11/05/2020

Cultura Youtuber

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

            Este texto tende um pouco a nostalgia já que as coisas antes eram conquistadas com curiosidade e sacrifícios.

            As brincadeiras aconteciam nas ruas com os colegas e os brinquedos, muitas vezes eram criados e também improvisados, até que alguns coleguinhas de situação financeira melhor, adquirirem os videogames da Atari e/ou Odyssey.

            Obviamente que os jogos, apesar de terem menos recursos que os atuais (gráfico, golpes, interação, etc), como por exemplo Mortal Kombat lançado em 1992 e Mortal Kombat 11 lançado em 2019, exerciam seu fascínio pelos jogadores, e em tal época, foi uma explosão de revistas para que os jogadores aprendessem a passar de fase ou a dar um fatality.

            Interessante perceber que para jogar, era preciso ler para aprender os golpes ou prestar atenção no coleguinha, só que nem sempre ele estava disposto a ensinar, já que só ele queria ter este diferencial e se tornar um invencível entre os demais.

            Revistas como vídeo game, super game traziam curiosidades, dicas dentre outras informações relevantes e por conseguinte, a leitura se tornava um hábito na vida do jogador.

            Hoje, nossas crianças encontram-se inseridas na cultura youtubers que muitas vezes são pessoas despreparadas (sem formação) para lidar com o seu publico, que na maioria crianças, pré-adolescentes e adolescentes.

            Estes youtubers se identificam como digital influencers, e realmente influenciam em muito nossos filhos e o nosso processo de educação, já que alguns usam palavrões, gritos e como dizem "trollagem".

            O problema é que as influencias nem sempre são positivas. Dão maus exemplos para ganharem o máximo de likes[1] como no caso de arrancar o próprio dente com alicate, ou um casal de youtuber querer mostrar que um livro poderia parar a bala de uma arma o que resultou na morte do namorado, fora os desafios que estas pessoas para seus usuários fazerem.

            Cabe ressaltar que nem todos digital influencers são negativos, é claro que tem muitos conteúdos interessantes e até mesmo elucidativos, enriquecendo vocabulários de nossas crianças e aguçando cada vez mais a curiosidade.

            O problema é que estes influenciadores de forma indireta acaba sugestionando os comportamentos, como tom de voz, forma de falar ou se expressar, vale deixar claro que não cabe aqui o uso de preconceito linguístico.

            Observe que muitos influencers já começam seus vídeos em tom alto e passando certa adrenalina para quem está participando e isso passa a ser um hábito no seu seguidor, ou seja, houve uma deseducação na sua forma de falar e se comportar com o próximo.

            O imediatismo está tirando o hábito de ler, pesquisar e desenvolver o próprio discernimento, já que para qualquer jogo, basta assistir um destes youtubers para me mostrar mudo de fase, uso golpe e finalizo com um sangrento Fatality.

            A pesquisa é uma rica fonte de conhecimento e ela é uma das bases da educação de qualidade, muito defendida por Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa, publicado pela Paz e Terra em 1996 quando afirma que não existe ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Freire é enfático quando diz que pesquisa serve para constatar, intervir e educar. Serve também para conhecer o que é desconhecido.

            Já que nem sempre conseguimos acompanhar o que nossos filhos estão vendo, que surjam bons influencers que instigue a pesquisa e fomente a busca do conhecimento.

            Observe que já temos influencers assim, mas estes não são digitais, são reais e são conhecidos como professores, assim sendo, que possamos ser os melhores influencers destes jovens.

 

 

[1] Para mais informações vide https://emais.estadao.com.br/galerias/comportamento,os-maiores-absurdos-que-youtubers-ja-fizeram-em-troca-de-likes,32726

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