18/05/2017

Deus Pai: o libertador dos oprimidos

Adilson Cristiano Habowski, discente do curso de Teologia pela Universidade Lasalle– Canoas. Email: adilsonhabowski@hotmail.com

Daniel Felipe Jacobi, graduado em Teologia pela Universidade Lasalle –Canoas. Email: danielfjacobi@hotmail.com

 

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

 

Tentar compreender a trindade e relacioná-la enquanto libertador dos oprimidos, é trilhar por um caminho com muitas direções e bifurcações, bem como ambíguo e controverso, visto que são poucas as pesquisas aprofundadas sobre o tema. Entretanto, isso serve de impulso para as pesquisas, pois, segundo Habermas (1993, p. 94), “pelo fato de não sabermos se é dada a possibilidade de sucesso, devemos ao menos tentar. Sentimentos apocalípticos não produzem nada, além de consumir energias que alimentam nossas iniciativas”.

Ante a esses preceitos, este debate tem como norte a seguinte problematização:  quais elementos, numa perspectiva histórica, o Deus que é Pai, Filho e Espírito se fez e continua se fazendo libertador de todas as opressões presentes na nossa humanidade? Para isso, desenvolvemos uma pesquisa bibliográfica, de revisão de literatura. Quanto à metodologia, trata-se de uma pesquisa hermenêutica, já que busca, não só compreender o processo de diálogo frente aos desafios do nosso tempo, interpretando criticamente as perspectivas que estão em voga. A interpretação decorre de uma palavra de abertura e relação ao outro, de um texto, de um gesto, de um símbolo, de uma atitude de uma pessoa que reage a uma situação no mundo com capacidade de reflexão e interação. A hermenêutica é uma atitude compreensiva sobre aquilo que vemos, lemos, vivenciamos, criando uma cultura dialética imersa em diferentes tradições e experiências, em movimento para nos (re)conhecer a partir das experiências no mundo.

 

Quando a experiência hermenêutica enseja outras possibilidades interpretativas, a educação como se desprende das amarras conceituais provenientes da visão científico-objetivista e da tradição metafísica, passa então a produzir os efeitos benéficos da abertura de horizontes e da ampliação da base epistemológica. Assim, a possibilidade compreensiva da hermenêutica desfaz o prejudicial equívoco que há entre educação compensatória e educação no sentido amplo da formação (HERMANN, 2003, p. 9-10).

 

Conforme Gadamer (2005, p. 407), “nossas reflexões sempre nos levaram a admitir que, na compreensão, sempre ocorre algo como uma aplicação do texto a ser compreendido à situação atual do intérprete”. Para que a compreensão ocorra é preciso que aquilo que tentamos interpretar faça sentido para nós mesmos. Com isso, percebemos a importância de um Deus libertador dos oprimidos para que ocorra a pesquisa hermenêutica que buscamos realizar, pois almejamos ir além de apenas interpretar os textos como prevê a hermenêutica tradicional, e sim buscar novas compreensões através do encontro com o outro, contando sempre com a criticidade e a criatividade para a análise dos discursos.

Em meio a tantos acontecimentos e fatos da contemporaneidade, o ser humano procura meios e formas de manter-se em pé e de permanecer na pugna da vida, de conquistar sua identidade e seus sonhos. Deus, que se faz presente nas realidades humanas no decorrer da história, na criação, na libertação e no sofrimento humano, passou a ser reconhecido como fonte de energia e de força para a libertação e o rompimento da opressão. Com o nascimento de Jesus, Deus revelou suas demais facetas, de maneira que se apresentou como Pai-Filho-Espírito, ou seja, como Trino. O Deus Trino, não eliminou as características que O mesmo revelou ao longo da história, mas intensificou-as.  Assim, o Espírito revelou que a misericórdia dO mesmo é grandiosa, pois O mesmo é Amor, e o Filho nos mostrou que o Pai ama a humanidade como seus filhos e os busca libertar.

 

 

2 O DEUS-PAI EM RELAÇÃO À TRINDADE

 

A figura paterna de Deus jamais poderá ser compreendida fora do imaginário Trinitário, uma vez que o Deus-Pai é também o Deus Trino. Isso é consequência do nosso pensamento cristão, ao entender que ao longo dos séculos Deus, ao revelar-se, deu a conhecer-se não somente como Pai, mas como Pai, Filho e Espírito[1].  A Trindade constitui uma comunhão, e ao referirmo-nos a Deus Pai trazemos presente também a figura do Filho e do Espírito, onde “é inevitável que todas as questões que abordam a unidade e a trindade divina se reflitam na hora de tratar da primeira pessoa da Trindade” (LADARIA, 2009, P. 135). Por mais que estudada, a Trindade não deixa de ser um mistério[2]: deste modo, Ela vai revelando-se ao longo da história por iniciativa Divina, ao passo que é Deus quem permite em primeiro momento ser revelado, e Ele ao apresentar-se Trino revela consequentemente consigo a Trindade num todo (Pai, Filho e Espírito). Tudo isso se evidencia porque “a Trindade é um mistério de fé no sentido estrito, um dos ‘mistérios escondidos em Deus, que não podem ser conhecidos se não forem revelados do alto” (DS aput CIC, 1993, nº 237).  

