uma conceituação que envolve outras dimensões, além da ecológica: afetiva, social, histórica, cultural, política, ética e estética.
A própria Constituição de 1988 e a Lei da Educação Ambiental (Lei 9795 de 27/04/99) incorporam esta evolução conceitual,” Entende-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Desde a Revolução Neolítica, com o desenvolvimento da agricultura, a humanidade esteve associada à Natureza. O homem avançou rapidamente rumo ao desenvolvimento tecnológico e ao controle da natureza. Hoje, o ser humano está perplexo por chegar aonde chegou.
Uma observação, ainda que breve, do processo de evolução humana permite evidenciar que o projeto civilizatório inicial foi sendo gradativamente alterado, tendo em vista novas necessidades, novos desejos. Conforme aumentava a capacidade humana de interferir na natureza, de transformá-la em fonte de recursos para satisfação específica, alterava-se a noção mais elementar de espaço comum a uma diversidade de seres ( inclusive humanos). Os reflexos ambientais provenientes da nossa forma de apropriação da natureza talvez sejam o grande freio natural que vai estabelecer limite às ações humanas.
A grande questão que se coloca hoje é: será possível a sustentação dessa sociedade por muito tempo? O que se discute, então, é que o maior instrumento para alcançar o desenvolvimento sustentável é o consumo sustentável [tese de técnicos do Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente. Fato de que: “a ciência
enquanto empreendimento humano nunca serviu apenas para gerar riquezas e bem-estar para o homem”.
De certa forma, o desenvolvimento da ciência não só permitiu a solução de problemas como determinou uma profunda modificação na forma de se ‘ver’-e alterar a Natureza. É justamente nesse ponto que começam a surgir áreas de conflito na relação estabelecida entre o homem e o meio ambiente, especialmente quando se discute o uso do espaço e dos recursos naturais. Portanto: ”quando se trata de discutir a questão ambiental, nem sempre se explicita o peso que realmente têm as relações de mercado, de grupos de interesse, na determinação das condições do meio ambiente, o que dá margem a interpretação dos principais danos ambientais, como fruto de uma maldade intrínseca ao ser humano”.
A ecologia está organizada através de um corpo teórico que considera o homem como elemento constitutivo de um dos muitos ecossistemas que deve ser mantido em equilíbrio, enquanto ambientalismo/ecologismo denota a doutrina ou a participação política cujos discursos teóricos e ações práticas têm o objetivo de aproximar homem e ambiente natural corrigindo possíveis falhas.
Traçando uma linha cronológica da evolução histórica da Ecologia enquanto ciência, notamos que, desde os tempos mais remotos na antiga Grécia, os trabalhos de inúmeros filósofos continham referências a temas ecológicos. Hipócrates (460-377a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.), dentre outros, desenvolveram idéias e descreveram princípios ecológicos, muito embora os gregos não possuíssem uma palavra específica para ecologia.
Os antigos gregos, dentre eles Teofrasto (372-288 a.C.), Caius Plinius Secundus, mais conhecido como Plínio, o Velho (23-79 d.C.) e Hipócrates, já demonstravam em seus estudos preocupação com aspectos “ecológicos” da Natureza. À parte a importância de Aristóteles para a ciência ocidental, suas ricas observações apontavam um trabalho de tão alta qualidade, que acabaram por torná-lo precursor ou “visionário” da área em questão.
Séculos mais tarde, diferentes cientistas do Renascimento realizaram diversos e interessantes trabalhos no campo da Ecologia, mesmo que nunca tenham se preocupado em referir-se a essa palavra como definição ao seu campo de estudo.
As idéias “ecológicas” dos cientistas da Idade Moderna (séculos XVIII e XIX ) mostravam-se contaminadas por uma noção aristotélica finalista e divina, que não permitia questionar as relações entre os seres vivos.
