15/03/2024

CRES+5 debate os desafios de um novo modelo de educação superior

Participantes da Conferência discutiram os desafios para levar o ensino superior e a integração regional na América Latina e Caribe a uma situação de igualdade e equanimidade.

O segundo dia da Reunião de Acompanhamento da III Conferência Regional de Educação Superior (CRES+5), realizada nesta quinta-feira, 14 de março, foi marcado pelo debate sobre a integração regional da América Latina e Caribe, bem como a construção de um ensino superior mais igualitário e equânime. Nas reuniões setoriais, seis eixos temáticos foram analisados: precarização da profissão de professor, os efeitos da covid-19 na educação superior, mulheres na educação, financiamento e governança, autonomia das universidades e o futuro da educação na América Latina e Caribe. 

Os debates apontaram a necessidade de esforços dos governos, por um longo período, para que seja possível recuperar a educação aos níveis pré-pandemia, e, em um segundo momento, melhorar as condições de trabalho e remuneração dos profissionais de educação para atrair profissionais capazes e incentivá-los a permanecer na sala de aula. Na avaliação dos participantes dos debates, ainda é preciso garantir o espaço da mulher, presença majoritária na educação, combatendo a discriminação e ameaças no exercício da profissão.  

Sobre a autonomia das instituições de ensino superior, a avaliação é que somente o financiamento público garantido em lei possibilita uma mudança real no modelo de educação superior da região. Para o subsecretário de Educação Superior do Chile, Victor Orellana, “a mensagem para a América Latina é que o mercado não é a resposta para os nossos problemas, mas sim a garantia do direito à educação, o que não implica replicar modelos de universidades públicas de outros momentos históricos. Hoje necessitamos, por exemplo, de financiamento mais moderno, no sentido de melhores instrumentos para inserir no sistema, exigimos uma ligação mais eficaz entre o desenvolvimento produtivo e o conhecimento, além de uma maior relação entre a nossa oferta académica e as necessidades sociais, culturais e produtivas dos países”, afirmou.  

Segundo ele, a Região está caminhando nessa direção, mas não considera fácil sair de um modelo que coloca o lucro como principal motor do ensino superior. “Pedimos ao continente um acordo sobre o direito à educação e a vinculação do ensino superior com desenvolvimento para além das bandeiras políticas. Garantir o direito à educação e assumir que o ensino superior é um bem fundamentalmente público, e não um bem de mercado. Não é uma bandeira de um setor, é um consenso internacional, é um consenso que foi alcançado com muito esforço, do qual participam governos de diferentes grupos políticos. Trazemos essa mensagem, para aumentar nossa vocação latino-americana, como foi solicitado pelo presidente Boric [Gabriel Boric, presidente da República do Chile], ampliar o nosso compromisso com a América Latina e fazer parte deste processo que esperamos que conduza os nossos países ao desenvolvimento”. 

A professora Nilma Lino Gomes, ex-ministra das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, destacou em sua conferência, que é possível pensar em um modelo de educação superior diferenciado, respeitando e incluindo os conhecimentos e saberes de importantes segmentos da sociedade, como lideranças indígenas, afro-latino-americanas e caribenhas, especialmente dentro de um cenário de pleno estado democrático de direito. Gomes ressaltou, no entanto, que não se trata de uma tarefa fácil, em um momento em que se acirram os conflitos sociais e posições político-ideológicas. “A sociedade está polarizada, como nós temos visto. Chegou em um certo ápice, porque ela tem uma representatividade política no Brasil, que antes não tinha da forma que nós temos hoje. No fundo, se considerarmos que somos uma sociedade com passado colonial, escravocrata, de tentativa de genocídio indígena, o que hoje chamamos de polarização são concepções que sempre existiram, mas que estão articuladas com fundamentalismo de mercado, fundamentalismo religioso, uma grande mídia hegemônica e por representatividade política”, concluiu.  

Novo fórum Nesta quinta-feira (14), o Instituto Internacional da UNESCO para a Educação Superior na América Latina e no Caribe (UNESCO-IESALC) realizou, dentro da CRES+5, a primeira reunião da Rede de Formuladores e Gestores de Políticas de Educação Superior (RedPES) da América Latina e do Caribe. Essa nova instância reúne representantes de alto nível dos sistemas de ensino superior da região para discutir desenvolvimento político no setor, comparar experiências, ideias e boas práticas, estabelecer ligações e construir colaborações com pares internacionais. 

O encontro estabeleceu as bases para o lançamento do RedPES, discutindo as prioridades dos membros, áreas de interesse e formas preferidas de participação. Foi apresentado também o hub de políticas de educação superior — portal dinâmico da UNESCO-IESALC —, que oferece ferramentas e recursos para formuladores de políticas e partes interessadas ​​no ensino superior, com uma cobertura que abrange mais de 150 países, bem como acesso a publicações de análise e links para podcasts e reuniões relacionadas a matérias de políticas. 

Na avaliação de Dameon Black, presidente do Conselho de Governo da UNESCO IESALC, “esta é uma excelente iniciativa. Proporcionará um fórum por meio do qual informações e aprendizados valiosos poderão ser compartilhados em benefício dos sistemas de ensino superior da América Latina e o Caribe. A UNESCO IESALC deve ser elogiada”. 

Encerramento – Nesta sexta feira, 15 de março, a CRES+5 chega ao seu último dia, com o Fórum de Políticas de Educação Superior. Os participantes devem se reunir em plenária para a redação do documento final do encontro, com as análises dos avanços conquistados desde 2018, e as propostas para a construção de um novo modelo de educação superior para a região da América Latina e Caribe.  

 

Assessoria de Comunicação Social do MEC - 14.03.2024

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