03/08/2017

Desafios da Gestão de Cursos Superiores

Profª. MSc. Nirlene Aparecida Carneiro Fernandes

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos houve um crescente aumento na oferta de cursos superiores tanto em instituições públicas quanto em instituições particulares. Aumentou-se também os programas governamentais para acesso à estas instituições, como o Prouni e Fies. Diante de tanta oferta o aluno que já tinha dificuldade em escolher o curso ou a profissão a seguir, agora tem que escolher também onde realizar este curso. Vários fatores irão interferir na sua escolha, desde a situação financeira até a qualidade deste ensino superior ofertado pela instituição.

No entanto o fator qualidade de ensino não tem o mesmo significado para todos os alunos. Em um mercado competitivo, onde a oferta é maior que a procura, torna-se importante que cada instituição tenha mecanismos que envolvam os alunos para a captação do mesmo, mas ao mesmo tempo que oferece ao aluno um ensino de qualidade após o seu ingresso. Sendo assim, há a necessidade de uma boa equipe de trabalho institucional e a figura de um gestor de curso atuante. Esse gestor deve ter a capacidade de liderar a sua equipe em busca de um objetivo maior que é a oferta de ensino de qualidade, bem como a captação e permanência deste aluno em sua instituição.

Dentro deste contexto, este estudo tem como objetivo identificar os desafios enfrentados pelos gestores de curso superior diante da realidade do século XXI. Para tanto realizou-se uma pesquisa descritiva com levantamento de dados bibliográficos sobre o tema abordado. Espera-se que este estudo possa auxiliar os gestores de curso a identificar as suas fragilidades ou desafios e superá-los adotando ferramentas de gestão.

EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI

A educação é um direito de todos e dever do Estado e da família. Deve ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (CF, 1988, art. 205). A educação do homem no século XXI deve ser organizada em torno de quatro pilares: o "aprender a conhecer", o "aprender a fazer", o "aprender a viver" e o "aprender a ser" (UNESCO, 1998).

O "aprender a conhecer", remete o conhecimento como a ferramenta necessária e presente em todo processo produtivo que deve ser transmitido juntamente com a cultura geral. O "aprender a fazer", refere‐se à formação profissional, que passa por profundas transformações tendo como desafio à competência individual, que mistura a formação técnica atualizada com a capacidade de iniciativa e de comunicação, a aptidão para o trabalho em equipe, o gosto pelo risco e a habilidade para gerir e resolver conflitos. O "aprender a viver” remete as responsabilidades humanas individuais, sociais e ambientais que deve traduzir‐se em maior capacidade de compreender o diferente, de argumentar, de dialogar, de negociar e de participar de projetos comuns. E o "aprender a ser", que implica o autoconhecimento, a autonomia do sujeito e seu espírito de iniciativa e reafirma o reconhecimento do outro, a diversidade de personalidades e a pluralidade de estilos que fazem a riqueza do ser humano (UNESCO, 1998).

Outro princípio fundamental para a educação no século XXI é o “aprender a aprender”, pois a educação é um processo contínuo e uma tarefa continuada ao longo da vida. Inicia-se com o nascimento e termina com a partida. O “aprender a aprender” é a força propulsora da educação continuada ao longo da vida (PCCC, 2017).

DESAFIOS DA GESTÃO DE CURSO

No Brasil, tem-se uma grande procura por cursos superiores, no entanto a oferta do mesmo está concentrada no setor privado (cerca de 75%) e a pressão por novas vagas ocorre especialmente através de uma clientela oriunda da escola pública, que não dispõe de recursos financeiros para o pagamento de mensalidades escolares elevadas e ainda, têm apresentado lacunas de aprendizagem que comprometem sua capacidade de acompanhar as exigências acadêmicas de um curso de graduação (PCCC, 2017).

Neste cenário e partindo do pressuposto de que as instituições de ensino não trabalham com alunos ideais e sim com alunos bem reais, com uma carga de deficiências e de potencialidades capazes de fornecerem a pluralidade e diversidade que fazem do ato de ensinar um desafio fantástico, é que assume um papel de grande importância o coordenador do curso, ou melhor, o gestor do curso.