Dessa forma, somos levados a acreditar que consagrados cientistas como Carl Von Linneu (1707-1875), Charles Lyell (1797-1875), Charles Darwin (1809-1882) e mesmo Ernst Haeckel (1834-1919)-considerado pai da Ecologia-, apesar de terem contribuído de forma significativa na fundamentação de campos teóricos específicos relacionados à Ecologia, foram de pouca significância na organização dessa como ciência.
Para Lineu, os princípios reguladores dos ecossistemas estavam fundamentados em uma finalidade e um equilíbrio providenciais. Conforme ACOT (1990), referindo-se a Lineu, “ tudo o que cai sob nossos sentidos, tudo o que se apresenta ao nosso espírito e que merece ser observado, por sua disposição, concorre para manifestar a glória de Deus, isto é, para produzir o fim que Deus quis como finalidade última de todas as suas obras”. Somente com Alexander von Humboldt(1769-1859 e suas pesquisas de análises relacionais entre vegetações e climas, surge a oportunidade que permite resgatar “ a tradição lineana do pensamento dos equilíbrios naturais, propõem o conceito de comunidade biológica, serve de marco, a partir do qual fica implícito que qualquer estudo biogeográfico e descritivo deve conceber as plantas e animais em seu conjunto, nas comunidades naturais.
Para DAJOZ (1983), Ecologia é a “ciência que estuda as condições de existência dos seres vivos e as interações, de qualquer natureza, existentes entre esses seres vivos e o seu meio”. Descrição tão ampla pode parecer incoerente para um campo cuja origem dos estudos foi basicamente fundamentada na Geografia e na Biologia. Entretanto, é importante ressaltar que os ecólogos atuais utilizam conceitos, métodos e resultados de diferentes campos da ciência, tais como a matemática, a física e a química, na tentativa de desenvolver uma visão geral dos processos que integram os mais diferentes organismos em seu contexto ambiental.
Assim, a Ecologia como ciência considera os organismos em meios repletos de inúmeras variáveis, o que a torna uma área complexa de estudo. No que concerne à integração da Ecologia com outras áreas constata se o estreitamento de relações entre as ciências naturais e sociais, uma vez que os grandes problemas da humanidade são de natureza ecológica. As incursões e mesmo apropriações da Ecologia por outros campos estão diretamente relacionados ao fato de que o comportamento humano tem muito a ver com a estrutura e função dos ecossistemas.
Os “serviços dos ecossistemas” são os benefícios que as pessoas recebem deles. Segundo o “Relatório do Grupo de Trabalho da Estrutura Conceitual da Avaliação Ecossistêmica do Milênio”, organizado por BOTTINI ( 2007), nestes serviços se incluem os serviços de abastecimento: alimento e água; os de regulação: secas, inundações, degradação do solo e enfermidades; serviços de apoio: formação do solo e os ciclos dos nutrientes; e serviços culturais, como os recreativos, espirituais, religiosos, e outros benefícios intangíveis (estéticos, educacionais, herança cultural, sensação de fazer parte de um lugar, inspiradores). Isto tudo tem a ver com o bem-estar humano, que é afetado não só pela diferença entre oferta e demanda dos serviços dos ecossistemas, mas também pela maior vulnerabilidade dos indivíduos, das comunidades e das nações.
Conforme já nos referimos, as interferências humanas nos ecossistemas naturais podem ser percebidas desde o século XVIII; contudo, a escala e a intensidade dos impactos se fazem sentir mais nitidamente no meio ou
ambiente, como elementos diferenciais da atividade produtiva, a partir do século XX. De forma gradativa, os avanços científicos começaram a ser aplicados para incrementar o bem-estar e conforto das pessoas; essa progressão, contudo, gerou uma falsa idéia de inesgotabilidade dos recursos naturais.
Como, ao longo do tempo, a interferência humana na Natureza se torna cada vez maior, as populações humanas não demoraram a perceber uma “resposta” do meio ambiente. Assim, a relação homem-natureza abre espaço para o intercruzamento com as disciplinas humanas e para as discussões sobre os prejuízos provocados ao meio ambiente.