   O Deus Pai dentro do entendimento Trinitário é gerador – aquele que vem “revelar” os demais, de modo que é por meio de sua ação que surge o Filho, e por meio deste emana o Espírito, face materna e feminina de Deus, ou seja, o Pai não está só, pois Nele estão também o Filho e o Espírito, constituindo assim a Trindade. Nessa perspectiva pode-se ter a certeza que “o Pai é o único princípio da divindade, mas o é somente enquanto relacionado com o Filho e o Espírito Santo, e somente com Eles, e em relação a Eles é o princípio de todas as coisas.” (LADARIA, 2009, p. 139). Assim, o Pai ao ser princípio Trinitário nos dá a certeza de que junto a Ele estão o Filho e o Espírito, pois estes, mesmo que sendo três pessoas divinas, “[...] são elas essencialmente imanentes umas às outras” (LADARIA, 2009, P. 140), de modo a constituírem uma só unidade.         

O Pai Trinitário ao revelar/gerar já possui o Filho e o Espírito em si, pois constituem uma só substância, e então “[...] vem em primeiro lugar a demonstração e a certeza de que Deus existe e que Ele é uno.” (MOLTMANN, 2011, p. 31). Esse Deus é uno porque as três pessoas divinas que o compõe provêm da mesma substância que Ele, de forma a serem dependentes uns dos outros.  Então, o Pai nunca será entendido sem a presença do Filho e do Espírito e nem o Filho ou o Espírito sem a presença do Pai, “Deus ou é compreendido como Pai de modo trinitário, ou não pode ser compreendido como Pai.” (MOLTMAN aput, 1987, p. 99).   

 

 2.1 PAI, FIGURA QUE REVELA O FILHO E O ESPÍRITO

 

  Deus é Pai[3] por iniciativa própria, visto que ele é artífice de sua paternidade e ao passo que Ele revelou/gerou o Filho e o Espírito, permitiu que todos O conhecessem dessa maneira. Isso é notável na medida em que o Filho principalmente, e também o Espírito, apresentam o Pai que os criou no amor, pois “o Pai é Pai enquanto, na perfeita doação de seu amor, princípio do Filho e do Espírito que são Deus exatamente como ele.” (LADARIA, 2009, P. 167). A paternidade de Deus jamais seria revelada especificamente a toda a humanidade se não fosse pela figura do Filho e do Espírito, onde esse Espírito apresenta-se como a faceta feminina e materna de Deus, pois a ação paterna libertadora de Deus dá-se pelo impulso provindo do Espírito.

  O termo Deus, que rotineiramente costumamos utilizar, já pressupõe a figura Pai, Filho e Espírito, ao passo que não seria necessário apresentá-lO dessa maneira. Entretanto, Deus como criador de toda a humanidade sentiu a necessidade de uma figura Paterna entre as criaturas, porém, para que elas assim O reconhecessem, foi necessário que revelasse o seu Filho e o seu Espírito, que comungam da mesma substância que Ele, a todos, de maneira que “o Filho é ‘da mesma natureza que o Pai’ no Espírito, no qual ele é gerado.” (DURRWELL, 1990, P.129).

  A relação de paternidade existente entre o Pai, o Filho e o Espírito se abrem também a toda criatura, com efeito, Jesus ao ser apresentado como Filho coloca-se a serviço de todos, fazendo então de sua vida uma entrega total ao Pai para o cumprimento do projeto ao qual o Mesmo lhe destinou. Assim, fez-se necessária a morte e a Ressurreição do Filho, pois somente em um ato de entrega total de si, que se comprova o verdadeiro amor, uma vez que junto no sofrimento do Filho estava o Pai sofrendo também, entretanto pela graça do Espírito do Pai, a dor foi superada e o Filho ressuscitou. Por conseguinte, Deus Pai ao mostrar a toda a humanidade essa entrega de seu Filho na dor humana, revela que Ele conhece os anseios da criação e também compadece-se com o sofrimento de cada um, de forma que se coloca como Pai de todos. “Ressuscitando Jesus pelo poder do espírito, Deus nos revela que a sua paternidade se realiza pelo Espírito Santo. [...]. Os homens, por sua vez, nascem filhos de Deus no Espírito Santo. [...]. A chave de compreensão da paternidade divina está, portanto, no Espírito, no qual Deus é o Pai, no qual Cristo é o Filho, e os fiéis são filhos de Deus” (DURRWELL, 1990, p.126).

  Nos relatos neotestamentários, Deus apresenta-se como o princípio de Tudo, da criação, do Filho e do Espírito, todavia Ele mostra-se assim, pois quer que entendamos que sua paternidade é para todos e a todos acolhe, ao passo que seu Filho e o seu Espírito são o caminho para se chegar ao Pai, por isso a extrema importância desses, então “no Novo Testamento, o Pai é aquele do qual tudo provém e para qual tudo se dirige, é aquele diante do qual Jesus ressuscitado intercede por nós (cf. Hb 7,25; 9,24; Rm 8,34; 1Jo 2,1).” (LADARIA, 2009, P. 159). Obviamente, só se conhece o Pai graças a sua vontade própria, que revelou seu Filho para nos ensinar e seu Espírito para nos fortificar, de modo a nos revelar então que Deus, acima de tudo é Pai e dessa maneira “a ele é dirigida a oração da Igreja na grande maioria das ocasiões, a ele, e somente a ele, nós, cristãos, chamamos ‘Pai’, em virtude do ensinamento de Jesus e da força de seu Espírito.” (LADARIA, 2009, P. 161).