Gerir um curso superior é decidir sobre os objetivos e os recursos institucionais e não apenas coordenar recursos para atingir objetivos. Nessa missão não cabem improvisações nem omissões: o coordenador deve exibir autoridade moral e intelectual; apresentar amplo domínio com relação ao perfil profissional esperado do egresso; demonstrar conhecimento do mercado e suas tendências; exercitar uma competência pedagógica; e, principalmente, praticar a sensibilidade para a condução de um processo, a formação em nível superior, envolvendo atores complexos e situações muitas vezes delicadas, que exigirão uma permanente disposição para o diálogo e capacidade de convencimento (PCCC, 2017).

O gestor de curso lida diariamente com recursos humanos e por isso vários desafios devem ser superados ao longo do período letivo. Desafios este em relação: aos discentes (mostrar que os benefícios são superiores aos custos); aos docentes (necessidade de capacitação dos docentes frente a nova realidade de ensino); e a direção (buscar autonomia para gerir um curso superior).

Algumas ferramentas podem ser úteis para a gestão de cursos superiores, dentre elas, a liderança e o marketing na IES. Entende-se por liderança a capacidade de liderar equipes em busca de um objetivo específico. É traçar metas e objetivos, montar uma equipe para auxiliar na execução das mesmas e principalmente controlar todo o processo e se necessário propor medidas corretivas. Já o marketing na IES, se refere ao “marketing educacional” que não deve ficar a cargo de equipes de publicidade e sim, contar com o apoio do gestor de cursos que deve liderar equipes para que a comunicação interna e externa exista de maneira eficiente (PCCC, 2017).

No entanto, nem todos os coordenadores de cursos se tornam bons gestores, seja por falta de conhecimento de ferramentas básicas de um gestor como a liderança e comunicação ou por falta de tempo e motivação para exercer a função. Um dos maiores desafios para o gestor de cursos é o bom relacionamento com alunos, professores e direção. Para que possa desenvolver com segurança e eficiência a sua função de gestor de cursos, torna-se necessário uma boa equipe que envolve não só docentes, mas principalmente os discentes. Outro grande desafio é gerir o seu tempo, visto que esta função demanda uma carga horária maior que as IES estão dispostas a arcar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O gestor de cursos é peça fundamental para o sucesso institucional, visto que estará presente em todo o processo educacional, desde a escolha da matriz curricular, elaboração do projeto pedagógico, escolha dos docentes para cada disciplina, captação de alunos, acompanhamento dos mesmos, dentre outras funções. O curso é a “cara” do coordenador/gestor. Se o mesmo não preza pela excelência no ensino e sim apenas pela questão financeira, a realidade do curso será um ensino de baixa qualidade a um alto custo. Mas se o mesmo busca a qualidade como essência, terá um curso de alta qualidade podendo ser de médio a alto custo.

Mas, infelizmente, grande parte dos coordenadores de curso não estão preparados para serem gestores de curso e estas ferramentas que deveriam servir de apoio ao mesmo se tornam grandes desafios. Sendo assim, torna-se necessário a capacitação destes gestores para que os mesmos consigam gerir melhor o tempo em favor da qualidade do ensino superior no Brasil. A motivação torna-se fator necessário para essa função e deve ser trabalhada pela direção. Quando se fala em motivação a primeira coisa que se pensa é a questão financeira, mas existem outros meios de se motivar um gestor, sendo o principal deles o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido ao longo de etapas.

E tudo isso é possível se o coordenador de curso visualizar que apesar da alta carga de responsabilidade, é possível gerir melhor o seu tempo ao formar equipes de trabalho motivadas em garantir um ensino de qualidade. E investir na comunicação interna para que possa evitar perca de tempo na resolução de problemas advindos da falta de comunicação. E principalmente gerir melhor os relacionamentos internos e externos para garantir a eficiência de todo o processo educacional.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIl. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: maio de 2017.

PCCC, Programa de Capacitação para Coordenadores de Curso. Curso EAD e Biblioteca Complementar. Disponível em: <http://moodle.cartaconsulta.com.br>. Acesso em: maio de 2017.

UNESCO. Educação um Tesouro a Descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. 1998. Disponível em: Disponível em: <http://moodle.cartaconsulta.com.br>. Acesso em: abril de 2017.

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