12/03/2019

Dificuldades da Inclusão Escolar Frente ao Sistema Educacional Brasileiro: Rompendo as Fronteiras Da Exclusão

Thiago Teixeira Pereira[1]

Cristiane Martins Viegas de Oliveira[2]

 

RESUMO: As questões acerca das diferenças sociais são evidentes, salientando aqui as pessoas com deficiências. Após movimentos sociais organizados por essa população, espaços em meio a sociedade vêm sendo conquistados, rompendo fronteiras nacionais e internacionais da exclusão e possibilitando a inclusão. Esse contexto é aqui pensado no ambiente escolar, tendo em vista barreiras e dificuldades encontradas pelo docente para trabalhar no sentido de incluir as mais diversas populações. O objetivo do presente estudo foi verificar e elencar possíveis pontos que indicam dificuldades do trabalho inclusivo. Foi utilizado o método revisão bibliográfica. A formação continuada foi o principal ponto destacado acerca das barreira e dificuldades encontradas pelo professor para inclusão escolar. é necessário aprofundar os estudos voltados a esta dificuldade, buscando produzir conteúdo científico que contribua com novas pesquisas além de ser capaz de orientar o leitor docente com o intuito de promover ações que colaboram com o desenvolvimento das questões inclusivas no ambiente escolar.

 

PALAVRAS – CHAVE: Escola; Inclusão; Pessoa com Deficiência.

 

1 – INTRODUÇÃO

 

Atualmente as questões que discutem, premeiam e perpassam pelas diferenças existentes entre as pessoas que compõe uma sociedade são cada vez mais evidentes, tendo em vista aspectos religiosos, étnicos, culturais, gênero e diversidade, dentre outros. Ainda neste contexto, ressalta-se as pessoas com deficiência, no qual por meio de movimentos sociais organizados nas últimas décadas, vem rompendo fronteiras internacionais e nacionais da exclusão com gênese ao um modelo ético, no qual é denominado ética da diversidade, transpondo princípios de cunho social e de adaptação dos excluídos, conquistando espaços em mio a sociedade (SOUZA, 2010, p. 03).

Tal conjuntura levanta uma série de discussões de como enfrentar as barreiras e dificuldades de comunhão social, tendo em vista as várias tentativas de romper um contexto que busca inserir e igualar as mais diversas populações. Nesse sentido, fundamentando-se na origem tanto desses problemas presentes como da própria resolução deles, pensa-se de inicio o ambiente escolar, tendo em vista que:

 

[...] o sentido que se espera da socialização escolar, qual seja: dispor o acesso a conhecimentos e habilidades que permitam a construção do sujeito e, no caso brasileiro, especialmente com a Constituição de 1988, sujeito cidadão de direitos capaz de atuar na consolidação da nossa democracia (RAMOS, 2018, p. 13).

 

Diz-se que a escola também é o berço, local onde as crianças passam pelo processo de serem educados através da mediação do professor, este, indivíduo que transmite a experiência adquirida no decorrer de sua vida, utilizando os mais diversos métodos pedagógicos para conseguir estabelecer a relação de ensino aprendizagem. Os autores Jean Piaget e Lev Vygotsky são pesquisadores com maior abrangência nessa área.

Tendo em vista a questão norteadora de quais são as dificuldades encontradas no trabalho de inclusão escolar considerando as condições de trabalho do professor no sistema educacional brasileiro, o objetivo do presente estudo foi verificar e elencar possíveis pontos que indicam dificuldades do trabalho inclusivo.

 

2 – MATERIAIS E MÉTODOS

 

Foi utilizado o método revisão bibliográfica. Segundo Gil (1991) os procedimentos técnicos em relação à Pesquisa Bibliográfica podem ser elaborados a partir de material já publicado, os quais são constituídos de livros, artigos e periódicos e atualmente também com materiais disponibilizados na internet.

Corroborando com o autor acima citado, Marques et al. (2017) afirmam que a revisão bibliográfica se constitui de dados secundários resultante de consulta realizada em materiais distintos como livros, revistas, jornais, enciclopédias, etc. Para tal êxito, utiliza-se de técnicas como fazer apontamentos por meio de fichas de citações, resumo ou esboço, sumário e de comentário e análise. Usa-se também as recensões, resenhas e sínteses diversas.

No que tange a área da saúde, esse método é capaz de sintetizar o conhecimento e incorporar resultados de estudos significativos na prática, constituindo-se de um instrumento baseado em evidências que compreende a definição do problema clínico, a identificação das informações necessárias, a condução da busca de estudos na literatura e sua avaliação crítica, a identificação da aplicabilidade dos dados oriundos das publicações e a determinação de sua utilização para o paciente (SOUZA, SILVA e CARVALHO 2010).