 

2.2 A COMUNHÃO DAS TRÊS PESSOAS DIVINAS

 

  O Pai, o Filho e o Espírito mesmo sendo três estão ligados de tal maneira que se tornam uma única pessoa, de uma mesma substância, onde nessa categoria o Trino não desqualifica o Uno, pois o amor que os une os coloca em comunhão, de maneira que “a pluralidade não é uma diminuição da unidade, mas o modo como esta se realiza. Deus é a mais alta unidade porque esta se realiza no intercâmbio de amor de três pessoas” (LADARIA, 2009, p. 155). Essa comunhão existente entre a Trindade encontra seu fundamento no amor, amor que é capaz de unir tão profundamente as Três pessoas divinas que eles tornam-se uma só, em uma perfeita unidade de comunhão.     

  Tendo presente assim a premissa do amor, pode-se entender que “eles são três: o Amante, o Amado e o Amor” (AGOSTINHO aput DURRWELL, 1990, P.128), ao passo que o Pai é aquele que Ama, o Filho aquele que é Amado e o Espírito o Amor. Contudo, isso cria uma dependência entre as Três figuras, pois não basta somente o Amor, ou o Amante, ou o Amado, pois o Uno necessita do Trino para estar na sua plenitude, de tal forma que “enquanto unidade do Pai e do Filho, o Espírito é, portanto, a garantia de tudo o que é criado pelo Amante na receptividade do Amado” (FORTE, 1987, p. 160), Espírito esse, que se revela como ponto principal da ligação da comunhão trinitária.   

 

3 DEUS-PAI COMO EXPERIÊNCIA

 

  Deus Pai pressupõe em si toda a Trindade, de modo que o Filho e o Espírito encontram-se contemplados e subsistentes na figura do Pai. Ele ao revelar-se nessa perspectiva, não espera uma atitude passiva em relação a  humanidade, mas sim uma resposta para essa revelação, ou seja, o Deus Pai revela-se, pois quer ser experienciado por cada um que ele adota como filho, Ele quer mostrar que desde os primórdios da vida humana, mesmo que em diferentes concepções, Ele é misericordioso, compassivo, ama a todos e jamais abandona seus filhos, ao passo que  “o amor do Pai é aberto a uma geração infinita; no Filho gerado há lugar para uma multidão de criaturas. Em Deus existe a possibilidade de criação ilimitada e, parece, a propensão para ela” (DURRWELL, 1990, P.130), de forma que Ele é o criador, o gerador da vida e do amor que sustenta e ampara a todos.

  Essa experiência realizada por cada criatura é evidente, pois “[...] o Pai é princípio de tudo enquanto é ‘Pai’” (LADARIA, 2009, p. 142), de modo que Ele, por meio do Filho, a todos adota e os reconhece também como seus filhos. Entretanto, por mais contraditório que pareça, Deus Pai jamais abandona seus filhos, ao ponto de estar com eles e permitir que eles O experienciam até nos momentos mais decadentes, de maneira que “[...] Deus é Pai por mostrar piedade e misericórdia, refúgio e proteção aos piedosos, pecadores e abandonados [...], Deus é vivenciado como Pai, aconchego supremo do desamparo humano” (BOFF, 1999, p. 203), ou seja, se Ele não fosse esse abrigo para os filhos que sofrem Deus não seria Pai, ao passo que a proteção, mesmo que não visível, é uma característica do Pai.     

  O Deus Pai não é experienciado somente por Ele revelar-se a todos, mas porque há uma necessidade dentro dos filhos de encontrarem e sentirem o Pai, de experimentarem o abrigo e o aconchego desse Pai que é amor. De forma que “na perfeita liberdade do amor ele é Pai de tudo e de todos” (FORTE, 1987, p. 98), de modo a não limitar sua paternidade a nada e a ninguém, mas abrindo-a e colocando-a a disposição de todos que O desejam experienciá-lo.

 

3.1 Na criação

 

  É na criação que Deus se consolida primeiramente como Pai, ao modo que criando e gerando vida Ele também assume a responsabilidade ante aqueles que Ele criou, ou seja, Ele cria e ama suas criaturas, ao passo que reconhece elas como filhos e filhas; e ao revelar o seu Filho, revela essa face de Pai, que se estende desde a criação. Então, “[...] Deus é considerado Pai por ter criado o universo, [...] Deus é Pai por ter criado, escolhido e libertado seu povo” (BOFF, 1999, p. 203), deixando claro que ao criar Ele se compromete com as criaturas, pois as ama.  

  É na abrangência bíblica que se compreende primeiramente Deus como criador, ou seja, nos relatos bíblicos; estes, antes de serem escritos foram vividos, a ponto de na escrita representarem a experiência dos homens com Deus, pois “a Bíblia é o testemunho da história de Deus com os homens e ao mesmo tempo o testemunho das experiências de Deus com os homens” (MOLTMANN, 2011, p. 20), e isso é inegável, de maneira que um Povo ao escrever sua relação com seu Deus e sua história que se constrói de tal maneira por causa Dele, não pode ser contestada, pois está fundamentada na vida, na vivência pessoal de cada criatura que compõe aquele Povo, ao qual o Pai criou e decidiu cuidar e ser experienciado.

