CONTROLE DO ALCOOLISMO: Aplicabilidade da Filosofia Krishnamurtiana
CONTROLE DO ALCOOLISMO: Aplicabilidade da Filosofia Krishnamurtiana
O alcoolismo é uma doença crônica, caracterizada pelo consumo incontrolado de bebida alcoólica, que interfere na vida do indivíduo, atingindo a saúde física, mental, emocional e espiritual, com drásticas consequências em sua vida social, familiar, profissional, escolar ou qualquer outro local da qual o usuário faça parte, afetando diretamente todos que estão ao seu redor.
A dependência do álcool pode se desenvolver num prazo de 5 a 25 anos, progredindo acentuadamente. Inicialmente, a pessoa vai-se tornando mais tolerante ao álcool, adquirindo uma capacidade cada vez maior de consumo, sem sentir seus efeitos prejudiciais. Com o tempo, ela começa a sofrer de falta de memória e consequente perda do controle sobre a bebida. Quando menos espera, já não consegue mais parar de beber, aumentando sua necessidade incontrolável de se manter alcoolizada.
A maior resistência para que os dependentes químicos alcoólicos sejam tratados da dependência química está na capacidade de não aceitação do próprio dependente. Reconhecer-se dependente e aceitar ser ajudado é a tarefa mais difícil.
É fundamental para a cura, que o dependente vislumbre o mal que o álcool está lhe fazendo e se conscientize de que necessita de ajuda.
Tradicionalmente, os tratamentos consistem na combinação de uso de medicamentos e terapia, e passa por vários estágios, sendo a forma, que se acredita ser a mais eficaz de tratamento para alcoólatras, pois, o indivíduo recebe todo o apoio necessário por parte de médicos, enfermeiros, psicólogos e terapeutas ocupacionais para desintoxicação do organismo e para deixar o vício.
Também, o Grupo de Alcoólicos Anônimos –“AA” usa 12 passos de forma radical e seus testemunhos de libertação (método de recuperação deles). Eles consideram uma vitória quando o viciado fica 24 horas sem nenhuma bebida alcoolica..
Também, existem clínicas de internamento para dependentes espalhadas por todo o país e o tempo de internação varia de 2 a 3 meses, podendo ser parcial (só durante o dia) ou integral, onde o indivíduo não sai de lá até a completa recuperação.
Existem hoje, tratamentos menos convencionais, mas uma iniciativa pioneira vem utilizando a Filosofia Kishnamurtiana para a recuperação de usuários de álcool.
O diferencial da Filosofia Kishnamurtiana como inovação no tratamento da dependência do álcool, é o apoio dado ao paciente, com o objetivo da reinserção na sociedade, visando sua reestruturação social, fase mais delicada e sensível no processo de tratamento.
O tratamento é bastante simples, na verdade, desde que o paciente já tenha se conscientizado de sua doença e realmente esteja disposto a entrar em recuperação, apesar das dificuldades envolvidas. Simples, no entanto, não quer dizer fácil, e o paciente precisa estar disposto a enfrentar o problema.
Um estudo realizado com a aplicação da Filosofia Kishnamurtiana propôs a reintegração dos dependentes químicos e seus familiares em um novo contexto social, educacional e familiar, proporcionando um tratamento especializado, mas diferenciado do convencional.
Krishnamurti (2009) afirma que existem muitas pessoas independentes no mundo, porém poucas são livres. E que a liberdade é um estado mental, onde não ocorre medo ou compulsão pelo sucesso social. Por isso, “[...] a liberdade não está em tentar ser algo diferente, em fazer aquilo que gostariam, em seguir um exemplo da tradição, de seus pais, do seu guru, mas em compreender o que vocês são a cada momento” (KRISHNAMURTI, 2009, p. 21). A verdadeira função da educação é cultivar a liberdade e não transpor influências que escravizam e esmagam.
Foi aplicada a Filosofia Kishnamurtiana em 63 (sessenta e três) pessoas na cidade de Campos dos Goytacazes – RJ, que a pricípio, tinham a intenção de lagar o víciao da bebida alcoólica pela palavra “drogada de Krishnamurti”, pois ela derruba o ego das pessoas e provoca equilíbrio nas situações sociais assimétricas, no plano econômico, no plano social, no plano religioso, no plano afetivo, no plano dos dogmas criados, nos traumas etc.
Foi feito o acompanhamento da evoluções dessas pessoas ao longo de um ano, e os resultados obtidos com a aplicação da Filosofia Kishnamurtiana no controle do uso de álcool apresentaram os seguintes índices:
a) A melhora da autoestima com 68% de resposta satisfatória.
b) Os resultados positivos foram alcançados em 44% de respostas satisfatórias.
c) Aqueles que se sentem livre do álcool pela aplicação da filosofia são em termos satisfatórios 46%.
d) A influência da filosofia para parar de beber foi satisfatória em 44%.
Os resultados foram aquém do esperado pela pesquisa, embora tenha como positivo recuperado 46% dos pesquisados, que podemos classificar como um bem social e familiar.
Admiti-se que o maior fator para largar o vício é a força de vontade do viciado, o que sem ela torna-se muito difícil. Os pesquisados que a princípio de dispunham em largar o vício, no decorrer da pesquisa, alguns não demonstraram essa intenção, o que provavelmente levou ao resultado, aquém do esperado