Cultura Misógina
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Ballestrin em seu artigo Feminismos Subalternos, publicado por Estudos Feministas, Florianópolis, 25(3): 530, setembro-dezembro/2017 é clara quando esclarece um paradoxo entre feminismo e subalternidade, todavia, sem perpassar pelos mesmos vieses que a autora, sendo que a própria já é uma excelente referência para nós educadores, cabe aqui apenas uma breve análise de como anda a situação da mulher em nosso país.
Vale ressaltar sob as luzes do conhecimento da autora que o paradoxo para ela encontra-se na submissão do feminismo ao próprio feminismo moderno que demonstram fragmentos das diferenças irreconciliáveis.
Obviamente a fala acima foca um movimento mais cosmopolitizado, o que não é a natureza deste texto, já que o mesmo destacará apenas um feminismo mais regionalista, porque não dizer nacionalista.
Quando se fala em mulher, muitos que não fazem parte deste gênero, imaginam corpo, sexualidade e fragilidade, o que estimula de certa forma a violação deste ser, visto que mulheres sempre foram vítimas muitas vezes silenciosas de abusos sexuais, morais e até feminicídios.
Para se ter noção do tamanho de nosso problema, basta perceber que 13 mulheres são assassinadas por dia no Brasil e 7 destes assassinatos são cometidos por pessoas próximas o que equivalem a 80% dos casos e que poderiam ter sido evitados.
Fazendo um refinamento para perceber o quão precisamos melhorar em termos de humanidade, a cada 1h30min morre uma mulher no Brasil por causas violentas, e as que sobrevivem, trazem consigo feridas morais que jamais cicatrizarão.
Interessante perceber que hoje a intolerância em nosso país é tão acirrada que basta defender alguma causa, não por ideologia, mas por uma simples questão moral, justiça e principalmente humanismo que você é taxado de ativista, comunista, dentre outros termos com vieses pejorativos.
O racionalismo deu lugar a imbecilidade. A intolerância predomina e a verdade pouco interessa.
Encontramos na democracia uma forma de buscar meios para que os cidadãos independente credo, raça, gênero, ideologia, etc... tenham vozes, entretanto o problema é quando os representantes não passam de pessoas sexistas, misóginas e verdadeiros calhordas.
É triste em um país de tamanho continental ouvir e ver em rede nacional falas de representantes de alto escalão relacionarem ao sexo feminino como “fruto de uma fraquejada”, “estupro merecido” dentre outras, pois tais verborreias só fomentam cada vez mais o violência.
Ao analisarmos a história, perceberemos que a mulher sempre foi subjugada e excluída das decisões sociais.
No Brasil as mulheres representam apenas 15% das duas Casas Legislativas[1] e as que estão lá, nem todas tem “voz para ser ouvida” e/ou pouco fazem para ajudar a erradicar a estatística sobre a violência em nosso país.
Não precisamos levantar bandeiras ou ser ativistas, basta que façamos cumprir a Lei máxima no Art. 5º quando esclarece que
todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
Assim sendo, cabe as escolas públicas seja por meio de projetos ou conteúdos curriculares, ensinar o respeito não apenas a mulher mas a todo e qualquer cidadão, porque não se trata apenas de direito, e sim de humanismo, pois precisamos aprender que só existe um gênero que é o gênero humano.
[1] Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politica/eleicoes/2018/noticias/2018/10/08/mulheres-sao-15-do-novo-congresso-mas-indice-ainda-e-baixo.htm?cmpid=copiaecola