  Mesmo que claramente não encontramos a categoria de Deus como gerador no Antigo Testamento[4], é visível em diversas passagens do mesmo que Ele é reconhecido como Pai, “[...] assim falou Iahweh: o meu filho primogênito é Israel” (Ex 4,22), ou, “é isto que devolveis a Iahweh? [...] Não é ele teu pai, teu criador? Ele próprio te fez e te firmou” (Dt 32, 6), de maneira que Ele é reconhecido como Pai através do amor que revelou no instante em que o Povo O experienciou. Essa relação existente desde a criação, passando pela libertação do Povo de Deus que estava oprimido e chegando a revelação do Filho, mostra que “o Pai criou a todos, por isso todos são filhos e filhas” (BOFF, 1999, p. 207) amados eternamente por Ele.  

  O Deus na função de Pai que criou as criaturas é o mesmo Deus que enviou / revelou seu Filho, ao passo que “[...] o Criador é o Pai de Jesus. Ele é, em primeiro lugar, desde toda a eternidade, o ‘Pai’, e somente na qualidade de Pai ele é também criador de todas as coisas” (SUSIN, 2007, p. 107), e nessa condição faz-se a experiência de um Deus que é Pai, porque é criador. E com sua ação, possibilita que seu amor gerador de vida, não se limite a criação, mas se estenda por toda a eternidade, de modo a suprir as necessidades de seus filhos, onde então “o Pai é o fim último da criação, para o qual tudo caminha (cf. 1Cor 15,28)” (LADARIA, 2009, p. 157) e tudo se consolida.

   

3.2 Em Jesus como Filho

 

  É através do Filho que Deus revela mais plenamente sua figura de Pai, não somente por gerá-Lo, mas também por acolhê-lo e O reconhecê-lo como seu Filho legítimo. Assim, a relação que se construiu entre Jesus o Filho de Deus, e o Pai, não foi de mera condição de prole, mas de amor. Amor que se deu tão intensamente que ambos se constituíram uma única pessoa, ao passo que “a própria denominação de Deus de Abba mostra a profunda intimidade que existe entre Jesus e seu Pai” (BOFF, 1999, p. 206), e de maneira que nada nesse mundo consiga quebrar essa relação íntima.

  Abba não é um simples vocativo de um filho a seu pai, mas uma categoria que expressa uma total confiança existente entre o filho que busca o aconchego e carinho do pai, ao passo que revela então a total dependência que o filho possui em relação àquele que é seu pai, ou seja, “o termo ‘Abba’ expressa também toda a submissão de um filho ao pai, isto é, a disponibilidade para realizar a vontade do Pai, como qualquer filho deve fazer (cf. Mc 14,36; Mt 11,25-26)” (CPMGJ, 1988, p. 20), que muito claramente se percebe na afinidade entre Jesus e o Pai, pois Jesus entregou sua vida em prol da edificação do Reino de Deus, do Reino de seu Pai. Então na qualidade de que “Jesus dirigia-se a Deus como uma criancinha a seu pai, com a mesma simplicidade íntima, o mesmo abandono confiante” (BOFF, 1984, p. 40), nos é revelado o quão grande é também o desejo de Deus em ser Pai, pois se Jesus confiou em Deus, é porque em primeiro momento Deus isso permitiu.

  Na história da revelação, sabe-se que é através do Filho que a humanidade chegou ao Deus Pai – Filho – Espírito, ou seja, “[...] Jesus, o Filho, [...] é o revelador dessa Trindade” (MOLTMANN, 2011, p. 79), e que sem o mesmo jamais poderíamos experienciar Deus como Pai, ao passo que “tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar” (Mt 11, 27). Então, a experiência de Deus Pai também se dá na figura de Jesus, o Filho, pois é através Dele que Deus estendeu sua paternidade a toda humanidade, e assim congregando a todos como irmãos, “porque são todos filhos e filhas, são também todos irmãos e irmãs, por participação na filiação do Filho, Jesus Cristo”(BOFF, 1999, p. 207).

  A experiência que o Filho faz do Pai, é a base e o caminho para a experiência da humanidade, onde tudo aquilo que o Filho fez foi por vontade do Pai, de modo que Sua revelação e Sua paternidade chegaram até a humanidade não porque o Filho quis, mas porque o Pai enviou o Filho para isso, ao passo que “[...] o Filho, por si mesmo, nada pode fazer, mas só aquilo que vê o Pai fazer; tudo o que este faz o Filho o faz igualmente” (Jo 5,19), e assim edificando o Reino de Deus em meio aos homens. Além disso, é na cruz que se dá essa verdadeira revelação da paternidade de Deus em relação ao Filho, pois é na dor do Filho que Deus revela seu amor incondicional, de maneira que Ele sofre junto; uma vez que o Espírito os une intimamente, os dois padecem unidos. “Na cruz, o Pai e o Filho estão a tal ponto separados que as suas relações ficam interrompidas. Jesus morreu ‘sem Deus’. Mas, ao mesmo tempo, na cruz, o Pai e o Filho estão tão unidos que constituem um gesto único da entrega: ‘Quem vê o Filho, vê o Pai’. [...]. O Espírito Santo é portanto aquele que, na separação,  une” (MOLTMANN, 2011, p. 94).

