17/03/2021

Desenvolvendo Empatia

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

Educar exige de nós professores certo teor de empatia, pois Goleman em seu livro Inteligência Emocional, publicado pela Objetiva Ltda em 1995 esclarece que não podemos ter cegueira afetiva, pois ela nos impede de avaliar o significado emocional dos fatos, o que reforça um ditado popular ao afirmar que "quando o a dor do outro não te afeta, quem precisa de ajuda é você".

A indiferença com a dor do outro ressalta a nossa doença da alma. Nos mostra como somos vis em relação ao sofrimento alheio. Como somos narcisistas e egocêntricos e quando a dor do outro dói somente em si, incomodando o próprio coitado, chamamos de mimimi.

Mimimi para um recorde de mais de 10mil mortes causadas pelo Covid-19 em 7 dias, e a fala solidária que ouvimos foi que seria só uma gripezinha, e quando ela chegou dizimando vidas e sonhos, ouvimos um "chega de frescura e mimimi. Vão ficar chorando até quando?"

É muito choro para as mais de 268 mil mortes causadas pelo Covid-19. É muita dor para os familiares e para os países vizinhos que se solidarizam com nossas dores, entretanto, é indiferente para nosso governo.

Justo,Carvalho e Kristensen no artigo Desenvolvimento da empatia em crianças: a influência dos estilos parentais, publicado pela Psic., Saúde & Doenças em 2014[1], esclarecem que a falta de empatia pode ser um reflexo a certas patologias como Transtorno de Conduta e Transtorno de Personalidade Antissocial, dentre outras que não se aplicam a este contexto, então observe, será que qualquer semelhança é mera coincidência?

No texto intitulado A importância de trabalhar a empatia nas escolas em 2019 pelo site NeuroSaber[2], é ressaltado que as escolas precisam trabalhar habilidades sociais humanas, habilidades estas que desenvolvem a empatia, trabalho em equipe, percepção de contexto e colaboração e pensamento criativo.

Aranha em seu livro Filosofia da Educação, publicado pela Moderna em 1996, salienta que trabalhando com um conceito mais amplo da educação, cabe a ela desenvolver o homem como ser integral, na sua "capacidade física, intelectual e moral, visando não soa formação de habilidades, mas também do caráter e da personalidade social".

Que tenhamos como exemplo o sistema dinamarquês de ensino, pois lá "“aprender” empatia é algo tão importante quanto aprender matemática ou literatura". Este país, além de ter uma educação infantil como referência para outros países, uma pesquisa realizada pela WorldHapiness Report 2016 a considerou um dos lugares onde as pessoas são mais felizes[3].

Dito isso, enquanto tivermos uma educação que se limite a idiotização de seus alunos, ao sucateamento das instituições e a desvalorização dos profissionais, ela jamais será de qualidade, e os políticos que nos representam são os reflexos desta má educação.

Que possamos então, mediante a indiferença, fazer a diferença para nossos educandos se tornarem mais empáticos e em concomitância, seres mais humanizados a se solidarizarem com a dor alheia.

Que jamais percamos a ternura, mesmo estando inserido nesta selva cercada por néscios desprovidos de qualquer consideração a dor alheia.

 

[1] Para mais informações vide JUSTO, Alice Reuwsaat; CARVALHO, Janaína Castro Núñez; KRISTENSEN, Christian Haag. Desenvolvimento da empatia em crianças: a influência dos estilos parentais. Psic., Saúde & Doenças, Lisboa ,  v. 15, n. 2, p. 510-523, jun. 2014. Disponível em <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-00862014000200014&lng=pt&nrm=iso>

[2] Para mais informações vide https://institutoneurosaber.com.br/a-importancia-de-trabalhar-a-empatia-nas-escolas/#:~:text=Empatia%20%C3%A9%20a%20capacidade%20de,conectar%2Dse%20com%20o%20outro.&text=Dessa%20forma%2C%20cabe%20%C3%A0%20escola,protagonista%20nas%20mudan%C3%A7as%20do%20mundo.

[3] Para mais informações vide https://lunetas.com.br/empatia-na-educacao/

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