 

3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Para Silva e Carneiro (2016) o aumento de alunos com deficiência nas escolas regulares em sala comum tem aumentado, por este motivo muitos professores não se sentem preparados para atender academicamente as especificidades que esses alunos apresentam, pois para muitos há falta de informação sobre as variadas deficiências e síndromes: falta também principalmente da capacitação profissional, o que pode acarretar barreiras para o desenvolvimento de um trabalho acadêmico de qualidade na escola que se diz para todos.

É fundamental pensar em estratégias que efetivem a permanência e participação dos alunos com deficiência nas atividades escolares, dado que apesar de ter muitas recomendações nos documentos legais referentes a Educação Especial/Inclusão Escolar, o professor na prática se vê cercado de incertezas, o que muitas vezes o impede de adotar uma didática diferenciada com vistas a empoderar o aluno com deficiência no seu aprendizado acadêmico (SILVA e CARNEIRO, 2016).

Conforme aponta Marques e Giroto (2016), a educação inclusiva conquistou ganhos a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996 (BRASIL, 1996), juntamente com a Convenção de Guatemala, de 2001 (UNESCO, 2001), cuja qual proíbe qualquer tipo de diferença, exclusão ou limitação baseadas na deficiência das pessoas. Segundo os autores, o professor vem se sentindo cada vez mais despreparado, quando considera-se incapaz de atuar nas mais diversas situações de aprendizagem, na sala de aula, destituindo-se de seu papel fundamental, qual seja, o de mediador de tais situações.

Em pesquisa realizada Fiorini e Manzini (2016, p. 61-62) os desfechos demostraram que as dificuldades são diversas, salientando a necessidade de reconsiderar ou até mesmo inserir algumas questões, como ajudantes naturais acompanhando os alunos com deficiência; a necessidade de estratégias de ensino adequadas ou adaptadas; a seleção, adaptação e uso dos recursos pedagógicos e, a presença do professor de sala nas aulas de Educação Física. A formação continuada de professores também entrou em evidência na pesquisa, sendo umas das dificuldades encontradas para se trabalhar com a inclusão na escola. Dois pontos relevantes á respeito da formação continuada foram abordados, sendo possível observar que estão em uma via de contramão, uma vez que ambos se referem a pontos negativos e positivos respectivamente, a falta de ações propositivas em relação à inclusão e as situações de ações com sucesso.

Desse ponto de vista torna-se interessante observar a pesquisa de Crochík et al. (2006), no qual investigou a “atitude a respeito da educação integrada/inclusiva – no que se refere aos alunos com deficiência –, e a relação entre essa, a manifestação de preconceitos, a adesão à ideologia da racionalidade tecnológica e a adesão à ideologia fascista” constatando que acadêmicos de cursos de Licenciatura das áreas de Extas, Biológicas e Humanas:

 

[...] não são contrários, nem tampouco plenamente favoráveis a ela. [...] não houve diferenças significantes entre os alunos das três áreas no que se refere a essa questão [...] Se não houve, em média, uma posição francamente favorável à educação integrada/inclusiva para alunos deficientes, as variáveis manifestação de preconceito, adesão à ideologia da racionalidade tecnológica e adesão à ideologia implícita ao fascismo correlacionaram-se significantemente com a atitude em relação àquele tipo de educação, sendo que quanto maior o preconceito e a adesão a aquelas ideologias, mais contrária é a posição em relação à educação não segregadora [...].

 

Aprofundando na questão da formação continuada, pesquisas atualizadas verificaram o quão importante é a formação docente. Segundo Silva e Carneiro (2016, p. 951) “para que o professor possa atender novas demandas que envolvem o trabalho com grupos diferenciados de alunos”. Ainda para os autores, apesar dos professores conseguirem trabalhar limitadamente com inclusão na escola “não apresentam conhecimento suficiente para poder pesquisar, planejar e escolher atividades que possam ser eficazes no processo de ensino aprendizagem dos seus alunos público-alvo da educação especial” (p. 951-952). Relatam ainda o mal-uso do tempo do professor criando conceitos próprios a respeito dos alunos incluídos, substancial número de alunos em sala e pouca acessibilidade, falta de formação adequada além de pouco apoio do corpo docente.

 

4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Com base na literatura apontada, acreditamos que as maiores dificuldades em relação ao trabalho como professor baseado no sistema educacional brasileiro, seria a ausência de instrução, de formação, ou de renovação quanto à forma em que se direciona ou leciona ao aluno com deficiência, seja ela de qual tipo for. Outra questão importante a ser apontada, é a ausência de recursos e infraestrutura para que o professor possa receber o aluno com deficiência seja na escola ou na universidade, e ainda, neste sentido, a falta de diversos materiais como opções de forma de ensino para que possa alcançar ao aluno com deficiência.