  Essa revelação de Deus que sofre junto com seu Filho, também vai estender-se posteriormente a toda humanidade no momento que o Deus Pai se coloca também junto com aquele que sofre, com aquele que é oprimido em que não possuí voz. Nessa relação em meio ao sofrimento, o Filho é a figura que nos leva e nos conduz até o ‘colo’, o ‘aconchego’ do Pai, pois já fez essa experiência, e então “torna-se o único mediador entre o Pai e a humanidade ou o povo: ‘único’ e ‘responsável’, porque tem o poder de escolher os sujeitos aos quais comunicará os segredos de Deus” (CPMGJ, 1988, p. 22), e assim os conduzindo a libertação.

  A vida, a morte e a ressurreição de Jesus o Filho de Deus, fazem um real sentido quando nos conduzem para Deus, pois a experiência que o Filho fez do Pai foi tão intensa que se entendeu e abriu-se então a toda a humanidade, ou seja, se queremos experienciar o Pai, devemos ter como um dos pontos de partida o Filho, ao passo no Filho se experiencia a paternidade de Deus. “Aquele que crê atribui a sua libertação à intermediação de Cristo. [...]. Deus pessoalmente está envolvido na história da paixão de Cristo, caso contrário a morte de Cristo não poderia produzir nenhum efeito redentor” (MOLTMANN, 2011, p. 35), pois ela serviu justamente para nos mostrar e provar que o Pai é tão bom que encontra-se padecendo junto na dor, no sofrimento, e que seu amor é tão esplêndido, que mesmo na dor, ele gera libertação. E assim, “Deus aparece como Pai quando, na fé, nos sentimos irmãos e irmãs do Irmão Jesus, Filho unigênito” (BOFF, 1999, p. 217), que por causa da sua relação demasiada com o Pai, a todos também dá acesso a essa paternidade. 

 

3.3 No sofrimento

 

  O sofrimento[5] é algo comum e presente no ser humano, pois além de fazer parte das necessidades humanas é necessário, ao passo que “só a dor consegue aprofundar a experiência e a união, de forma quase inacreditável” (IDÍGORAS, 1983, p. 483) e então levando o mesmo a descoberta da alegria, da superação e da felicidade, já que “quanto mais profunda a capacidade humana de sofrer, tanto maior será a sua experiência de felicidade” (MOLTMANN, 2011, p. 55). Assim, o Deus que é Pai, por mais engraçado que pareça, dá-se a ser experienciado não somente naquilo que é lógico, mas também no ilógico, de modo que “[...] Deus é experimentado indiretamente na descoberta da nossa mais absoluta dependência existencial” (MOLTMANN, 2011, p. 18), ou seja, no sofrimento.

  No Antigo Testamento possuía-se uma concepção de que o sofrimento representava o abandono de Deus (Pai), entretanto, o Filho revelou a toda humanidade um Deus Pai que não está ausente no sofrimento, mas presente, de forma que sofre junto com todos, pois “[...] Deus é Pai por mostrar piedade e misericórdia” (BOFF, 1999, p. 217) com aqueles que sofrem e são oprimidos cotidianamente. Deste modo, um local de profunda experiência de Deus Pai é no sofrimento, fato esse que vem se comprovando ao longo da história, visto que “nos instantes de mais profunda revelação de Deus há sempre um sofrimento: o clamor dos cativos no Egito, o grito de estertor de Jesus na cruz, os suspiros por liberdade de toda a criação oprimida” (MOLTMANN, 2011, p. 20) e nas nossas angústias e dores diárias.

  Deus Pai faz-se experienciar no sofrimento, pois a todos ama, e a todos quer libertar desse sofrimento que oprime, ao passo que se pode afirmar que “Deus e o sofrimento se pertencem mutuamente, da mesma forma como, nesta vida, o grito por Deus e o sofrimento experimentado na dor se pertencem” (MOLTMANN, 2011, p. 63), onde nos momentos de maior angústia e de agonia se busca a figura do Pai como porto seguro, como caminho de fuga desse momento de aviltamento. Entretanto, não se podem relacionar as categorias pecado e sofrimento como se a segunda fosse consequência da primeira, de modo que “[...] a experiência da dor, na verdade, ultrapassa de muito a questão da culpa ou da inocência” (MOLTMANN, 2011, p. 65), pois o sofrimento é condição humana, está na raiz da vida, ao passo que “a dor, como castigo pelo pecado, é explicação de valor muito limitado.” (MOLTMANN, 2011, p. 65). “A experiência do sofrimento é muito mais ampla do que a experiência do pecado e da graça. Ela está radicada nas limitações da própria realidade criada. Se a criação, desde o princípio, está aberta à história do bem e do mal, então aquela criação primeira é uma criação passível e prenhe de dor” (MOLTMANN, 2011, p. 64). O sofrimento, a dor, resulta na experiência de Deus Pai e não na fuga Dele, de maneira que “o alcance da dor é o mesmo do amor, e o amor brota na experiência da dor” (MOLTMANN, 2011, p. 65), pois faz cada pessoa cresça e busque a presença e experiência de Deus Pai como caminho de libertação.