Diante da possibilidade de intercruzamento da ecologia com outros campos do conhecimento, fica evidente que o estudo e a análise da temática ambiental devem implicar na politização das questões incorporadas a partir dos conceitos e representações da ecologia” . De certa forma, é a constatação dos defeitos do projeto civilizatório que transformará a matéria ( ecologia )em movimento ( ecologismo).
Foi no século XX, com a chamada Indústria Cultural, que pudemos compreender mais amplamente as conseqüências de um comportamento essencialmente consumista: com a globalização de um modelo de sociedade cada vez mais hegemônico, marcado pela economia de mercado, pela planetarização da cultura capitalista e pelo consumo de bens e valores sob a forma de mercadorias, a relação do homem com o meio ambiente se constitui em questão crucial para a consolidação ou crise desse processo de hegemonia do capitalismo .
Assim, nos encontramos diante de uma situação que, se por um sentido, ampliou a capacidade de criação e uso de novas tecnologias, aumentando a produção de alimentos e elevando os níveis de conforto e bem-estar, por outro, é fato que aumentou também o nível de pobreza, uma vez que a distribuição dos benefícios gerados não atinge a maioria das populações.
E será que a busca incessante de ter mais, além das próprias necessidades, pode ser considerada como padrão para todos? O lucro e o desenvolvimento de mais mercadorias podem ser tomados como objetivos de toda a humanidade? Não necessitamos apenas da obtenção de coisas, mas, acima de tudo, precisamos de liberdade para fazer uso delas conforme nossos desejos e predileções. Concordamos com HEEMANN (1997) quando afirma que, com a questão ambiental estamos diante de ”questões de claro sentido ético, filosófico e principalmente político”.
Que destino dar à Natureza, a nossa própria natureza de seres humanos? Qual é o sentido da vida? Quais os limites da relação da humanidade com o planeta? O que fazer com o nosso antropocentrismo quando olhamos o nosso planeta (com o ‘olho’ dos satélites) e vemos como ele é pequeno e quando entendemos que somos apenas uma dentre tantas espécies vivas de que nossas vidas dependem? Esperamos construir materiais didáticos que fortaleçam o enfrentamento do desafio ambiental a partir do mundo que aí está.
A educação ambiental está conseguindo se estabelecer nas ONGs, nos órgãos do governo, nas universidades, e nas escolas, nos colégios estaduais, qual é a meta em relação à EA? A meta não deve ser o mero domínio da biologia ( ecologia ), mas estabelecer ligações entre a cabeça, a mão, o coração ( interdisciplinar ).
Devemos mudar atitudes e posturas que temos em relação ao meio ambiente para que possamos viver de uma forma interdisciplinar, dando importância para o todo, e não somente para as partes. Segundo CAPRA (2002)” vivemos hoje uma crise complexa, multidimensional, cujas facetas afetam todos os aspectos de nossa vida, a qualidade do meio ambiente e das relações sociais, da economia, da tecnologia e política.
“É uma crise de dimensões intelectuais, morais e espirituais”.
Tudo isso implica uma construção de uma percepção de mundo, de novos valores, atitudes, estilos de vida, novas formas de organização social e de relação com a natureza, uma nova consciência, podemos partir do princípio do cuidado, proferido por Leonardo Boff que diz: “Esse sentimento do cuidado é que deve permear os espaços sociais, escolares ou não. Cuidar implica em respeitar, em observar, zelar, amar, que resulta em uma vida integrada com todos aqueles com os quais compartilhamos a vida”.
Muitas vezes, sem nos darmos conta, agimos sem o cuidado, principalmente em espaços (salas de aula, por exemplo).Ou com objetos que são de uso comum( materiais como giz, uso da água, copinhos de plástico...) de forma que somente cuidamos bem daquilo que consideramos de nossa propriedade.
O princípio do cuidado é o do cuidado incondicional, é o do
cuidado da vida em seu amplo contexto.
As ações que ocorrem no âmbito pessoal influenciam no âmbito social, por isso é que as ações individuais são tão importantes. Que possamos resgatar e buscar bons relacionamentos, resgatar a esperança de dias melhores, para todos. Que possamos aceitar opiniões e idéias diferentes das nossas. Que possamos compreender o livre arbítrio de cada um.
