E - learning
Jorge Barros
Pós-graduado e Mestre em Administração e Gestão Escolar, Doutor em Administração e Gestão Educativa e Escolar, Professor no 2.º Ciclo do Ensino Básico no Agrupamento de Escolas Dra. Laura Ayres (ESLA), Quarteira
Definir e-learning é uma tarefa complexa tendo em consideração o vasto conjunto de definições existentes na literatura da atualidade alusiva a esta temática. Partindo do terno e-learning verifica-se que ele é composto por «e», de eletrónico e «learning», de aprendizagem, ou seja, um processo de aprendizagem mediado por um meio eletrónico.
O electronic-learning vulgarmente designado por e-learning refere-se ao uso e gestão de estratégias e metodologias de aprendizagem baseadas nas TIC que facilitam a transmissão, distribuição, organização, geração e gestão do conhecimento entre indivíduos, comunidades e organizações com o objetivo de melhorar os seus desempenhos.
Portanto, trata-se de uma técnica utilizada para formação à distância com recurso à via eletrónica e multimédia fundamentada na construção prévia de conteúdos técnico-científicos ajustados às necessidades das pessoas, das organizações e das empresas. Deste modo, o e-learning não se limita ao significado de aprendizagem eletrónica, mas a um aumento do nível de experiência formativa que vai para além dos limites físicos da sala de aula ou de formação.
Trata-se, assim, de um tipo de aprendizagem interativa, no qual o conteúdo de aprendizagem se encontra disponível e acessível online, estando assegurado o feedback automático das atividades de aprendizagem do formando. Para aceder a esses conteúdos (informação ou material de estudo) é necessário um computador ou outro equipamento com funções similares, ligação à internet e software de navegação na web.
O e-learning, enquanto modalidade de educação e formação à distância, veio dar resposta aos desafios impostos por uma sociedade com caraterísticas e necessidades diferentes, mais exigente do ponto de vista da aquisição e desenvolvimento de competências e na relação com o conhecimento, o ensino, a aprendizagem e a formação pessoal, social e profissional.
Na formação à distância, na modalidade de e-learning existe essa separação física (geográfica e/ou temporal) entre formandos e formadores, pressupondo esse distanciamento que o processo comunicacional seja feito através da separação temporal, local ou mediante ambas as formas. Trata-se de um tipo de formação em que o formando pode assumir desenvolver a sua autoformação (self-learning).
O e-learning promove, para além de uma aprendizagem de tipo colaborativo, independente do tempo e da distância entre todos os envolvidos no processo formativo, uma formação contínua, just-in-time, personalizada, com redução de custos, de fácil acesso, eliminando barreiras de cariz social e educativo.
Esta plataforma de formação na internet permite superar as dificuldades de espaço e tempo, caraterísticas da formação presencial, o que nos parece que aumenta a acessibilidade à informação, à comunicação, à aprendizagem e ao conhecimento e reduz os custos de implementação.
Atualmente o e-learning beneficia da tecnologia de comunicação sem fios, o que lhe confere uma amplitude diferente, dado que deixou de ser apenas acessível aos potenciais destinatário em tecnologias fixas ligadas em rede por cabos ou fios e passou a estar disponível nas ferramentas eletrónicas atuais e móveis como os Blackberrys, os iPhones, iPads, os tablets e os computadores portáteis, com acesso à internet. Estas tecnologias parecem suprir as limitações da formação confinadas a espaços como os das salas de aulas, oferecendo acesso a materiais de ensino, de aprendizagem e de formação indiferentemente do local e do tempo.
Julgamos que a formação à distância no domínio do e-learning, suportada pelos novos «media» do conhecimento valorizam a componente de interação e partilha formador-formando e formando-formando, permitindo uma gestão do tempo e do espaço de formação com níveis de flexibilidade que podem ser mais ou menos amplos. Deste modo, configura-se como um «cenário» de formação particularmente adequado à necessidade de ampliar, de diversificar e de responder de forma temporalmente oportuna a um leque cada vez mais amplo de necessidades de formação de qualquer formando.
Este modelo de formação apresenta inúmeras vantagens, como por exemplo: o formando progride a seu ritmo; usa o seu espaço e tempo de um modo mais conveniente; tem o formador em simultâneo como seu orientador e parceiro próximo na busca do conhecimento; seleciona as suas necessidades de aperfeiçoamento pessoal e profissional podendo ajustá-las às necessidades da organização a que pertence; avalia o seu próprio progresso na aprendizagem; reduz os custos da sua formação; possibilita a prévia disponibilização dos conteúdos, de elevada qualidade pedagógica e didática, de acesso fácil e rápido aos formandos; permite ao formando aprender a qualquer hora, sem necessidade de cumprir um horário, em qualquer lugar e utilizando qualquer computador ou outra ferramenta «eletrónica» que permita a comunicação e o acesso aos conteúdos formativos; admite a conversação em tempo real ou diferido mediante a colocação de mensagens em grupos de discussão online; possibilita que qualquer formando se integre numa determinada formação sem os habituais transtornos, uma vez que os materiais e as informações se encontram disponíveis vinte e quatro sobre vinte e quatro horas; faculta a economia de tempo; não se torna necessário efetuar deslocações para frequentar a formação, evitando os incómodos que causam e as barreiras que «levanta» à sua frequência; o formando aprende e forma-se ao seu próprio ritmo, tanto no modo de colaboração assíncrona como síncrona; o formando torna-se autónomo, é responsável pela sua aprendizagem e formação e tem a possibilidade de escolher os conteúdos marcando o seu próprio ritmo de formação; possibilita a «reutilização» dos conteúdos e das experiências noutras formações de uma forma parcial ou total; e permite que se disponha de informação sempre atualizada e que a mesma possa ser armazenada em suporte eletrónico sem as limitações do espaço físico que, por exemplo, se colocam à formação que é realizada recorrendo aos meios tradicionais como são os livros, o papel e outros meios.
Esta modalidade de formação à distância também apresenta um conjunto de desvantagens da utilização para o formando, para o formador e para a instituição de ensino ou de formação, tais como: a internet pode fornecer uma largura de banda pequena para determinados conteúdos; a internet pode não estar momentaneamente disponível; obriga o formando a ter uma motivação forte, um ritmo próprio e a ser «disciplinado»; obriga a mais tempo na elaboração de conteúdos e a mais tempo de formação; a dependência da internet, isto é, de estar ou não a funcionar, além da velocidade de acesso, de «navegação» pelas páginas da web, assim como de transferência de conteúdos; e o material ser de caráter virtual e não em papel, o que permite muitas vezes a sua leitura por parte dos formandos ser feita de forma superficial.
Mesmo atendendo às desvantagens que atualmente ainda apresenta o e-learning, as suas vantagens como acabámos de explicar superam largamente os constrangimentos e as algumas dificuldades que continuam a apresentar.