23/11/2018

Desvalorização do Professor

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            Em 2015 eu publiquei o texto Apagão de Professores e o mesmo foi publicado pela Revista Gestão Universitária sob o link http://www.gestaouniversitaria.com.br/artigos/apagao-de-professores#_ftn1. Neste texto ressalto uma redução de quase 90% na procura por cursos de licenciatura e mais de 50% de evasão em alguns cursos em andamento.

            Dando continuidade ao raciocínio, a Revista Gestão Universitária publicou um texto também de minha autoria intitulado Escassez de Profissionais da Educação, sob o link http://www.gestaouniversitaria.com.br/artigos/escassez-de-profissionais-da-educacao. O texto relata uma pesquisa que mostra um crescente desinteresse de profissionais na educação o que implicou em uma oferta de 170 mil vagas não preenchidas e no mesmo texto eu ressaltei que isso não seria nada mais que o reflexo da falta de valorização do professor.

            Neste mês de novembro, a Varkey Foundation constatou o que nós já sabíamos. De acordo com a fundação, o Brasil é o país que menos valoriza os professores. Essa pesquisa vai além ao fazer levantamentos relatando também que a profissão docente é uma área que representa pouco status na sociedade, o que não era comum em outrora. De acordo com a pesquisa, 88% dos entrevistados consideram esta ocupação totalmente sem status perante a sociedade, e para piorar a situação do professor, menos de 1 a cada 10 brasileiros acha que o professor é respeitado, ou seja, menos de 10% acreditam no professor como autoridade em sala de aula.

            Aranha em seu livro Filosofia da Educação, publicado pela Moderna em 1996 destaca aspectos importantes para a formação do professor. Para a autora são três estes aspectos: qualificação, formação pedagógica e formação ética e política. O primeiro está relacionado à aquisição de conhecimentos científicos indispensáveis para o ensino de determinado conteúdo não apenas a ser ministrado, mas que também poderá estar relacionado com o passado pelo professor. O segundo se baseia na superação dos níveis de senso comum, de forma que as atividades sejam sistematizadas, desenvolvendo assim uma cognição protagônica. O último aspecto relaciona-se em trabalhar valores como ética, respeito, disciplina dentre outras coisas que farão com que o aluno tenha em vista um mundo mais humanizado e melhor.

            Observe que a docência como profissão que exige do profissional uma atualização, fazendo com que o mesmo se ocupe, o que reforça a pesquisa da Varkey Foundation que relata que os professores no Brasil se dedicam semanalmente 47,7 horas ao ofício, isso sem contar os dias como feriados e finais de semana que eles tiram para correções de provas e trabalhos, fechamento de diários, planejamento de aulas dentre outras atividades estão sempre a acompanhar o seu labor.

            A docência é uma profissão que merece ser valorizada como qualquer outra que exige uma formação superior. Já dizia o historiador, jornalista e novelista estadunidense Henry Broks Adams, “um professor afeta a eternidade. É impossível dizer até onde vai a sua influência”.

            Somos condutores de almas e lapidadores de diamantes. Trabalhamos o futuro do país, assim sendo, como disse Neiva em seu livro Lições Aprendidas publicado pela Editora Universidade em 2006, o “professor tem que ser suficientemente forte, para ser fraco o suficiente, para que os alunos sejam fortes”, assim sendo, o viver para ensinar é um constante aprender.

 

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