Dedicação ao trabalho de ensinar adia aposentadorias
Na Escola Municipal Pedro Moacyr, em Padre Miguel, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, sete professoras já ultrapassaram o tempo de serviço necessário para a aposentadoria, mas continuam em atividade. Em uma idade na qual a maioria das pessoas está descansando, elas continuam à frente de turmas de alunos curiosos e irrequietos do ensino fundamental.
A decana é Sueli Figueiredo Cotta, 68 anos. Regente de duas turmas de primeiro ano, ela diz que o trabalho de professor representa encantamento. “Quando vejo a criança despertar para o aprender, é mágico”, destaca Sueli. Para ela, que se considera graduada, pós-graduada e com doutorado em saber lidar pedagogicamente com crianças, adolescentes e adultos, ser uma boa professora é como fazer um bolo sem receita. “Vou colocando meus ingredientes a gosto, na medida desejada.”
“Este ano, ouvi muitas vezes que estou velha, que já sou uma senhora, dando ao ‘senhora’ um peso que ainda não sinto”, ressalta Sueli. “Gente ‘caçula’, que vive lembrando a idade dessa ‘velha senhora’: calma! Estou dentro da lei”, destaca a professora. Ela está certa. O limite de idade para a aposentadoria compulsória dos servidores públicos é de 70 anos.
Vocação — Maria de Fátima Barbosa Ferreira, 64 anos, no magistério há 38, ama seu trabalho. “Ser professora significa ajudar a transformar o aluno em um cidadão consciente de seus direitos e deveres”, salienta. De acordo com ela, não há segredo para ser uma boa professora, mas é preciso ter vocação, estudar sempre e aceitar mudanças. “É fundamental acompanhar as transformações que surgem na área do ensino-aprendizagem”, avalia. Outro ponto importante, segundo ela, é usar o diálogo e o bom-senso. “É muito importante ouvir o aluno.”
Com graduação em letras (língua portuguesa) e pós-graduação em literatura e em docência do ensino superior, Fátima leciona a uma turma de primeiro ano. Ela ainda não sabe o que vai fazer quando se aposentar. “Talvez passear mais, fazer alguma atividade prazerosa”, diz.
O encanto despertado pela alfabetização dos alunos e o acréscimo ao salário de professor gerado pelo Programa de Abono de Permanência (PAP) são os elementos que contribuem para a permanência de Branca Azaléia Lima no magistério. Com 62 anos, 37 de carreira, ela atende este ano a uma turma de terceiro ano.
“O segredo para ser uma boa professora é gostar do que faz e estar sempre estudando”, diz Branca. Quando se aposentar, ela pretende trabalhar com adultos que não tiveram oportunidade de aprender a ler e escrever. “Estou me preparando para isso; descansar, só quando morrer.” Graduada em letras (língua portuguesa e literatura), ela tem pós-graduação em coerência e coesão dos textos escolares.
Fátima Schenini- MEC