 

4 DEUS-PAI LIBERTADOR

 

  A experiência que a humanidade faz com o Deus-Pai ao longo da história gera libertação, ao passo que “[...] a história humana é essencialmente uma história de liberdade” (MOLTMANN, 2011, p. 60/61), da qual Deus como Pai sente a necessidade e a compaixão de libertar aqueles que se encontram oprimidos e marginalizados. Essa liberdade não ocorre por um rompimento de correntes misticamente, mas pela força que os filhos e filhas adquirem em Deus para romperem suas prisões e conquistarem sua liberdade. Desde a criação Ele coloca-se como fonte de libertação, “mas é sobretudo a partir do exílio que os hebreus piedosos e  provados pela tribulação estreitam suas relações com Deus e passam a considerá-lo como Pai afetuoso dos pobres e humildes” (IDÍGORAS, 1983, p. 343), de modo que a libertação que gerou em Seus filhos intensificou a experiência entre a Paternidade de Deus e a humanidade. E assim, “Ele é Pai também no processo de libertação dos oprimidos. Foi a propósito da libertação da servidão que Israel descobriu Javé como Pai” (BOFF, 1999, p. 217).

  A paternidade de Deus ocorre principalmente na experiência de libertação, onde “Javé é vivido como Pai na medida que constituiu um povo e mais ainda, na medida em que libertou o povo da opressão” (BOFF, 1999, p. 217). Entretanto, não limitou sua ação libertadora a Israel, mas a estendeu a todos, ao passo que “[...] a nova Páscoa revela o Deus que salva a humanidade inteira, abrindo-lhe o caminho da nova fraternidade e da vitória sobre a injustiça e a morte” (IDÍGORAS, 1983, p. 343). Assim, a ação de Deus em meio à humanidade não surge como algo mágico, mas coloca cada filho no compromisso de conquistar seus próprios direitos, “[...] Deus-Pai, longe de ser paternalista, lança os filhos, como lançou o Filho Jesus, a assumirem a própria tarefa, a sacudirem os grilhões e em seu nome constituírem o Reino da liberdade dos filhos e filhas de Deus” (BOFF, 1999, p. 217). A libertação da qual Deus-Pai ocasiona, dá-se por meio da entrega total de seu amor incondicional, ao passo que se coloca em uma relação íntima com seus filhos, e então, “o Reino do Pai começa a se realizar na história e no meio dos homens” (BOFF, 1999, p. 207) gerando libertação de todos aqueles que se encontram “oprimidos”.

 

4.1 Sofre com os outros

 

  A paternidade libertadora de Deus só é possível graças a sua entrega total na relação com a humanidade, de forma que Ele experiencia junto as dores e demonstra sua misericórdia, “Deus sofre conosco, Deus sofre em nós, Deus sofre por nós” (MOLTMANN, 2011, p. 20), ao passo  que ele assume as nossas dores e junto conosco as suporta e então nos dirige à libertação. “Aquele que é misericordioso participa do sofrimento alheio, assume a dor do outro, sofre pelo outro” (MOLTMANN, 2011, p. 38) e Deus ao ser Pai, assume essas características como misericordioso e coloca-se a total disposição de seus filhos, pois os ama. Amor de doação esse que é tão intenso, que até na dor e no sofrimento é capaz de entregar-se, de modo que “o rosto do Pai se reflete nos sofrimentos e nas humilhações de Jesus que precederam sua morte” (DURRWELL, 1990, P.149), e continua a refletir-se nos nossos sofrimentos. O Deus-Pai que se colocou junto no sofrimento de Jesus na cruz por meio do Espírito é o mesmo Deus que sofreu com Israel, e hoje sofre conosco, de modo que “somente o Deus sofredor e apaixonado, e por força da sua paixão pelo homem, é capaz de fazer com que exista a liberdade humana” (MOLTMANN, 2011, p. 220). Assim, se não fosse a compaixão paterna de Deus o homem jamais conheceria e experienciaria a liberdade, porque Deus é autor de toda a liberdade, e assim “Deus se compadeceu de seu Cristo, ele se compadeceu das provações de Israel; em sua compaixão pelos homens, ele chega a se fazer em seu Filho, companheiro de sofrimento deles” (DURRWELL, 1990, P.152).

  Ao colocar-se junto, sofrendo e sentindo a opressão que seus filhos sentem, “Deus não sofre como sofre a criatura, por carência de ser. [...]. Mas sofre em seu amor” (MOLTMANN, 2011, p. 37), de modo que esse amor é tanto que sofre com todos os seus filhos, desde Israel até as nossas cruzes cotidianas. Obviamente “um Deus que não pode sofrer, também não pode amar. Um Deus que não pode amar é um Deus morto. É mais pobre do que qualquer homem” (MOLTMANN, 2011, p. 52), mas Deus se revelou amor ao longo da história e assim também se revelou capaz de sofrer, sofrer todas as dores e humilhações humanas possíveis, como a cruz, ou seja, “[...] a auto-humilhação de Deus completa-se na paixão e na morte de Jesus, o Filho. [...] Deus não assume apenas a finitude humana, mas também a condição do seu pecado e do seu abandono por Deus” (MOLTMANN, 2011, p. 129).

