Desenvolvimento Sensoriomotor na Educação Infantil: Fundamento para a Aprendizagem Integral

Andressa Norberto Franquin
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia com Enfase em AEE. Primavera do Leste, MT.
Adriana da Silva Barros
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Series Iniciais. Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional. Primavera do Leste, MT.
Cynara Gonçalves Santos
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Docencia em Educacao Infantil. Primavera do Leste, MT.
Ines Preuss da Rocha
Magisterio. Primavera do Leste, MT.
Rosei Pereira da Silva
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Institucional. Especialista em Ed. Infantil, Alfabetizaçao e Letramento. Primavera do Leste, MT.
O desenvolvimento sensoriomotor é uma das bases mais importantes da educação infantil, pois compreende a integração das percepções sensoriais (visão, audição, tato, olfato e paladar) com as ações motoras. Essa integração é fundamental para o processo de aprendizagem e para o desenvolvimento global da criança, especialmente nos primeiros anos de vida, quando o cérebro está em intensa formação. De acordo com Piaget (1952), o estágio sensório-motor (de 0 a 2 anos) é o primeiro dos quatro estágios do desenvolvimento cognitivo, sendo caracterizado pela construção do conhecimento a partir da ação sobre o ambiente.
A educação infantil, conforme estabelece a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), deve garantir experiências que respeitem e valorizem as características próprias da infância. Nesse sentido, o desenvolvimento sensoriomotor precisa ser estimulado por meio de práticas pedagógicas que envolvam o corpo, o movimento e as sensações, permitindo que a criança conheça o mundo por meio da exploração ativa. Wallon (2007) reforça a ideia de que a motricidade é indissociável do desenvolvimento emocional e cognitivo, sendo a expressão corporal uma forma primária de interação da criança com o meio.
As habilidades sensoriomotoras incluem o controle postural, o equilíbrio, a coordenação motora grossa (como correr, saltar, engatinhar) e fina (como manipular objetos, desenhar, recortar). Essas habilidades são fundamentais para atividades cotidianas e para a aprendizagem de conteúdos formais, como a leitura e a escrita. Ayres (1979), por meio da Teoria da Integração Sensorial, argumenta que dificuldades na integração das sensações podem afetar o desempenho escolar e o comportamento da criança.
Nesse contexto, a atuação dos educadores da infância deve contemplar experiências que envolvam movimento, jogos motores, exploração de diferentes texturas, sons, cheiros e formas. O espaço da sala de aula e da escola deve ser planejado de forma a favorecer a mobilidade e a curiosidade. Como aponta Kishimoto (2007), o brincar é a principal atividade da infância e, quando bem orientado, é um recurso essencial para o desenvolvimento sensoriomotor.
Além disso, o desenvolvimento sensoriomotor está fortemente relacionado com a construção do esquema corporal e da lateralidade, fundamentais para a orientação espacial e temporal da criança. A falta de estímulos adequados pode levar a atrasos no desenvolvimento global e impactar negativamente a autoestima e a socialização. Para Vygotsky (1998), o desenvolvimento ocorre na interação entre o sujeito e o meio, e o papel do adulto é essencial na mediação dessas experiências.
A psicomotricidade, enquanto área de conhecimento que articula corpo e mente, também tem papel relevante na promoção do desenvolvimento sensoriomotor. Oliveira (2014) destaca que a psicomotricidade na educação infantil contribui para a organização do pensamento, para a construção da linguagem e para o desenvolvimento das funções executivas. Programas psicomotores nas escolas demonstram impacto positivo no rendimento escolar, especialmente em crianças pequenas.
Portanto, o desenvolvimento sensoriomotor deve ser considerado uma prioridade no planejamento pedagógico da educação infantil. Ele constitui a base para aprendizagens mais complexas e está diretamente ligado ao bem-estar físico, emocional e cognitivo da criança. Valorizar o corpo em movimento, oferecer ambientes ricos em estímulos sensoriais e promover o brincar livre e dirigido são estratégias essenciais para garantir uma educação infantil de qualidade.
Referências:
AYRES, A. Jean. Integração sensorial e a criança. São Paulo: Artes Médicas, 1979.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2007.
OLIVEIRA, Vera Lúcia de. Psicomotricidade na educação infantil: desenvolvimento e aprendizagem na primeira infância. São Paulo: Cortez, 2014.
PIAGET, Jean. The origins of intelligence in children. New York: International Universities Press, 1952.
VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança. São Paulo: Martins Fontes, 2007.