DA LIBERDA À LIBERTINAGEM INFANTIL
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João Paulo Santos Neves Mendonça*
*Mestre em Ciências da Educação pela Universidad Columbia del Paraguay. Licenciado em Química e Pedagogia. Servidor da Secretaria de Estado da Educação de Mato Grosso. Professor Titular da Universidade de Cuiabá - Primavera do Leste.
Letícia Lopes Mendonça Neves**
**Graduada em Pedagogia. Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste-MT.
Ser professor nunca foi tarefa simples. Hoje, porém, novos elementos vieram tornar o trabalho docente ainda mais difícil. A disciplina parece ter se tornado particularmente problemática. A facilidade de acesso dos educadores às ideias e teorias desenvolvidas por pesquisadores e escritores, tem contribuído para o desenvolvimento da qualidade da educação no Brasil. Mas, ao mesmo tempo em que a escola desenvolve-se, ela, juntamente com a família parecem perder o poder e o espaço que outrora tiveram na formação do indivíduo, pois as crianças começaram a entrar mais cedo na escola, fato que pode favorece-las (quando a criança dispõe de acompanhamento familiar em seu desenvolvimento pedagógico) ou prejudica-las (quando os pais, por deixa-la durante muito tempo na escola, geram na mesma um sentimento de descaso em relação ao seu desenvolvimento).
Analisar as causas do problema é preocupação sobre a qual, se debruçam todos os que estão envolvidos com a educação, que desejam uma escola de qualidade. É claro que são inúmeros, não apenas um, os elementos que concorrem para a atual situação educacional brasileira.
Desde alguns anos atrás, vem instalando-se em nossas sociedades, e de maneira especial em nossas escolas, a convicção de que os estudantes vão sendo cada vez mais indisciplinados, mostrando comportamentos que interrompem o clima acadêmico da escola, quando não protagonizam agressões verbais e físicas, furtos e destruição do patrimônio.
É necessário e essencial à educação saber estabelecer limites e valorizar a disciplina, e para isso é necessária a presença de uma autoridade saudável. O segredo que difere autoritarismo do comportamento de autoridade adotado para que outra pessoa se torne mais educada ou disciplinada está no respeito à autoestima.
As instituições de ensino, cuja tarefa é introduzir as crianças nas normas da sociedade, muitas vezes se omitem. O estudo é essencial, portanto, os filhos têm a obrigação de estudar. Caso não o façam, deverão sempre arcar com as consequências de sua indisciplina.
Temos que trazer e despertar o interesse de pais e educadores os limites da disciplina numa maneira bem-humorada e realista, mostrando que pai ou professor, é o educador, e não pode se esquivar da tarefa de apontar na medida certa os limites para que os jovens se desenvolvam bem e consigam viver bem e em harmonia.
As crianças aprendem a comportar-se em sociedade ao conviver com outras pessoas, principalmente com os próprios pais. A maioria dos comportamentos infantis é aprendida por meio da imitação, da experimentação e da invenção.
É preciso lembrar que uma criança, quando faz algo pela primeira vez, sempre olha em volta para ver se agradou alguém. Se agradar, repete o comportamento, pois entende que agrado é aprovação e ela ainda não tem condições de avaliar a adequação do seu gesto. A força dos pais está em transmitir aos filhos a diferença entre o que é aceitável ou não, supérfluo, e assim por diante. O professor também perdeu a autoridade inerente à sua função.
É preciso continuar investindo na melhoria da qualidade do ensino em nossas escolas, para isso é fundamental o maior interesse das políticas públicas na educação, incentivando a formação e aperfeiçoamento do quadro docente, realizando melhorias do espaço físico das escolas, além de contar com a participação efetiva da família e da comunidade.
Quando o limite é apresentado com afeto, a criança o aceita mais facilmente. Sem dúvida, não é um trabalho fácil, mas geralmente funciona. Além da família, cabe à escola este papel. Afinal, os educadores continuam a deter parte considerável da responsabilidade pela formação da criança.