Docência e a Exaustão do Trabalho Remoto
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Atuar na área da educação sempre foi trabalhoso, já que a carga horária do professor não se limita apenas as salas de aulas, visto que o professor precisa levar as tarefas para casa, corrigi-las, organizar diários, preparar provas, preparar planos de aulas e materiais para enriquecer o seu trabalho.
Observe que antes da pandemia, isso já demandava tempo, o que fazia muitos professores perderem finais de semanas inclusive feriados corrigindo provas e fechando diários, entretanto, com o isolamento, a carga de trabalho do professor aumentou exponencialmente.
Hoje com as aulas remotas, além dele ter que fazer tudo o que foi citado acima, ele também precisa fazer relatório, preencher relatório, fazer gabarito de atividade, tirar dúvida dos alunos quanto aos aplicativos que nem sempre funcionam, gravar e editar vídeos, participar de longas reuniões e muitas delas desnecessárias, assistir lives, imaginar coisas diferentes para prender atenção do aluno, fazer adaptações nos PETS e correções (Planos de Estudo Tutorado) do Estado de Minas Gerais, confeccionar os MAPs e corrigi-los (Materiais de Apoio Pedagógico com questões inéditas ou adaptações devidamente identificada, seguindo as normas da nova ABNT), conversar com pais quase sempre fora de horário sem contar outras cobranças, internet ruim tanto para os professores e para alguns alunos que têm o privilégio de tê-la e para complicar, o governo ao invés de ajudar, ele complica ainda mais, já que vetou integralmente o projeto que assegura internet grátis a alunos e professores da rede pública.
Vale lembrar que tudo isso está criando uma sobrecarga no professor, e observe que o ano letivo está só começando e no decorrer dos dias, problemas emocionais, físicos e psicossomáticos serão comuns nos professores, como Síndrome de Burnout, Sindrome do Pensamento Acelerado, dentre outros problemas relacionados ao estresse.
Segundo o livro de minha autoria intitulado Escola não é Depósito de Crianças: A Importância da Família na Educação dos Filhos, publicado pela WAK em 2012, é elucidado que a Síndrome de Burnout é uma doença psicológica que tem como característica o esgotamento emocional, que é reflexo de grandes esforços realizados no trabalho e isso implica mudança no comportamento como agressividade, irritação, desinteresse, desmotivação, frustração, depressão e angústia.
Em relação a Síndrome do Pensamento Acelerado, é aduzido por mim no livro Educação um Ato Político, publicado pela Autografia em 2019, faz com que os professorem não se desliguem dos trabalhos e/ou problemas relacionados ao trabalho, aumentando consequentemente doenças psicossomáticas.
É sabido que a vida é feita de decisões e segundo Pétry no livro Poder e Manipulação: como entender o mundo em 20 lições extraídas de O Príncipe de Maquiavel, publicado pela Faro Editorial em 2016, o cansaço, ansiedade e frustração podem roubar sua paciência e conduzi-lo a tomar decisões impulsivas e prejudiciais, e estas decisões podem refletir seriamente na vida profissional do educador.
Nesta pandemia está difícil equacionar a qualidade da educação como a qualidade de vida do professor e para os menos entendidos de educação, os professores não têm feito quase nada.
Que nossos queridos professores continuem sendo guerreiros, preparando o terreno para a seara do conhecimento corrosivo e do protagonismo cognoscente em nossos educandos, para que estes não se deixem em momento algum serem manipulados como esta atual geração está.
Sabemos que na atual conjuntura, o nosso maior medo não é a síndrome de burnout ou até mesmo do pensamento acelerado, pois isso é fácil tratar. O nosso maior medo é o Covid que já dizimou 300 mil pessoas, assim sendo, que a vacina chegue para todos para que possamos voltar ao normal em relação as atividades e concomitância, elevar a educação pública que anda tão sofrível.