  Aquele que se faz Pai de um povo e estende sua paternidade a toda a humanidade e consequentemente os dirige a salvação, de modo a sofrer ao lado dos oprimidos e se demonstra misericordioso é o Deus da vida, pois “um Deus que deixa os inocentes sofrer, que permite a morte sem sentido, não é digno de ser chamado Deus” (MOLTMANN, 2011, p. 61), ou melhor, nem Deus é, pois a característica de um Deus, é a misericórdia é o zelo pela vida. Dessa forma, “é a presença de Deus em nosso sofrimento, calando nossas queixas e aliviando-nos” (IDÍGORAS, 1983, p. 484) que faz nós sermos capazes de superar todas as dores e angústias, ao passo que seu Amor nos acalenta e nos liberta, pois “o Deus vivo é o Deus que ama. [...] Deus revela-se como sofredor a nós outros sofredores” (MOLTMANN, 2011, p. 52).

 

4.2 Ama incondicionalmente

 

  Todo o sofrimento somente pode ser suportado e superado pelo amor, o amor é capaz de entregar-se pelo outro, “o amor deseja viver e dar a vida” (MOLTMANN, 2011, p. 70) e para isso muitas vezes é necessário colocar-se ao lado do que sofre e sofrer junto, sofrer por amor, para então que se chegue a vida, a liberdade, ao passo que “[...] o verdadeiro amor tudo sofre, tudo suporta e tudo espera, para proporcionar a felicidade, e nisso encontrar a felicidade própria” (MOLTMANN, 2011, p. 56). Portanto, se o Espírito de Deus é o Amor, de forma materna, o Deus-Pai também o É, de forma que na sua relação de paternidade sendo amor e a todos amando, conduz a vida e dá a vida. O amor gerador e libertador de Deus-Pai não faz seleção dos filhos, não é exclusivamente para alguns, para uma casta, ou seja, o “[...] Pai não é apenas Pai dos fiéis [...], mas Pai de todos indiscriminadamente, pois ‘Ele ama os ingratos e maus’ (Lc 6,35) e ‘dá a chuva a bons e maus e o sol a justos e a injustos’ (Mt 5,45)” (BOFF, 1984, p. 41), Ele quer o bem de todos os seus filhos e para isso entrega todo seu amor a eles.

  A liberdade a qual o Pai conduz provém do seu amor e constitui-se pelo seu amor, ou seja, a humanidade somente pode sentir-se inteiramente livre quando encontra-se imersa no amor incondicional de Deus-Pai, de modo que “Sua liberdade é o seu maravilhoso amor, sua abertura, o seu vir-ao-encontro, por meio dos quais Ele sofre com os seus homens amados, intervém em seu favor, abrindo-lhes, assim, o seu futuro” (MOLTMANN, 2011, p. 70) para a vida que está em meio aos Seus braços, em meio a Sua capacidade de amar igualmente. É notável que “[...] a verdade da liberdade é o amor. Somente no amor é que a liberdade humana chega à sua verdade” (MOLTMANN, 2011, p. 218), amor esse que se encontra junto ao Deus que se faz Pai. O Pai que ama, também deseja ser amado, entretanto isso não restringe Seu amor àqueles que correspondem a essa lógica, de modo que Seu amor vai além de toda e qualquer categoria humana, ele é incondicional, pleno. Mas é notório que “se Deus é amor, então ele não apenas prodigaliza o amor, mas também espera o amor e dele necessita: o seu mundo deve ser o seu lar. Nele ele deseja morar” (MOLTMANN, 2011, p. 111) e por isso Ele se coloca junto com seus filhos, pois quer constituir uma relação estreita de amor entre todos.

  Jamais teria a humanidade conhecido a liberdade se não fosse pelo amor do Pai, de modo que “[...] não é o seu amor um amor egoísta por si mesmo, cativeiro e prisão do eu; o seu amor é amor gerado, originante, fecundo” (FORTE, 1987, p. 95), e suscita vida nova. Entretanto, a ação de Deus em meio a história não ocorre de forma ilusória, mas na vida de cada filho Seu, tornando-os protagonistas de suas vidas e os dando coragem para libertarem-se de suas cruzes. Tudo isso, porque “Deus ama desde sempre e para sempre: sem ser necessitado ou causado ou motivado de fora, começou ele no eterno a amar” (FORTE, 1987, p. 95) e eternamente amará, sem custo, sem cobrança, simplesmente porque se sente Pai. Com conseguinte, ‘esse Deus, cujo mistério está todo na geração, é mistério de amor. Ele ama assim como ele é, porque ele é Deus em sua paternidade e gera amando” (DURRWELL, 1990, P.144) e consequentemente amando liberta e promove a vida a todos por seu amor infinito.  

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

  A humanidade, em virtude de suas crises e aflições, torna-se desolada, órfã e, acima de tudo, desnorteada em muitos instantes. O Deus Trino que no decorrer da história fez-se Pai de todos (aos bons e maus), coloca-se ante a essas situações como amparo, de modo que a misericórdia que expressa é o que Lhe caracteriza e O torna realmente Pai. Todo e qualquer filho que reconhecer Deus como Pai, encontrará Nele seu norte, e égide para romper com as inúmeras formas de opressões e aprisionamentos que nós humanos somos submetidos diariamente. Deus age em meio e através da história, as suas ações não encontram-se explícitas, visíveis, mas subjacentes em cada atitude dos filhos que aderem a paternidade de Deus. Intermediações essas que vem dando-se a revelar-se desde a criação, na libertação dos exilados, na vitória do crucificado e na salvação dos oprimidos do nosso tempo. Assim sendo, é sabido que toda e qualquer relação com o Pai gera vida e salvação, caso contrário não é verdadeira, dado que a intimidade entre nós filhos e Deus, que é o Pai, pressupõe libertação.