Geralmente os professores se baseiam ou fundamentam suas aulas de acordo com realidade experimentada na sala de aula, mas este trabalho deve envolver a família, os professores, os diretores, funcionários, os colegas de escola, e as famílias dos colegas de escola, envolver toda sociedade. Desta forma, o trabalho deve envolver toda sociedade, a iniciar pela conscientização dos Direitos da Pessoa com Deficiência e principalmente pela compreensão da deficiência.

O levantamento bibliográfico desta pesquisa verificou que são diversos os fatores associados com as dificuldades do trabalho inclusivo. Frente a isto, optou-se por abordar o tema formação continuada de professores. Com forte relevância no cenário que engloba o trabalho inclusivo, é necessário aprofundar os estudos voltados a esta dificuldade, buscando produzir conteúdo científico que contribua com novas pesquisas além de ser capaz de orientar o leitor docente com o intuito de promover ações que colaborem com o desenvolvimento das questões inclusivas no ambiente escolar.

 

REFERENCIAS

 

CROCHÍK J.L, FERRARI M.D, HRYNIEWICZ R.R, BARROS O.N, NASCIMENTO R.B. Preconceito e atitudes em relação à educação inclusiva. Psicologia Argumento. Curitiba, v. 24, n. 46 p. 55-70, jul./set. 2006. Disponível em: <https://periodicos.pucpr.br/index.php/psicologiaargumento/article/view/20117/19397>. Acesso em: 28 set 2018.

 

FIORINI M.L.S, MANZINI E.J. Dificuldades e Sucessos de Professores de Educação Física em Relação à Inclusão Escolar. Revista Brasileira Educação Especial. Marília, v. 22, n. 1, p. 49-64, jan./mar., 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbee/v22n1/1413-6538-rbee-22-01-0049.pdf>. Acesso em: 28 set 2018.

 

GIL A.C. Projetos de Pesquisa. São Paulo, Atlas, 1991.

 

MARQUES H.R, MANFROI J, CASTILHO M.A, NOAL M.L. Metodologia da Pesquisa e do Trabalho Científico. Campo Grande, UCDB, 2017.

 

RAMOS F.C. Socialização e cultura escolar no Brasil. Revista Brasileira de Educação. v 23, e230006, 2018. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v23/1809-449X-rbedu-23-e230006.pdf>. Acesso em: 26 set 2018.

 

SILVA S.S, CARNEIRO R.U.C. Inclusão escolar de alunos público-alvo da educação especial: como se dá o trabalho pedagógico do professor no ensino fundamental I? Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, v. 11, n. esp. 2, p.935-955, 2016. Disponível em: <https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/8935/5877>. Acesso em: 28 set 2018.

 

SOUZA MT, SILVA MD, CARVALHO R. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein. v. 8, n. 1, p. 102-106, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/eins/v8n1/pt_1679-4508-eins-8-1-0102.pdf> Acesso em 28 set 2018.

 

Universidade Católica Dom Bosco. Fundamentos da educação especial. In: SOUZA T.M.F (ORG), p. 03.

 

MARQUES JB, GIROTO CRM. Trabalho docente com alunos público-alvo da educação especial na educação infantil. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, v. 11, n. 2esp, p. 895-910, 2016. Disponível em: file:///C:/Users/User/Downloads/8933-24381-2-PB.pdf. Acesso em: 01 nov 2018.

 

SILVA SS, CARNEIRO RUC. Inclusão escolar de alunos público-alvo da educação especial: como se dá o trabalho pedagógico do professor no ensino fundamental I?. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, v. 11, n. 2esp, p. 935-955, 2016. Disponível em: <file:///C:/Users/User/Downloads/8935-24383-1-PB.pdf>. Acesso em 01 nov 2018.

 

 

[1] Aluno de Mestrado em Ciências da Saúde (UFGD). Aluno de Especialização em Educação Especial (UCDB). Graduado em Educação Física (UCDB). Professor Tutor Efetivo pela Universidade Norte do Paraná. E-mail: thiagoteixeira.ef@gmail.com.

[2] Aluna de Mestrado em Desenvolvimento Local 9UCDB). Especialista em Direito Penal/Processo Penal e Direito Civil/Processo Civil (ANHANGUERA - UNIDERP). Cursando Especialização em Educação Especial (UCDB). Graduada em Direito e em Educação Física (UCDB). E-mail: cris.mestradoucdb@gmail.com

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