A Educação Ambiental, segundo a lei nº9795, de 27 de abril de 1999, é um componente essencial e permanente da educação brasileira, devendo estar presente em todos os níveis e modalidades do processo educativo formal e não-formal.
Por seu caráter humanista, holístico, interdisciplinar e participativo a EA pode contribuir muito para renovar o processo educativo, trazendo a permanente avaliação crítica, a adequação dos conteúdos à realidade local e o envolvimento dos educando em ações concretas de transformação desta realidade.
Para realmente abordar estes princípios e atingir seus objetivos a EA precisa de uma ampla gama de métodos e do preparo dos educadores neste sentido.
Para auxiliar neste processo, algumas atividades devem ser ofertadas nas escolas, como por exemplo: a) seminários sobre temas específicos; b) oficinas de EA; c) curso de EA.
O Curso, com carga horária que pode variar, dependendo da
disponibilidade do grupo de professores, priorizaria em seu conteúdo os
seguintes aspectos:
- Princípios e pensamentos norteadores da EA.
-Ecologia pessoal [interior]: reflexão e vivência da relação de cada
indivíduo consigo mesmo, enfocando os processos individuais de autoconhecimento e de transformação, a auto-estima, a autoconfiança e a expressão dos potenciais individuais e coletivos. Técnicas para abordar estes aspectos, inserindo-os na educação educativa.
-Ecologia social: técnicas de facilitação das relações humanas, como a resolução de conflitos, as brincadeiras colaborativas, o desempenho de metas coletivas, os jogos cooperativos.
-Metodologias em EA: visualização, vivência e reflexão de metodologias desenvolvidas em diferentes atuações de EA.
-Ecosustentabilidade e ação educativa ambiental: forma de ação coletiva concreta de redução do impacto humano ao ambiente, através do aprendizado com a própria natureza. Metodologias para o envolvimento da comunidade escolar em um processo de transformação ecosustentável da escola, através da visualização, análise ambiental, planejamento e execuções coletivos de ações locais, incluindo o pátio escolar para o ensino-aprendizagem de conteúdos curriculares, de forma a contemplar os aspectos ambientais e ético como temas transversais.
-Parâmetros curriculares e a EA: levantamento de idéias para a abordagem dos aspectos ambientais e éticos nos conteúdos curriculares das diferentes áreas temáticas, envolvendo questões da realidade local e utilizando diferentes métodos, de forma a favorecer a participação, a criatividade e a união entre teoria e a prática.
No tocante ao trabalho do professor junto aos seus alunos, em sala de aula, principalmente ao nível de ensino médio, como grande parte dos livros didáticos não é a melhor fonte de informações sobre questões relacionadas ao meio ambiente (ecologia), o uso de revistas como material didático alternativo para a Educação ambiental cumpre bem esse papel... KRASILCHIK (1987) também enfatiza que os livros didáticos servem mais aos interesses comerciais do que aos objetivos didático-pedagógicos e que estes são ”veículos explícitos ou implícitos de ideologias incoerentes com as propostas de mudanças”.
Não são poucos os docentes do ensino fundamental e médio que
anseiam submeter aos seus educandos a experiência da pesquisa bibliográfica com o intuito de aprofundarem em temas relacionados ao meio ambiente e, assim, tomarem posse de informações que lhe permitam refletir. Porém, onde obter informações atualizadas sobre o tema proposto para poderem ensiná-lo?
Onde encontrar informações atualizadas para avaliar os trabalhos dos alunos?
Esse episódio tão comum nas nossas escolas, e que desmotiva muitos docentes a empregarem a pesquisa bibliográfica como prática pedagógica, comprova a necessidade de se localizar alternativas que tornem viável esse trabalho em sala de aula.
Uma alternativa viável aos livros didáticos, como fonte de informações para pesquisa em EA, principalmente para os resíduos sólidos, mudanças climáticas.
Conclusão