Cresce número de mulheres em profissões masculinas
Psicóloga analisa a escolha profissional de mulheres que trabalham com atividades tipicamente de homens
Um estudo analisa a escolha profissional e de gênero de mulheres que escolhem trabalhos tradicionalmente de homens. Georgia Neuza dos Santos, fez a pesquisa para o seu Trabalho de Conclusão de Curso em Psicologia na Unisul, orientada pelo professor Iúri Novaes Luna. Ela entrevistou cinco mulheres ao longo da pesquisa para entender os fatores que as motivaram nas escolhas.
Vivemos em um mundo em que muitas coisas e até conceitos se transformam ao longo do tempo. Mas uma das coisas que ainda não mudou foi a divisão entre profissões tradicionalmente masculinas e femininas. Em sua pesquisa, Georgia constatou que as forças de trabalho masculina e feminina ainda não se igualaram, mas que isso aos poucos está mudando.
Em seu TCC, Geórgia conta que embora registros comprovem que antigamente mulheres já trabalhavam em profissões tipicamente masculinas como a carpintaria, serralheria e extração de minerais, a atuação das mulheres era mais expressiva em atividades que remetiam à extensão do lar, como por exemplo, a tecelagem e a costura. Já as atividades consideradas nobres, como as artes, a educação e a política eram apenas desempenhadas pelos homens. A realidade atual mostra que a sociedade passou por transformações neste sentido, a partir do século XX, principalmente pelo aumento da demanda no mercado de trabalho e com isso foi possível perceber que a mulher passou a não ficar mais apenas em casa, vindo a se inserir no contexto profissional nas empresas.
Georgia observa que, mesmo assim, ainda existem muitas desigualdades e discriminações suportadas pelas mulheres. Elas são professoras, babás e cozinheiras, em que, o “cuidar” predomina. E, apesar de estarem se colocando aos poucos no mercado de trabalho, a participação das mulheres é desigual, quanto aos cargos e salários. No âmbito laboral algumas atividades são classificadas pela própria sociedade como masculinas e femininas. A pesquisa da aluna tentou compreender o processo de escolha profissional de mulheres que executam profissões ditas masculinas. Para obter este resultado, Georgia entrevistou cinco mulheres que trabalham como frentista, vigilante, motorista de caminhão, bombeiro militar e açougueira.
A análise da pesquisa mostrou que os fatores envolvidos nas escolhas profissionais das mulheres foram mediadas pelas seguintes influências: família, retorno financeiro, relações sociais e interesse pessoal. Apesar de alegarem que a escolha de suas profissões foi influenciada por fatores externos, as cinco mulheres atribuem a elas mesmas a responsabilidade por tais escolhas. Das cinco entrevistadas, três disseram que tem interesse em continuar desempenhando a profissão escolhida, porque se sentem realizadas profissionalmente. Duas delas pretendem trocar de profissão, pensando em crescimento profissional. Outra questão é a da independência, fator que as motiva a combater a subordinação perante o gênero masculino.
Ainda em relação à análise, para essas mulheres, o desempenho profissional está associado às competências individuais de cada pessoa, independente do sexo. As entrevistadas consideram que as mulheres podem desempenhar profissões tradicionalmente masculinas tão bem quanto os homens. Também relataram que muitos homens acreditam que as mulheres são desqualificadas para o exercício de profissões tipicamente masculinas.
Georgia defende que a orientação profissional pode auxiliar as pessoas a escolherem suas profissões baseado em suas preferências e possibilidades concretas, e não simplesmente de acordo com formulações histórico-culturais socialmente construídas. Desta forma, tanto as mulheres quanto os homens podem escolher diversas atividades profissionais, sem relacioná-las, necessariamente com o gênero.
Segundo Georgia a escolha do tema ocorreu após ter estagiado em empresas de recursos humanos. “Nas empresas em que fiz estágio verifiquei que na maioria das vezes a escolha profissional era relacionada ao sexo. Muitas mulheres exerciam cargos de atendente de padaria e homens de mecânico de automóvel. A pesquisa era justamente para verificar o contrário, por que algumas mulheres optavam por profissões consideradas masculinas. E os resultados demonstraram que apesar da influência de terceiros em suas escolhas, o que realmente falou mais alto foi a identificação com a profissão. O que mais me chamou a atenção nos resultados foi que das 5 entrevistadas, 3 delas (vigilante, motorista de caminhão e a bombeiro militar ) desempenhavam a mesma profissão que seus conjuges; o que segundo elas facilitava o desempenho profissional”, explica.
Cilene Macedo - JP02323
Assessoria de Imprensa
C&M - Comunicação e Marketing da Unisul
Unisul – Universidade do Sul de Santa Catarina