09/02/2017

Crise Moral

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

        

Interessante ouvir opinião do povo ao falar sobre corrupção e em especial operação lava jato.

            Diante das câmeras o comportando se camufla ou faz uso de um mimetismo capaz de confundir até os mais astutos observadores, mostrando um comportamento nada coerente com o que se fala quando se é colocado em teste ou em uma situação atípica como no caso do Estado de Espírito Santo.

            Este Estado está passando por uma greve dos militares e isso gerou uma onda de violência, com mais de 200 lojas saqueadas causando um prejuízo de 100 milhões de Reais, e para piorar a situação, o número de homicídio subiu para 87.

            Toda cidadania e civilidade é colocada em xeque quando acontece a ausência da força, ou seja, nosso bom comportamento se dá apenas devido a esta força inibidora de nossos mais nefastos desejos.

            Essa onda de violência quebrou o paradigma de que ladrão é apenas o pobre ou drogado que encontram-se estereotipado por essa mesma sociedade formada por hipócritas, falsos moralistas e pessoas de mau caráter.

            Pessoas que até então se passavam por honestas, são flagradas carregando carinhos de compras cheio de produtos furtados a serem colocados nos porta-malas de seus carros nada populares.

            A questão que paira no ar é como diferenciar  um político corrupto ou um empresário que ofereceu propina para uma obra que foi superfaturada para estes pseudo-cidadãos?

            O ocorrido nos remete a uma história francesa denominada Noite de São Bartolomeu que ocorreu nos dias 23 e 24 de agosto no ano de 1572. A noite de São Bartolomeu representou a repressão ao protestantismo,no qual morreram milhares de franceses e muitos, aproveitaram deste episódio para alguns acertos de contas, ou seja, bastava uma das partes ter um desafeto que simplesmente matava a pessoa responsável pelo desafeto e pronto.    Deixando de lado a analogia, podemos até mesmo especular algumas falas batidas baseadas em falácias de que "estão roubando de quem tem dinheiro e com certeza, o seguro irá repor o que foi roubado".

            Se tivesse como fazer uma pintura, ela representaria nada mais que uma arte surrealista, e tal arte retrataria o próprio inferno de Dante Alighieri, mas os demônios seriam representados pelos que se dizem cidadãos contra a corrupção.

            Isso vem a corroborar as falas de Sartre quando aduz que o inferno são os outros e ao mesmo tempo refutar tal fala, a nos fazer perceber que o inferno está em nós mesmo, quando alimentamos o nosso lado ruim, e com isso, nos faz perceber o quão é sofrível a educação que estas pessoas receberam.

            Neste caso aqui, não se trata de uma educação formal, pois os furtos ocorridos foram praticados por diferenças classes socais. O caso aqui retrata a educação não formal, aquela que aprendemos em nossos berços, os exemplos de nossos pais e avós.

            Exemplos que deveríamos dar a nossos filhos, mas que com certeza, ao virem seus pais praticando tais atos, se acham no direito de assim fazer também, perpetuando a crise moral a qual a sociedade brasileira tem passado.

            Espírito Santo não é o único Estado em que essa selvageria se apresenta em situações onde não há uma força inibidora. Se analisarmos alguns acidentes que envolvem caminhões com cargas, pessoas chegam a parar para saquear a carga e sequer prestam socorro as vítimas,  quando estas mesmas vítimas não são saqueadas mesmo durante o seu momento agonizante.

            Nossa sociedade por falta de uma civilidade, representa apenas bestas presas em corpos de gente, prontas para saquear na ausência de uma força inibidora, ou seja, mais uma vez se faz valer as falas de Thomas Hobbes quando esclarece que o homem é lobo do homem.

            Que os mais sensatos, educados e civilizados nunca percam a "estranha mania de ter fé na vida", sendo exemplo vivo de dignidade e amor ao próximo.

 

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