  Ele fez-se Pai não por obrigação, mas por amor. O amor o impulsionou para experienciar a condição humana e sentir a mais extrema pequenez, de maneira a perceber o quanto somos dependentes de Sua paternidade, mesmo que negamos, já que somos limitados e finitos e Sua ação salvífica é plena e eterna. Como qualquer criança na sua maior fragilidade de puerícia, necessita de seu pai, somos nós assim em relação à paternidade de Deus. Destarte, é Ele quem nos auxilia nos primeiros passos, nos dá o impulso para a libertação e nos ensina a caminharmos com nossas próprias pernas. No entanto, Ele estará sempre ao nosso lado sendo a o refúgio e o “colo” de amparo para as inúmeras dores que se fazem presentes em nossas ínfimas vidas.

 

REFERÊNCIAS

 

BÍBLIA: A Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 1973.

 

BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade: o Deus que liberta seu povo. 5 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.

 

______, Leonardo. O Pai-nosso: a oração da libertação integral. 4 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1984.

 

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 3 ed. ­Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.

 

COMISSÃO PASTORAL E MISSIONÁRIA DO GRANDE JUBILEU DO ANO 2000. Deus Pai. [tradução Euclides Martins Balancin]. –São Paulo: Paulinas, 1998.

 

DURRWELL, François-Xavier. O Pai: Deus em seu mistério. [tradução Benôni Lemos; revisão H. Dalbosco].  São  Paulo: Edições Paulinas, 1990.

 

FORTE, Bruno. Trindade como história. [tradução Alexandre Macintyre; revisão José Joaquim Sobral]. São Paulo: Paulinas, 1987.

 

GADAMER, H. G. Verdade e Método I. Traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. São Paulo: Editora Universitária São Francisco, 2005.

 

HABERMAS, Jürgen. Passado como futuro. Trad. Flávio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1993.

 

HERMANN, N. Hermenêutica e Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

 

IDÍGORAS, J. L. Vocabulário teológico para a América Latina. [tradução de Álvaro Cunha; revisão de Carlos Felício da Silveira]. São Paulo: Edições Paulinas, 1983.

 

LADARIA, Luiz F. A Trindade: mistério de comunhão. [preparação Maurício Balthazar Leal; diagramação Miriam de Melo; revisão Iranildo Bezerra Lopes].  São Paulo: Edições Loyola, 2009.

 

MACKENZIE, John L. Dicionário bíblico. [tradução CUNHA, Álvaro; revisão geral DALBOSCO, Honório]. São Paulo: Paulinas, 1983.

 

MOLTMANN, Jürgen. Trindade e o Reino de Deus: uma contribuição para a teologia. [tradução de Ivo Martinazzo; revisão da tradução Enio Paulo Giachini]. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

 

SUSIN, Luiz Carlos. Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. 2 ed. São Paulo: Paulinas, 2007.

 


[1] Segundo o Catecismo da Igreja Católica: “Sem dúvida Deus deixou vestígios do seu ser trinitário na sua obra de Criação e na sua Revelação ao longo do Antigo Testamento. Mas a intimidade do seu Ser como Santíssima Trindade constitui um mistério inacessível à pura razão e até mesmo à fé de Israel antes da Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo” (CIC, 1993, nº 237).

[2] Em congruência com Mackenzie: [...] o termo ‘mistério’ significa um objeto de revelação no NT. (MACKENZIE, 1983, p. 621)

[3] Conforme o Catecismo da Igreja Católica: “Ao designar a Deus com o nome de ‘Pai’, a linguagem da fé indica principalmente dois aspectos: que Deus é origem primeira de tudo e autoridade transcendente, e que ao mesmo tempo é bondade e solicitude de amor para todos os seus filhos” (CIC, 1993, nº 239).

[4] Mackenzie nos traz que: “Iahweh é chamado o pai de Israel. Não há sinal no AT do termo pai aplicado a Iahweh como gerador do povo [...]. O título de pai de Israel é uma metáfora teológica que exprime o amor do pai para o filho (Os 11,1). Este amor paterno de Iahweh aparece em seu cuidado para com Israel (Ex 4,22s; Dt 1,31; 8,8; Is 43,6s), em sua compaixão e seu perdão [...]. A paternidade de Iahweh também significa sua criação de Israel como povo” (MACKENZIE, 1983, p. 677).

[5] Em concordância com Idígoras: “O sofrimento constitui uma das experiências básicas da existência humana. Nascemos em meio à dor e morremos do mesmo modo. E entre esses dois extremos frequentemente há uma trajetória de sofrimentos. Trata-se de uma consequência da condição humana, da pequenez e contingência do homem em um mundo vasto e violento, bem como da inevitável luta pela vida diante da natureza inóspita e dos adversários humanos” (IDÍGORAS, 1983, p. 482).

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